Resenha Dores | Livro 1

Capítulo 13

- Meus pais querem te conhecer - anuncia Tomás quando estamos sentados na grama da escola.

Hoje o dia está realmente lindo e decidimos que seria uma ótima ideia comer ao ar livre, contudo, Jô e Diego acharam a idéia péssima e ficaram do lado de dentro. Estou deitada com a cabeça no colo de meu namorado lendo um livro enquanto ele acaricia meus cabelos. Fecho meu livro e me sento olhando para Tomás.

- Me conhecer? - tento disfarçar meu nervoso em conhecer os pais dele mas falho miseravelmente - E se eles não gostarem de mim?

Tomás abre seu sorriso tão brilhante quanto o sol e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Quem seria o louco de não gostar de você, Mila?

- Muitas pessoas não gostam de mim, Tomás - argumento.

- Você não precisa se preocupar, eu estarei com você em todo momento. Diego estará lá e Nina também.

Nina é a irmã mais nova de Diego e Tomás, os pais deles adotaram ela quando tinha apenas dois anos de vida. Hoje em dia ela tem 12 anos e aparenta ser o xodó da família, meu namorado e o irmão falam dela com muito carinho e respeito. Tomás sabe o quanto eu quero conhecer Nina, por isso, ao citar ela, eu sei que está tentando me convencer a topar.

Olho para seus olhos castanhos me observando ansiosamente e não consigo dizer nada além de "eu topo". 

- Quando? 

Tomás abre um sorriso gracioso e empolgado.

- Sábado às 20 horas.

Suspiro. 

- Preciso providenciar uma roupa bonita então. 

- Você é linda de qualquer jeito, Mila. 

Meu namorado me dá um beijo na testa, mas nesse momento o sinal toca e precisamos ir para a sala de aula. Fico secretamente aliviada pois minha insegurança está quase me ameaçando a me engolir.  Minha mente ansiosa começa a traçar tudo de errado que pode acontecer nesse jantar: e se os pais dele não gostarem de mim? E se eu não souber agir diante de pessoas tão chiques? E pior, e se Luna tivesse sido mesmo namorada de Tomás e nunca, jamais, os pais dele me aceitarão por amarem ela? São tantos "se" que começo ficar zonza. Estou tão imersa em pensamentos que dou um pulo quando Jô assopra meu ouvido ao se sentar ao meu lado no laboratório de química. 

- Você quer me matar? - reclamo com o coração quase saltando pela boca enquanto Joana ri da minha cara. 

- Por que você está com essa cara? Você estava irritantemente feliz antes do almoço - olho para minha amiga e noto seu batom rosa todo borrado. Sorrio ao sacar o motivo.

- Sua boca está toda borrada - aviso.

- O quê?! - ela pega seu celular rapidamente e coloca na câmera para se olhar - Eu não acredito que andei a  escola toda assim!

Rio alto com a cena de minha amiga irritada tentando limpar a boca. Ela me lança um olhar acusador. 

- Você está fugindo da minha pergunta.

- Não estou não, eu estou querendo te ajudar - cruzo os braços.

- Ah me poupe, Camila. Você está agindo como se eu não te conhecesse há tanto tempo. Vamos aproveitar que o professor está atrasado e desembucha logo!

Suspiro e lhe conto tudo resumidamente. Meu peito parece estar pesando menos 1kg depois de falar sobre minhas inseguranças. Jô ouve tudo atentamente e com um olhar crítico. Quando eu acabo, ela está com a testa franzida porém quando começa a falar, sua voz sai de forma suave.