Vincent
- Eu ligo de você morrer – Aperto seu tornozelo vendo ela arfar, ela cheirava ao meu sabonete, estava com as minhas roupas e eu gostava da sensação de vê-la a minha mercê, não que a situação fosse uma das melhores, mas talvez, no fundo, eu estivesse muito agradecido – Você é muito importante, não vou te deixar morrer.
- Eu não ligo para a sua opinião – Ela diz começando a ficar brava, e eu aperto mais os seus tornozelos, vendo-a ficar em um estado relaxado, eu sabia que ali era um bom ponto para acalmar os nervos. – Pare Vincent. – Ela diz e eu paro, sabendo também que ela tinha uma necessidade de sentir a sua própria tenção.
- Não quero ser obrigado a te ameaçar – Digo calmo – Você não vai querer que seu pai saiba, não é? – Seus olhos me olhavam com raiva, sua respiração pesava e suas mãos tentavam empurrar meus ombros, para eu me afastar.
- Você disse que não está com ele – Ela diz baixo – Você mentiu?
- Não. Mas se Kaled realmente fez isso comigo e você se negar a se aliar, eu me juntaria ao seu pai por trocas, eu com a filhinha dele e ele com algumas informações de Kaled – Seus olhos arregalam, eu me sentia podre e cru por dentro, mas nada parecia ser tão preocupante para fazê-la desistir – O que me diz?
- Eu te odeio – Ela quer chorar, é fácil perceber – Eu te odeio muito – Ela tenta me empurrar, não conseguindo ela arruma um jeito de se amontoar no canto da cama, juntando suas pernas em seu peito e a abraçando começando a chorar.
- Não adianta você me odiar, pode me odiar, mas me odeie enquanto eu estiver ao seu lado – Apago a luz do quarto e vou junto a ela, que continuava uma bolotinha no canto da cama, ela chorava baixo – São 02:45, acho melhor você descansar. – Me deito próximo a ela, puxando os braços dela para a mesma sair do montinho que havia se tornado e se deitar.
- Se eu aceitar me aliar a você, depois disso eu vou poder me afastar? –Arqueio uma sobrancelha duvidando realmente que ela fez aquela pergunta, que ela sabe a resposta. – Que merda. Onde você quer que eu trabalhe?
- Não vou pedir para você se juntar a um dos meus assassinos, eu não sou seu pai. – Faço ela deitar na cama, ela fica de lado me encarando e eu limpo suas lagrimas.
- Se assemelha a ele, e sabe o motivo – Aí eu fico puto.
- Não repita isso nunca mais – Aperto sua cintura, a aproximando de mim – Eu não faria o que ele fez com você.
- Está me obrigando a algo agora – Ela diz com desgosto – Está se assemelhando a ele.
- Não, estou te protegendo, da minha maneira de proteger, mas protegendo – Digo simples, dando de ombros e duvidando que ela tenha visto, por conta da escuridão – Vamos dormir Sô, amanhã não faremos nada, mas teremos que explicar tudo.
Ela apenas assente, e aceita o fato de eu estar quase me fundindo a ela de tão perto que estávamos, o cabelo dela é macio e eu fiz questão de começar um cafuné até senti-la com a respiração mais pesada dormindo. Tento relaxar também, mas não consigo, uma vontade de fugir com ela para qualquer outro mundo começou a brotar em meu coração, não a queria sofrendo e sabia que o faria, era contraditório e eu não queria pensar no dinheiro que havia perdido, que não me faria falta, eu só queria pensar em como livra-la de tudo, em como tira-la de tudo. Preciso que ela volte a treinar, preciso que ela entenda que é para proteção, preciso tê-la, preciso dela.
...
Acordo mais ou menos às 10:00, Soraia dormia longe de mim, encolhida virada para a parede, eu apenas levanto e coloco a coberta em cima da mesma não me preocupando com a minha aparência e descendo para conversar com Morgana, a senhora fazia o café e cantava uma música em francês que eu adorava quando era mais novo.
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Entre Tiros E Harmonia
Roman d'amourSe apaixonou pela melodia que ouviu, foi assim com Vincent e Soraia, a brasileira de cheiro doce que tocava uma melodia desconhecida no salão de um restaurante enquanto o mesmo almoçava. Os dedos da jovem dedilhavam algo íntimo, que havia composto a...