Diego
Dois anos atrás
6 meses. Esse foi o tempo que Luna teve desde a descoberta de sua doença até não resistir mais. A doença dela surpreendeu todos nós, afinal, ela sempre foi saudável. Meu irmão e Luna tiveram apenas 6 felizes meses antes de tudo se complicar.
Meu irmão a acompanhou em toda sessão de quimioterapia, esteve ao seu lado quando ela precisou raspar os cabelos, ele realmente sempre foi muito maduro para alguém com apenas 15 anos de idade. A dedicação de Tomás me deixava admirado e ainda mais culpado pelo o que fiz. Eu fui tomado por ciúmes doentio e manipulei tudo para mantê-los afastados. Mas não se separa o que foi feito para ficar junto.
Quando Luna ficou doente, todos nós de minha família fizemos exames para verificar uma possível compatibilidade sanguínea para doar medula para ela. Mas ninguém era compatível. Além disso, o caso dela já era bem grave.
Uma semana atrás, o estado dela se tornou ainda mais crítico. Tomás quis dormir na sala de espera do hospital mas nossa mãe disse que ela precisava principalmente da família naquele momento. Contudo, eu sabia que ele não conseguiria pregar os olhos. Na noite passada, já era tarde mas eu não suportava a ideia de saber que meu irmão estava em seu quarto sofrendo sozinho. Por isso, fui até seu quarto.
Entrei sem bater e o encontrei do jeito que eu imaginei: sentado na beira da cama olhando para o nada. Ele olhou na minha direção e vi a dor profunda refletida neles. Fui até seu lado e me sentei, sem saber o que falar.
- Eu não sei como viver sem ela - ele disse com a voz fraca.
- Vai ficar tudo bem , irmão - eu disse mas todos sabemos o quão grave está sua condição.
Tom não disse nada, entretanto, quando eu passei o braço por seus ombros, ele não conseguiu mais segurar o choro e seu corpo tremeu violentamente com seus soluços. Lhe dei um abraço e meu irmão gêmeo chorou no meu ombro. Se eu pudesse tirar todo o sofrimento dele, eu o faria. Com isso, naquele momento, eu prometi silenciosamente que sempre cuidarei dele, sem nunca deixar ninguém entre nós novamente.
A ligação chegou uma hora depois. Luna havia falecido. Ninguém conseguiu dormir mais, por isso, meus pais, Nina e eu ficamos no quarto de meu irmão. Felizmente, sua cama é grande o suficiente para caber todos nós sentados e ficamos conversamos sobre boas lembranças de Luna até amanhecer.
🌸
O velório é previsto para o começo da tarde. Observo a janela de meu quarto enquanto ajeito a gola de minha camisa antes de colocar o terno. O dia está nublado e chuvoso, como se até o tempo estivesse devastado pelo mundo perder alguém tão incrível quanto Luna. Desvio o olhar da janela quando alguém bate na porta do meu quarto. Meu pai coloca a cabeça para dentro segurando uma caixa.
- Posso?
Concordo com a cabeça. Ele caminha até onde estou franzindo a testa enquanto desvia das minhas roupas jogadas.
- Você precisa dar um jeito nisso, meu filho.
- Gosto de dar liberdade para minhas roupas, pai.
Ele balança a cabeça e me estende a caixa. Olho dentro dela e vejo várias gravatas.
- Escolha uma - me instruí.
- Tom já escolheu o dele?
- Ainda não.
Me afasto da caixa e balanço a cabeça.
- Deixe ele escolher primeiro, então.
Meu pai franze a testa, confuso.
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Resenha Dores | Livro 1
RomanceSabe quando você é aquela pessoa que ama ler e escrever sobre amor mas sua vida amorosa é quase inexistente? Essa é a vida de Camila Bian uma garota que possui um famoso site chamado "Resenha Dores" onde publica seus romances e fazem um grande suces...