Capítulo 15

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Tomás me leva para uma sala de música gigantesca com um piano no meio. Em todo o ambiente há sofás e poltronas, dando a sensação de aconchego como o resto da casa. Meu namorado me leva até uma poltrona próxima do piano e me dá um beijo na testa. Já começo a me arrepender da minha atitude infantil. Percebo o quanto Tomás parece tenso ao ver sua postura rígida e isso me faz querer abraçá-lo e dizer que está tudo bem mas eu me controlo. 

Tomás vai até o piano, se senta no banco e passa a mão nas teclas como se estivesse as acariciando. Respira fundo, fecha os olhos e começa a tocar uma música que eu logo reconheço: All I Want de Kodaline. Ele começa a cantá-la e fico hipnotizada por sua voz linda e afinada. Sinto sua emoção e sofrimento em cada palavra. Mesmo claramente emocionado, ele consegue manter a afinação. 

All I want is
And all I need is
To find somebody
I'll find somebody
Like you, oh

Quando termina a canção, lágrimas escorrem por suas bochechas. Corro até ele e o abraço fortemente. Tomás se agarra a mim e chora no meu ombro. Eu começo a chorar junto por vê-lo tão abalado. Ficamos agarrados um ao outro até que a dor se torne suportável novamente.

- Luna foi meu primeiro amor. Eu achava que nada podia nos separar – diz ele em certo momento ao se acalmar, eu acaricio seu rosto e ele segura minha mão contra seu rosto – Até que ela ficou doente...

- Você não precisa contar se não quiser – digo suavemente.

- Não, Mila. Eu preciso falar – assinto e ele continua – Nós nos conhecíamos desde criança, nossos pais sempre foram próximos. Como tínhamos a mesma idade, crescemos juntos, eu, Diego e Luna. Mas, com o tempo, eu me apaixonei por ela e Diego também. Eu e meu irmão começamos a brigar muito até que certo dia, Luna se declarou para mim, Dig ficou desnorteado ao saber disso, a convivência entre nós dois ficou insuportável mas eu e Luna sempre tentamos ao máximo não nos separar.

- Ela parecia ser realmente especial - digo e ele entrelaça nossas mãos.

- Ela era incrível, Mila. Mas, nem as melhores pessoas conseguem fugir de destinos trágicos. Perto do aniversário de 14 anos dela, descobriu o câncer, leucemia. Eu não perdi as esperanças em nenhum momento, fiz exames para ver se eu era compatível com ela mas eu não era. Ela lutou bravamente por 6 meses, porém, não resistiu.

Sinto um aperto no coração. Aquela menina linda da foto, tão cheia de vida...

- Isso aconteceu há dois anos mas eu ainda sinto muita falta dela e acredito que eu vá sentir isso pelo resto de meus dias.

- Eu sinto muito, Tomás - digo com a voz embargada e ele olha fixamente em meus olhos.

- Escute, o dia que eu conheci Luna foi o melhor dia da minha vida, porém quando a perdi, minha vida ruiu. Eu parei de tocar piano, entrei em depressão. Um ano atrás, eu renasci novamente com ajuda da terapia e da música. E quero que você saiba que o dia que eu te conheci de verdade, foi o melhor dia da minha vida depois da minha recuperação. Eu sempre vou amar Luna mas isso não quer dizer que eu não posso te amar também. Mila, eu estou completamente apaixonado por você, eu nunca pensei que ia me sentir tão vivo de novo e com você eu me sinto como nunca mais me senti depois de perder Luna. Ela foi meu amor do passado e você é do meu presente e futuro.

Uma lágrima escorre pela minha bochecha. Eu amo tanto esse menino, meu coração parece prestes a explodir.

- Me desculpe por ter sido tão infantil agora a pouco, eu não deveria ter agido daquela forma.

- Eu deveria ter te contado sobre a Luna antes. É minha culpa você ter tirado conclusões erradas.

Acaricio seu rosto macio e encaro seus olhos castanhos e brilhantes.

Resenha Dores | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora