Capítulo 16

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Tomás

Três anos atrás

Abro os olhos com dificuldade e demoro para perceber que tudo que vivi era um sonho. Não consigo evitar ficar desapontado. Luna estava no meu sonho como em todas as noites. Me levanto e esfrego meus olhos para me livrar do sono. Saio da cama e vou até o banheiro, observo meu reflexo: cabelos bagunçados e olhos cansados. Sinto meus sentimentos me afogando aos poucos e dormir não ajuda em nada, já que, o motivo de meus conflitantes dias não me abandona nem em meus sonhos. Tomo um banho, visto uma roupa quente para o clima frio do inverno e desço para o primeiro andar. 

Todos já estão a todo vapor com as preparações para nossa festa de natal de noite. Hoje é véspera de natal e será um evento gigantesco com amigos importantes de meus pais e principalmente, a família de Luna. 

Vejo minha irmãzinha sentada no chão da sala montando um quebra-cabeça, ela está adorável vestindo um pijama comprido e quente de unicórnio, seus cabelos crespos estão presos em um coque. Caminho silenciosamente até ela, me agacho, me aproximo de seu ouvido e assopro. Ela dá um pulo de susto e me bate fracamente, fingindo estar brava mesmo eu sabendo que ela quer rir. 

- Eu vou contar para mamãe - ela faz bico. 

- Ah é? - sorrio, me divertindo. Começo a fazer cócegas e ela explode em gargalhadas. 

- Ei, vocês dois - nossa mãe nos chama e nós olhamos para ela ainda rindo - Temos muito trabalho a fazer. Tomás ajude seu irmão lá fora e Nina, não está na hora de tirar o pijama, não? 

- Mas meu pijama é bem melhor que qualquer roupa que eu tenho - Nina cruza os braços, teimosa. 

- Nina, se você não trocar de roupa não vai poder ir lá fora brincar na neve e fazer seu boneco de neve - digo para ela.

Minha irmã me olha pensativa e balança a cabeça.

- É verdade! - exclama e sai saltitante.

Eu e minha mãe trocamos um olhar divertido e vamos ao trabalho. Vou até a frente de casa e encontro meu irmão olhando fixamente para um bolo de pisca- pisca e franzindo a testa.

- Nocauteado pelos pisca- pisca, Dig?

Ele olha pra mim, surpreso mas logo sorri fracamente.

- Como pode um negócio dar um nó desses?

Sorrio e observo seu rosto. Seus cabelos castanhos como os meus estão bagunçados e com uns flocos de neve, seus olhos parecem tão cansados quanto os meus. Lembranças de nossa conversa duas noites atrás me invadem.

🌸

Vou até o quarto de meu irmão para jogarmos o videogame que ele ganhou em nosso aniversário de 14 anos. Seu quarto é bem diferente do meu, é uma bagunça só. Roupas jogadas no chão, livros da escola em um canto de um jeito que me dava agonia.

- Cara, você precisa dar um jeito no seu quarto - anúncio ao entrar.

Diego está jogado na cama mexendo em seu celular.

- E você deveria cuidar da sua vida - responde com cara feia.

Vou até o videogame e o ligo, sem me incomodar com sua grosseria, sei que ele não estava em um bom dia mesmo sem saber o motivo. Me sento na beira da cama e olho para ele.

Resenha Dores | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora