Capítulo 34

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Soraia

Vincent havia superado as minhas expectativas de ser surpreendida, estávamos no Brasil sofrendo com o fuso horário e com o calor, o Nordeste nunca me pareceu tão convidativo quanto naquele verão e véspera de ano novo. Estávamos em um risort maravilhoso em Fortaleza, eu tinha um pouco de receio por conta do meu pai, mas Vincent nunca nos colocaria nessa situação se não a tivesse em controle. Marcela, Henrique e Bela vieram junto conosco e foi tudo o que eu mais precisava para relaxar, Sophie não me dava atenção por conta de sua amiguinha e Henrique tirava um pouco Vincent da minha cola, um pouco antes da viagem eu fui ver Dona Dandara, ela estava muito preocupada comigo e ficou feliz em saber que eu estava noiva, ela me disse que iria morar com um de seus filhos e trocamos telefones e endereços, um dia eu iria visita-la.

Era véspera de ano novo e havíamos passado o dia inteiro no parque aquático, Sophie e Bela haviam ido em vários brinquedos e Marcela até estava me acompanhando em alguns, mas tive um leve mal-estar e decidi que ficaria deitada durante a tarde para ter uma noite melhor, Vincent e Henrique haviam ido para o salão de jogos e eu passei um bom tempo assistindo desenhos animados no canal infantil, até Bela passou a tirar sarro de mim ao descobrir que eu adorava animação.

Me levantei quando o relógio bateu 18hrs, enquanto tomava banho tive um forte enjoo e vomitei tudo o que havia almoçado e beliscado durante a tarde, não sabia o que me passava, mas minha barriga doía tanto que eu chegava a querer colocar meus órgãos para fora. Vesti meu pijama e fiquei tentada a não ir para a festa da virada, Vincent poderia me entender...

Vincent

O jantar já havia se passado, Soraia não estava muito bem e de acordo com Marcela ficou assim durante a tarde inteira. Sophie ao voltar para o apartamento onde estávamos hospedados foi correndo até o quarto dela, a pequena estava animada para a virada que passaríamos em outro pais, ela queria ver os fogos e ir até a praia, mas parecia que os nossos planos não estavam tão harmoniosos.

- Mamãe? Você melhorou? – Soraia beija a bochecha de Sophie e assente com a cabeça – O papai trouxe salada de frutas para você.

- Obrigada – A voz dela estava bem mais baixa do que já costumava ser e eu acabo me preocupando de uma maneira absurda, ela não estava nada bem – Filha, pegue suas roupas intimas e me espere no banheiro, eu já te encontro para te dar banho – Sophie a obedece e desce da cama indo até o seu quarto.

- O que houve? – Eu pergunto deixando um beijo em sua testa e recebendo um singelo sorriso, mesmo fraco e pequeno, parecia aquecer o meu coração da maneira mais pura.

- Eu estou enjoada – Ela se senta e começa a levantar – Nada fica em meu estomago. – Ela suspira em derrota – Eu não sei se quero ir para a virada.

- Podemos mandar Sophie junto com Bela e Marcela, eu fico aqui com você – De jeito algum ela irá ficar sozinha.

- Eu vou ver, tomei um remédio. – Assinto a encarando, ela usava uma camisola preta de alças finas e tecido mole, seu cabelo estava armado e mais reluzente do que o normal, seus seios me chamaram atenção, pareciam inchados.

- Você está menstruada? – Olho para Soraia antes da mesma alcançar a maçaneta da porta do quarto. Ela para e me encara com susto.

- Deveria estar – Seus olhos arregalam conforme meu sorriso se arreganha – Não tire conclusões precipitadas – Eu já estou gargalhando quando ela sai pela porta indo até nossa filha.

Eu realmente não ficaria surpreso se ela estivesse gravida, nosso amor merece essa benção e eu ficaria lisonjeado por ter um filho com o amor da minha vida. Consigo imaginar minha família crescendo, um menino forte, nobre, ao mesmo tempo carinhoso e protetor, ou uma outra bailarina, mas algo me dizia que não. Se fosse para crescer, que viesse um menino, meu coração começa a se aquecer conforme eu vou imaginando, de repente, um filho é tudo o que eu mais quero e não sabia. Arrumo a cama onde ela estava deitada, procuro pela roupa de reveillon que havíamos separado, minha camiseta e bermuda branca, e seu macacão de malha fina, que provavelmente marcaria os seus seios, coisa que me deixava ansioso.

- Olha papai – Sophie vestia um vestido branco cheio de babados e um laço enorme nas costas, haviam alguns detalhes em prateado que a deixavam graciosa, suas bochechas coradas por conta do sol e uma trança enfeitando seus cabelos, que havíamos cortado depois que ela decidiu não gostar da Rapunzel.

- Você está linda. Onde ficaram suas sapatilhas?

- Estão guardadas junto com os sapatos da mamãe, mas ela disse que como vamos para a praia eu poderia usar chinelo – Eu assinto com a cabeça. – Posso ir até o quarto da Bela? – Ela não me espera responder, apenas me deixa um beijo na bochecha e ruma até a porta, me esperando para fechar após vê-la entrar no quarto de Marcela e Henrique. Tiro minha roupa com muita rapidez, e entro no banheiro para aproveitar do banho junto com Soraia, ela estava lavando seus cabelos, o vidro do box estava embaçado e me deixava apenas enxergar as suas curvas e silhuetas, ainda que estivéssemos em um hotel de luxo, o banheiro não era tão grande quanto o de casa o que me animava muito, era um espaço que nos comportava, mas também nos aproximava.

- Que susto – É tudo o que ela diz quando eu entro no box e seguro em sua cintura a virando para mim. Deposito um beijo em seus lábios e sinto o gosto da pasta de dente.

- Não quero que você fique nervosa. Se estiver grávida, será muito bem-vindo – Seus olhos pareciam preocupados conforme ouvia minhas palavras.

- Nunca conversamos sobre isso – Ela fala com um pouco de receio – Mas também nunca nos prevenimos de nada.

- Eu estava pensando – Começo a beijar o seu pescoço, meu Deus como a minha mulher era cheirosa. Eu poderia respirar o seu aroma pelo resto da minha vida, e nunca enjoaria. – Algo dentro de mim se animou por um bebê. – Ela começa a rir, talvez em desespero – E além de ser uma desculpa para te ter para sempre, também é um ótimo motivo para casarmos o mais rápido possível. – Encosto suas costas na parede e agarro suas pernas, seus braços passam em volta do meu pescoço e então eu consigo ter a visão de seu rosto pairado com o meu. Seus olhos analisaram toda a minha face, para logo depositarem todas as expectativas em meus lábios, eu adorava vê-la vulnerável em relação a mim, parecia que iria me devorar, mas quem a comia por fim, era eu. – Então, se você não estiver grávida. Eu irei trabalhar intensamente nesse quesito. – Esfrego meu membro em sua entrada e a vejo arfar, sem fechar os olhos.

- Eu estou muito sensível, melhor não – Eu sorrio safado antes de penetrá-la e abafar seu grito com o meu beijo. Adorava poder controlar algumas coisas em seu corpo, como o seu orgasmo e seus gemidos, era o único poder que ela me dava, porque eu tenho certeza que por mais que eu acredite controlar a situação, ela sempre mandará em tudo. Soraia ainda não percebeu que ela tem tudo nas mãos, eu, nossa filha e agora, nossa família.

[...]

Soraia

O ano novo chegaria em 10 segundos, junto com ele um possível presente, mas eu decidi não me pensar muito nisso. Vincent estava abraçado comigo desde que saímos do hotel e fomos para a orla da praia, as meninas estavam brincando com as ondas e nossos amigos estavam ao nosso lado, muitos outros turistas começaram a chegar para ver a queima de fogos e logo outras crianças estavam brincando com Sophie e Bela, elas não costumavam conversar com as outras crianças por conta da língua ser diferente, mas todas entendiam a linguagem universal da brincadeira pega-pega e logo várias meninas e meninos estavam correndo um do outro.

- Mamãe, já vão começar a contar – Sophie adorava fogos, mas morria de susto com o barulho, então eu a peguei no colo para qualquer eventual choro.

- 10, 9, 8...... – Vincent começa a sussurrar em meu ouvido enquanto Sophie gritava junto com Bela. – 5, 4, 3... – Minha filha me abraça assim que chega no 1. Todos gritam Feliz Ano Novo e começa o show colorido, acho que nada seria tão perfeito do que passar a virada com a minha família. Coloco Sophie no chão e logo sou puxada para um beijo, o cheiro de Vincent parava tudo que havia ao meu redor, seus lábios sempre exigentes e hoje um pouco mais sorridentes do que o normal por conta da cerveja que ele já havia tomado, suas mãos me apertando como se precisasse provar que eu estava ali – Eu te amo – Ele sussurra em português, me fazendo sorrir.

- Eu te amo – É tudo o que eu consigo pronunciar antes de receber um abraço forte e chorar igual um neném, não havia motivos, mas eu chorava.

Talvez porque aquele era o primeiro ano novo que eu recebia um abraço de verdade, aquele ano novo me permitia ter uma perspectiva maior de vida, companhia, amor, família. Esse seria realmente um novo ano, cheio de expectativas e planos, e eu sentia que tudo daria certo.

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Estamos em reta finaaaaaallllllllllllll

Entre Tiros E HarmoniaOnde histórias criam vida. Descubra agora