Entre Tiros E Harmonia

Capítulo 33

Soraia

- ACORDA MAMÃE. ACORDA – A minha cama estava se movendo, eu escutava um riso infantil junto a um mais grosso, mãozinhas quentes tentavam abrir os meus olhos, enquanto uma outra fazia cocegas na região da minha barriga – Acorda, a vovó vai fazer panquecas com mel.

Abro os meus olhos e encaro a minha filha, sua bochecha estava bem corada, parecia que havia acabado de acordar, usava seu pijama de estampa de passarinhos, seu rabo de cavalo estava bem despenteado e havia um pouco de suor costumeiro em sua testa, já que ela transpira muito durante a noite, não importando o clima.

- Bom dia – É a única coisa que eu consigo dizer. Ela deixa um beijo no meu nariz e sorri, estava com uma janelinha nos dentes, bem na frente.

- Bom dia, mamãe. Vamos tomar café? – Eu dou risada e assinto, já satisfeita com a minha resposta Sophie desse da cama e troca carinhos com Vincent, logo depois saindo do quarto.

Eu me sento na cama e encaro o meu noivo, seu tórax coberto por uma camiseta de manga comprida branca, mas bem marcado pelo tecido fino, usava uma calça de moletom que deixava nítida sua ereção matinal, seus cabelos iguais aos da sua filha, bagunçados, que mesmo assim, o deixavam lindo de qualquer jeito. Não sabia como seria esse natal, só tinha a certeza de que seria diferente, um pressentimento de alivio me acalentava e eu sabia que aquele seria o dia mais feliz do meu ano.

- Dormiu bem? – Ele pergunta se inclinando e deixando um beijo em minha testa

- Sim – É tudo o que eu consigo pronunciar depois de uma noite daquelas, queria passar o dia com a minha família e era isso o que eu faria.

[...]

Eu vestia um vestido vermelho, era de alcinhas e cetim, envolvia o meu corpo inteiro de uma forma justa, deixando meus seios bem marcados, meus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo e um escarpam preto enfeitava os meus pés, Vincent colocava sua gravata também vermelha, e através do espelho me encarava com fome no olhar. Esperava Manoel e Laura, até que enfim eu iria conhecer a ruiva que mudou a vida do loiro musculoso que trabalhava comigo, ele sempre foi um fofinho, mas após essa menina ele era até um pouco vulnerável, ela é bem sortuda.

- Vamos? Sophie vai acabar se empanturrando com os morangos antes de ao menos tirarmos uma foto – Vincent toca em minha cintura e me aproxima de seu corpo, ele estava cheiroso, estava quente, sua respiração cheirava um tanto a menta e mel, nossa pasta de dentes, suas mãos possessivas me seguravam com força, e seu jeito brusco de ser deixava seu rosto másculo bem próximo ao meu, maxilar naturalmente travado, agora sem nenhum pelo no rosto, já que fizera a barba recentemente. Seus lábios finos e rosados eram convidativos, e logo eu já estava nos unindo novamente. – Quanto mais cedo nós formos, mais cedo nós voltamos. – Ele puxa o meu lábio inferior com os seus dentes e então logo já caminhávamos rumo a sala.

O espaço estava decorado com a arvore de natal que havíamos comprado, o climatizador estava ligado, mas a neve era vista pela vidraça que envolvia a sala, Sophie estava montando um quebra-cabeça de bailarinas, e Morgana estava zanzando pela cozinha de forma impaciente, ela não me deixou ajudar muito, disse que no Natal deveríamos aproveitar a família e que agora eu tinha uma que precisava da minha atenção, essa mulher acaba mudando o meu dia apenas com uma frase de efeito.

Da porta eu enxergava o caminhar calmo de Manoel acompanhado pelo de uma moça, ela parecia ter o meu tamanho, mas era bem magrinha, usava um vestido de cetim branco, alças finas como o meu, e saia evasê, ele ia até um pouco a cima de seus joelhos que estavam vermelhos assim como a ponta de seu nariz, seus lábios, seus dedos e seus cotovelos. Era linda, um cabelo escorregadio de tão liso e cintilante de tão ruivo, algumas sardas no rosto e um olhar azul, um pouco brilhante, parecia envergonhada e andava com cautela já que usava uma sandália de duas tiras. Sophie se levantou para abraçar seu Tio Manoel, e então fomos até o casal.