Soraia
- O que achou desse? – Eu vestia um vestido sereia, com renda nele por inteiro. Sabia que aquilo não era o meu estilo, mas estava adorando as expressões de confusão nas faces de Laura.
- Não acho que combine com você, mas... Se você gostar, eu apoio – A ruiva estava iniciando a saga de me ajudar à procurar vestidos para o meu casamento, era uma ótima companheira, mas também era a nossa primeira loja.
- Como foi em New York? – Perguntei como quem não queria nada, até porque já é dia 15 de fevereiro, ela provavelmente já sabe de onde veio, e com quem namora.
- Bom... Foi bem revelador – Pareceu muito assustada em me contar aquilo, mas aos poucos ela se abria comigo e eu gostava muito de sua companhia – Eu... Agora sei porque as vezes vocês aparecem com machucados do nada... – Dou risada e vou até ela para me sentar próxima e conseguir ter aquela devida conversa – Mas... Quando ele me contou, eu me senti muito mal sabe? Porque, independente de tudo, vocês são tudo o que eu tenho... E se tudo o que eu tenho é uma família de mafiosos reiniciando do zero, então eu decidi que não queria abrir mão. – Abro um sorriso e me proponho à abraça-la, Manoel já havia me alertado que Laura odiava ser tocada em um geral. Às vezes, eu sentia que ela poderia facilmente se encaixar em um espectro autista, mas na verdade, ela só... Demorou a descobrir que carinho e amor, realmente existem e que bateram em sua porta, por sorte ou destino.
- Você fará parte? Estará conosco para resolver os próximos problemas? – Laura deita sua cabeça em meu ombro e suspira, ela tinha um cheiro muito doce, como baunilha e aquilo realmente me fez rir...
- Ah... Você sabe o que aconteceu em New York, talvez eu tenha ficado no mínimo assustada, mas prometi que não seria irresponsável e que estarei aqui sempre que vocês precisarem... Sou ótima com tiros, descobri recentemente – Eu sorrio para a ruiva e me viro para ela desabotoar as costas do vestido.
- Não vamos levar este, acho que quero algo em cetim. – Murmuro esperando o vestido se soltar de mim
- Então procuraremos o melhor cetim... – Laura me animava, mesmo sendo extremamente calma e um tanto omissa à sentimentos de ódio ou raiva. Ela nunca estava eufórica, não em público. Eu sabia que aquela mulher havia mudado muito a vida de Manoel, mas a dela... A dela, ele realmente havia tirado do fundo do poço.
- E... Em relação a vocês dois, como foi a viagem? – Entreguei aquele trambolho idêntico à uma cortina para a atendente, e lhe pedi algo em cetim, fiquei de lingerie mesmo, mas me sentei perto da moranguinho.
- Ah... – Laura corou a ponto de igualar ao seu cabelo – Eu perdi minha virgindade lá. Nós já havíamos feito algumas coisas, desde um pouquinho antes do Natal... Mas lá eu acabei...
- Dando para ele – Termino a frase a fazendo rir. – Foi bom?
- Foi ótimo – Ela até suspira em dizer. – Ele foi muito carinhoso, ele sempre é... Mas uma vez, um pouco antes de viajarmos, nós estávamos tendo intimidades e ele me deu uns tapinhas – Eu dou risada, e ela me acompanha – Não doeu, nem me assustou... Só que, despertou algo muito diferente em mim, eu fiquei até com vergonha de olhar para ele depois. Porque... Ele é meu namorado, mas... É sempre ele quem inicia tudo sabe? E naquele dia ele me mostrou que eu poderia ser um pouquinho pervertida.
- Serio? – A atendente me traz o vestido e eu começo a vesti-lo também, era de cetim, mas a saia era plissada. Eu até gostava, só que me deixava mais magra do que o normal, e fazia a minha bunda ficar menor.
- Foi... Mas voltando para a viagem, foi tudo muito carinhoso. O jeito que ele me olha, faz eu me sentir bonita, ou sei lá.... Importante.
- Você é... Para ele, você é tudo – Ela assente com a cabeça... – Mas a minha maior preocupação era essa, se você estava bem em relação ao sexo.
- Eu estou, obrigada por perguntar... Eu nunca tenho com quem conversar sobre essas coisas.
- Tem a mim – Ela sorri e me ajuda a fechar o zíper na lateral do vestido – Quero que saiba que você não está aqui porque é a namorada do Manoel que é melhor amigo do meu noivo. Você está aqui porque é a Laura, uma moça que eu adorei conhecer e que eu quero por perto...
- Obrigada mesmo, Sô
- De nada, querida.
[...]
O relógio marcava meia-noite, minha filha já havia ido dormir e meu noivo estava trabalhando em seu escritório, meus pés estavam inchados porque eu havia andado durante o dia inteiro e mesmo assim, não consegui encontrar meu vestido perfeito. Minha mais nova amiga moranguinho, estava sempre me lembrando como eu não deveria nunca desistir de algo tão lindo como o amor, e talvez ela estivesse certa, mas que era muito difícil encontrar o vestido ideal. Isso era.
Ali, sentada na cama minhas mãos tremiam com o envelope do laboratório, eu sabia muito bem que estava gravida, só não sabia que aquela ideia me assustava tanto... E se eu não fosse uma boa mãe? Eu sei que já tenho uma filha, mas... E se eu falhar com um deles?
Nada justifica, mas eu me sinto extremamente vulnerável agora que tem um serzinho crescendo dentro de mim. Eu queria ser forte como minha mãe foi, mas sei que não chegarei aos pés dela... Em compensação, uaaaal. Eu serei mãe.
- Já abriu o resultado? – A voz dele fazia meu corpo tremer inteirinho, então eu apenas chacoalho a cabeça. – Está com medo? – Assinto e lhe entrego o envelope. – Você sabe o que está escrito aqui dentro, conhece o teu corpo e conhece o teu noivo. – Dou risada e assinto com a cabeça... – Prefiro muito a sua voz, lembre-se sempre disso. – Vincent havia parado de controlar tanto algumas das minhas atitudes, mas sempre prefere jogar uma indireta, era algo dele... Chegava a ser engraçado.
- Vamos abrir juntos? – Vincent me puxa para o seu colo e logo eu estou encarando a imensidão de seus olhos... Ele conseguia me dar força apenas com um olhar.
- Vamos, princesa. – Seus dedos envolveram os meus e logo ele já estava rasgando o envelope. – Eu me sinto eufórico, coloque suas mãos em meu peito.
- Vai passar mal assim – É tudo o que eu consigo dizer, o coração dele batia tão forte que eu imaginava poder ouvir. – Olhe o resultado e me diga. – É o que ele faz...
Os olhos de Vincent pareciam insertos até deixar os meus e se depositarem no papel, ele como sempre impaciente, pulou toda a ladainha que havia escrito e olhou o resultado no final da folha. Foi como assistir suas expressões durante um orgasmo, ele primeiro ofega em surpresa, e depois seus lábios maleficamente começam a sorrir de ladinho como se ele dissesse "ae porra, consegui!!" então ele volta e me encara com muita seriedade, um olhar de posse e obsessão, que pode facilmente me fazer enfartar, mas que apenas me excitava porque eu sabia que em seguida, ele me prensaria na cama, fecharia os olhos e gemeria poucas vezes, em rouquidão. Foi mais ou menos assim, mas naquele momento Vincent decidiu sorrir de verdade, consegui fisgar uma lagrima caindo de seu olho direito, e em vez de gemer ele berrou um uhhuuul e me jogou na cama...
- Eu escolho o nome – Seus braços estavam o sustentando em cima de mim sem me esmagar, seu cheiro me inebriou de uma maneira maravilhosa e a única coisa que eu consegui fazer foi iniciar um beijo em seus lábios. Foda-se, ele poderia escolher o nome, a decoração do quarto, ele poderia até decidir qual era a primeira escolinha e suas roupas, naquele momento eu só queria tê-lo comigo, perto de mim... Agora eu estava realmente iniciando a minha família, logo nos casaríamos e então, tudo dará um belo rumo.
...............
Opa. Como estão?
O capitulo anterior tem me dado alguns trabalhos em relação ao alcance, então eu gostaria de saber se vocês conseguiram lê-lo.
Se não, gostaria de pedir para vocês me avisarem....
E entãããããããoooo. O que vocês acharam de Laura?
Não focarei nela por aqui, até porque a ruiva terá um belo livro... Ela merece protagonismo, prometo à vocês.
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Entre Tiros E Harmonia
RomanceSe apaixonou pela melodia que ouviu, foi assim com Vincent e Soraia, a brasileira de cheiro doce que tocava uma melodia desconhecida no salão de um restaurante enquanto o mesmo almoçava. Os dedos da jovem dedilhavam algo íntimo, que havia composto a...