Capítulo 25

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Alguém me ergue do chão e eu me debato para que me solte.

- Vamos, Cami - diz Diego em meu ouvido.

Paro de me debater e olho para ele desesperada.

- Diego, eu posso explicar... - falo entre soluços.

Ele me abraça apertado.

- Eu sei mas não agora. Vamos, eu te levo para casa.

- Mas e Jô? Onde ela está? - mal consigo ver seu rosto através de minhas lágrimas. 

- Ela foi atrás do meu irmão. Agora, vamos  - diz antes de me puxar para fora da escola.

Só quando saímos da escola que percebo que está chovendo bastante. As árvores ao redor da escola balançam loucamente, o céu é iluminado a todo momento por conta dos trovões e raios. 

- Aqui - olho para Diego e o vejo tirando o paletó e colocando em cima da minha cabeça para me proteger da chuva. 

Ele me abraça e me leva correndo até seu carro. Eu nunca me senti tão destroçada em toda minha vida como me sinto agora. Lágrimas caem sem parar enquanto Diego dirige na direção da minha casa. Um desespero toma conta de mim ao imaginar tudo que terei que explicar para meus pais se eu for para casa. Em um impulso, coloca a mão em cima de sua mão que está no câmbio. O badboy olha para mim, confuso. 

- Não quero ir para casa, me leve para qualquer lugar menos minha casa, por favor.

Diego apenas assente e segue reto em vez de pegar o retorno para entrar para meu bairro. Seguimos em silêncio no caminho, o irônico é que temos muito o que falar um para o outro mas não sabemos nem por onde começar. 

Quando eu acho que minha noite não poderia piorar, quando estamos em uma estrada com apenas árvores em volta, o carro começa a falhar até parar completamente. 

- O que aconteceu? - pergunto. 

- Não sei - ele tira o cinto e abre a porta do carro - Fique aqui. 

Diego sai do carro e vai abir o capô. Ainda está chovendo bastante, porém, mesmo assim decido seguir o meu cunhado (talvez ex-cunhado) para fora do veículo. Fico encharcada em questão de segundos e meu vestido começa a ficar mais pesado. 

- O que está fazendo? Pelo menos um de nós poderia ficar seco - ele fala. 

- Quis vir ajudar - minto. A verdade é que não consigo ficar sozinha comigo mesma nesse momento. 

- Não sei o que aconteceu aqui, o jeito é procurarmos algum lugar para se proteger da chuva, ficar aqui na estrada é muito perigoso. 

Afirmo com a cabeça. Diego volta para dentro do carro, guarda o rádio no porta luvas, pega sua carteira, nossos celulares e coloca dentro de um saquinho que encontra perdido dentro do carro. Ele sai do carro, tranca e caminha na minha direção.

- Consultei o GPS e vi que tem um motel há 1 km daqui.

- Tudo bem - digo, simplesmente. 

Ele pega minha mão e começamos a caminhar atrás de um abrigo. 

🌸

Quando acho que estou prestes a cuspir um pulmão para fora, a fachada do motel aparece. Agradeço silenciosamente pois eu não aguentaria dar nem mais um passo com o meu vestido ensopado e pesado. A fachada do estabelecimento é simples mas bonita com a silhueta de um casal se abraçando juntamente com o nome do motel "Vênus Motel". 

Ótimo, além de estar em um motel com meu cunhado que ironicamente já descrevi pelado, o nome do lugar é o mesmo que da deusa do amor, penso comigo mesma

Resenha Dores | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora