Capítulo 3

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Soraia

O relógio marcava seis horas quando eu decidi me arrumar, não sabia ao certo o que vestir e me sentia um tanto nervosa em relação a pessoa que havia me contratado, queria tomar um café antes de ir trabalhar então lavei meus cabelos, hidratei e estava procurando um vestido não muito simples, mas também não muito sofisticado, pesquei de um cabide dos fundos um amarelo de mangas compridas e saia godê, peguei um coturno de couro preto e uma jaqueta jeans e deixei meu cabelo secar. Estava na cozinha preparando algo para comer quando meu celular tocou.

- Alo? Vincent?

- Oi. Eu estou aqui em baixo, sei que faltam 30 minutos, mas posso te esperar. Só estou avisando.

- Quer subir? Eu estou tomando café, mas já estou pronta.

- Não quero incomodar, só estou te avisando mesmo.

- Você quem sabe. Eu moro no quinto andar na porta branca, é só avisar o porteiro.

- Aham, Okay.

- Tchau então.

- Estou indo.

Ele desliga e eu volto a colocar açúcar na minha rosquinha, uma das coisas que eu mais gosto depois da música é cozinhar, e isso se torna maravilhoso quando é doce e quem vai comer sou eu. Me sinto meio desapontada por saber que teria que dar uma rosquinha a Vincent, mas também seria falta de educação e bom, eu sou educada. A campainha toca, e eu corro para atender, mas porque tinha uma rosquinha para saborear...

- Oi entra aí - Abro a porta e deixo ele passar e impregnar o ambiente com seu perfume, aponto para um dos bancos do meu balcão - Senta aí o sofá está ocupado pelo meu violão. - Minha casa não é nada demais em relação aos lugares que ele provavelmente está acostumado a entrar, mas é arrumado, então serve.

- Desculpe atrapalhar - O trovão que ele chama de voz soa em toda a minha cozinha, enquanto ele se senta no banco alto e arrepia a minha pele com apenas um olhar.

- Não atrapalhou. Quer rosquinha? Tem sem açúcar se quiser - Ofereço enquanto me sirvo de café fresco.

- Não. Obrigado - Fico feliz, mas ao mesmo tempo me sinto estranha, enfim. A rosquinha é minha, não dele, então blé.

Me sento no banco ao lado do dele, minha cozinha é de estilo americano, e poupa espaço em relação as mesas, mas é um pouco individualista.

- Você quer café? - Ofereço tirando Vincent do transe, ele olhava para uma foto minha, que estava no criado mudo da sala.

- Eu aceito, sem açúcar por favor - Deixo meu prato com rosquinha e meu café no balcão, sirvo café para ele e a metade da outra rosquinha, sem açúcar para combinar com o amargo do carrancudo.

- Experimenta a rosquinha, eu quem fiz - Me sento e pego meu celular - Você vai querer que eu toque o que?

- As suas autorais - Me engasgo com o café, e tento disfarçar miseravelmente.

- Eu não as toco - Falo um pouco mais calma.

- Tocou no restaurante quando eu estava lá. - Bingo

- E levei uma bronca por isso. - Digo lambendo meu dedo indicador cheio de açúcar.

- Não irá levar uma bronca hoje, é seu trabalho - Ele me encara e eu suspiro.

- Como queira, vou pegar minha pasta - Ele assente e volta a comer o resto da rosquinha sem açúcar dele.

Vou até meu quarto, pego minha pasta e minha bolsa, fecho as janelas e volto para a sala, ele estava colocando a louça na pia e seu paletó já não estava em seu corpo, gostaria de saber como ele faz para se sentir em casa em todos os ambientes que ele está, me volto para as luzes que deixei acesa e vou apagando, deixando só a ambiente de corredor.

Entre Tiros E HarmoniaOnde histórias criam vida. Descubra agora