Capítulo 3

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— Isso não pode ficar assim, Camila. — diz Joana no caminho de casa.

— Foi horrível, Jô — olho para ela de relance — Aliás, onde a senhorita estava quando tudo aconteceu?

Percebo minha amiga se encolher no banco.

— Quando você foi correr, eu fugi. Não queria fazer a aula e você estava me obrigando, então corri e me escondi no banheiro, mas eu... — ela fica vermelha. — acabei dormindo.

Solto uma gargalhada.

— Pare de rir, não tem graça. — tenta se defender, mas logo começa a rir também — Ok, agora me conte: por que diabos você estava com Tomás Ferraz?

— Ele me salvou do brutamontes do Pedro.

— Olha, ele parece ser bem fofo.

Dou de ombros e estaciono na frente da casa de minha amiga. Antes de descer ela vira pra mim e diz:

— A vida pode ser mais do que viver criando histórias, Mila - e sai do carro.

Acelero o carro e dirijo até em casa com suas palavras ecoando em minha cabeça.

***

Eu me apaixonei por Diego Ferraz em uma quente primavera quando eu tinha 13 anos. Éramos de sala e ano diferentes, mas nessa mesma época fomos para o mesmo acampamento de final de semana. Foi incrível e divertido até que na última noite, todos nós da minha turma estávamos sentados em volta de uma fogueira quando decidimos brincar de verdade ou consequência. Eu não queria brincar, mas eu já era amiga de Joana e ela me obrigou a participar. Diego estava entre eles, porém eu nunca tinha nem reparado nele.

Giraram a garrafa e ela acabou apontando um lado para uma menina chamada Joyce e outro para Diego.

— Verdade ou consequência? — ela perguntou.

— Consequência. — ele respondeu com um sorrisinho atrevido.

— Eu te desafio a beijar a menina mais tímida de nossa turma.

Todos olharam pra mim e naquele momento eu quis virar um tatu e cavar um buraco para me esconder. Senti meu rosto corar loucamente quando Diego veio na minha direção e se agachou na minha frente. Foi naquele momento que eu olhei realmente para aqueles olhos castanhos encantadores pela primeira vez.

— Posso? — ele pediu minha permissão.

Eu apenas assenti com a cabeça e ele me beijou. Foi um beijo rápido, mas o suficiente para que eu sentisse a maciez dos seus lábios e para que meu coração batesse descompensado no peito. Eu nem consegui dormir naquela noite lembrando desse beijo. Aquele foi meu primeiro beijo e a partir daquele momento, eu me apaixonei por ele.

Quando eu cheguei em casa, eu estava transbordando de felicidade e precisava expressar de alguma forma. Foi então que eu abri meu computador e comecei a escrever. Eu escrevi meu primeiro romance dando meu nome e de Diego aos personagens principais. Na semana seguinte, após a semana do saco cheio e não ter tido aula, eu fui para escola achando ele também tinha sentido o que eu senti, entretanto, eu quando cheguei, vi ele de mãos dadas com outra menina e ele nunca mais se deu o trabalho de olhar na minha direção. Meu coração se despedaçou, porém meu romance tinha ficado bom e eu não queria apagar pelo o que aconteceu. Por isso, mudei os nomes dos personagens quando criei meu site e postei minha história. O irônico é que aquele personagem foi o que mais fez sucesso entre meus leitores. Todos os meus protagonistas homens foram inspirados em Diego Ferraz. Foi meu jeito de lidar com meus sentimentos.

Já se passaram 3 anos mas eu ainda lembro daquele beijo como se fosse ontem. Eu continuo secretamente apaixonada por ele mesmo nunca mais ter falado ou olhado pra mim. Pode parecer estranho gostar de alguém assim, mas nós não mandamos no coração.

Resenha Dores | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora