Capítulo 23

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- Você?

- Surpresa? - pergunta ao se sentar na outra ponta do banco.

- Eu sabia que você era mal caráter mas não imaginava que era a ponto de chantagear alguém - minha voz soa fria como um gelo.

Ele dá uma gargalhada irritante que me dá vontade de lhe dar um soco.

- Eu não estaria fazendo isso se você tivesse contado seu segredinho para seu namorado.

Olho para ele, furiosa.

- Agora é minha culpa? E como diabos você sabe que Tomás não sabe do meu site?

- Porque naquele dia no laboratório, você fechou sua página quando ele entrou. Você é uma boba, Camila. Pensou que conseguiu me enrolar com aquela história de site da sua prima.

- Eu pensei que seu cérebro minúsculo não ia ser capaz de perceber minha mentira.

Quando ele me olha percebo que consegui irritá-lo. Ótimo.

- Você vai se arrepender disso - rosna.

- Fala logo o que você quer que eu não tenho tanto tempo livre quanto você.

- Você vai fazer com que Joana volte para mim. Eu quero Joana na minha mão na noite do baile ou todo mundo vai descobrir seu segredinho sujo - ele diz lentamente.

- Eu não vou fazer isso.

- Você tem até a noite do baile. É isso ou todo mundo vai saber que você é a dona daquele site ridículo – ele se aproxima de mim – Como será que seu namoradinho vai reagir quando descobrir tudo que escreveu sobre o irmão dele?

Uma fúria louca toma conta de mim e lhe dou um tapa. Não tão forte quanto eu gostaria mas o suficiente para me sentir melhor.

- Por que está fazendo isso?

João se levanta, massageia a mandíbula com a mão e me olha friamente.

- Para mostrar para todo mundo a vadia que você é – diz e vai embora.

Me levanto e corro para meu carro. Assim que eu fecho a porta, eu desabo. Lágrimas escorrem descontroladamente por meu rosto. Respiro fundo, tentando me acalmar. Coloco a chave na ignição e viro para dar partida. Nada acontece.

Tento de novo. Nada.

- Droga – bato no volante em um excesso de raiva.

Como vou ligar para meus pais sendo que eu disse que estaria com Joana?

Pense, Camila, Pense, penso comigo mesma.

Decido ligar para uma pessoa que não me fará muitas perguntas e pode me levar para casa ou até arrumar meu carro. Disco o número e a pessoa atende no segundo toque:

- Cami?

- Preciso da sua ajuda.

🌸

Diego chega em 15 minutos com a expressão apreensiva.

- O que aconteceu?

- Meu carro não pega – digo simplesmente.

Ele cerra os olhos para mim. Sabe que escondo algo e sei que reparou em meus olhos vermelhos mas ele apenas assente e vai abrir o capô do carro. Sento-me na guia enquanto ele olha e mexe nos fios do carro.

Depois do que parece uma eternidade, Diego fecha do capô, bate as mãos uma na outra e chacoalha a cabeça.

- Esse garotão vai precisar de um mecânico – aponta o carro com a cabeça – Vamos, eu te levo para casa.

Resenha Dores | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora