Capítulo 2

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Seus cabelos são pretos como a noite e sedosos. Não que eu já tenha tocado realmente em seus cabelos, mas há boatos entre as meninas que seus cabelos parecem nuvens de tão macios. Seus olhos são castanhos caramelo e brilhosos. Seu sorriso parece estrelas de tão brilhantes. Dizem que não existe ninguém perfeito, porém aquele menino é.

— Cuidado que está escorrendo baba. — Joana me tira do meu devaneio.

— Como assim? — faço-me de desentendida.

— Você parece uma boba olhando pra ele. Ele é só um garoto. — reclama.

— Ele é muito mais que isso. — abaixo a voz — Esqueceu que ele inspirou meus personagens masculinos que você tanto ama?

Minha amiga apenas bufa e eu volto a olhar para Diego Ferraz. Estamos na cantina da escola sentadas em nossa costumeira mesa no canto. Ele está sentado e rindo na mesa dos populares. Há várias meninas babando em sua volta, como sempre. 

Seu irmão se senta ao seu lado e diz algo no seu ouvido. Ambos começam a rir e desejo ter uma audição biônica pra ouvir o que conversavam. Diego e Tomás são gêmeos, mas não são idênticos. A cor dos cabelos e dos olhos são os mesmos, contudo Tomás é um centímetro mais baixo que o irmão e possuem estilos diferentes. Diego tem o estilo badboy que usa jaqueta de couro (o que acho sexy) e Tomás usa roupas mais simples como uma camiseta e calça. Ambos são super populares, tirando o fato de que Diego seja o mais galinha dos dois. Como se sentisse que eu estava observando, Tomás vira em minha direção e nossos olhos se encontram. 

Olho rapidamente para meu celular e finjo rir de algo com Joana.

— O que está fazendo? — minha amiga franze a testa.

— Apenas ria comigo. — digo entre os falsos risos.

Ela ri e me olha como se eu fosse maluca. O sinal toca e vejo discretamente os irmãos levantarem e caminharem conversando. Suspiro.

— Você é louca. — diz Joana.

Levanto-me e puxo minha amiga.

— Vamos, hora da educação física. — lembro animada.

— Ah não! Me deixa ficar escondida no banheiro, por favor. — implora fazendo bico.

Engancho meu braço no dela e saímos da cantina.

— De jeito nenhum, você é minha dupla.

— Que saco! — reclama.

***

Eu adoro aula de educação física, gosto da sensação de fazer atividade física, de suar e depois tomar um banho gelado. Nosso professor está no meio da quadra nos orientando para uma corrida com obstáculos. Joana não para de reclamar ao meu lado por causa do sol, do calor e tudo que vê pela frente. Fazemos duas filas indianas para corrermos em duplas. Sou a primeira da fila e irei correr com o encrenqueiro da minha sala chamado Pedro. Ele olha de forma desafiadora pra mim. Credo, penso comigo mesma.

O professor apita e nós corremos. Pedro sai em disparada comigo em seu encalço. Estou focada em ganhar a corrida quando algo chama minha atenção na arquibancada. Diego está se agarrando com uma menina e sinto meu coração se quebrar em pedaços. Fico tão desorientada que não percebo que cheguei na linha de chegada e que Pedro está abaixado amarrando os cadarços do tênis. Não consigo parar e tropeço nele com tudo e caio de barriga no chão. Pedro se levanta e vem na minha direção furioso.

— Você está louca? Você quase me machucou! — grita. — Eu tenho um campeonato sábado, sabia?

Estou tão zonza que vejo 3 Pedro's gritando comigo. Acho que de alguma forma bati minha cabeça. O professor chega correndo para me ajudar. Os amigos do menino zangado chegam para acalmá-lo.

Resenha Dores | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora