Capítulo 20

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Segundou e o mundo equidistante  de acampamento acabou, agora é vida real e coisas reais.  E na realidade as coisas são bem diferentes das realidades paralelas que vivemos nesse últimos mês, eu extrapolei limites emocionais e físicos, tal qual eu nem sabia ser  possível, mas como disse, a conta chegou e trouxe junto dela uma TPM e uma cólica monstruosa de bônus para que eu possa pagar com juros e correções.

Eu havia tomado banho bem quente e me deitei no sofá para ler alguns e-mails e adiantar algumas coisas do trabalho, mas como todo castigo é pouco, tomei um enorme copo com refrigerante e me lasquei, nunca aquele ditado que "peixe morre pela boca fez tanto sentido". Helena viria apenas amanhã aqui para casa, chegamos da viagem ontem à tarde e hoje fui trabalhar mega ruim, acho que o meu corpo estava apenas esperando o fim de semana acabar para me destruir. Eu mereço, foi castigo corpo? Certeza que foi!

Lya e Kate foram direto para as escolas delas hoje pela manhã, o William as levou e eu fiquei em casa me contorcendo de dor e esperando ficar atrasada para ir para a Marlboro, de fato, menstruação é uma coisa que me detona por inteira, eu odeio ver aqueles comerciais de absorventes a qual incentivam a mulher a ser livre e fazer o que quiser. O gente, eu estou vazando sangue, estou com o meu útero me castigando por não ter dado um bebê a ele e ainda tenho que lidar com mulheres ultra preferidas que alegam não ter cólica, o meu período menstrual me humilha e acaba com toda a minha dignidade. Menstruar ok, sentir cólicas e oscilações de comportamento? Nada ok!

Estava deitada no tapete da sala sem forças para mexer nem os braços para pegar o meu celular, o meu abdômen estava adormecido me impossibilitando de levantar. Ainda bem que o tapete é fofinho, eu posso esperar o remédio fazer efeito e assim levantar. Prêmio de burra do ano vai para mim, porque desde que me lembro minha mãe e minha ginecologista sempre me disseram para não tomar refrigerantes quando estivesse perto do meu período menstrual, por causa dos gases do refrigerante que com certeza me faria mal. Melissa você merece palmas, de preferência na cara. Umas dez sessões.

Respirei fundo e tentei levantar, mas não adiantava nada tentar levantar antes do remédio fazer efeito.

Suspirei.

A minha vida esses dias têm sido um misto de rolê aleatório que me obrigam a tomar decisões serias e importantes, família, amigos, casamento. Enfim, está um misto de confusão, é novo ou velho, depende do ponto de interpretação. Semana passada estava convicta que ia me divorciar, já estava até  com data marcada para ver um apartamento e bom, agora eu estou casada novamente. Mudanças!

Me contorci e revirei os olhos, isso é bem-feito para mim. Na hora de fazer besteira é ótimo, na hora de arcar com as consequências da besteira, não é tão ótimo assim. Em todo o universo eu sou a pessoa mais frouxa para sentir dores e não tenho a menor vergonha de admitir isso, principalmente quando é cólica. Me virei de lado, sou um ser humano muito frouxo, como pode? Há mulheres por aí que dão conta de gerar e parir 12, 13, 14 filhos e eu me desmonto  com uma cólica menstrual.

— Vida?

Abrir os olhos, William se achegou a mim.

— O que houve Lis? Está tudo bem? Está sentindo alguma coisa? _Colocou a mão na minha testa para supostamente medir a minha temperatura e ele nem sabe quando uma pessoa está ou não com a temperatura alta. Revirei os olhos.

Suspirei.

— Tomei refrigerante e agora não consigo levantar, pois, todo o meu abdômen estar dormente, acredito eu que pelo efeito dos gases._ Passei a mão no rosto. O remédio já estava fazendo efeito, estava começando a aliviar.

— Por que não me chamou Melissa?

— Vai ficar tudo bem.

— Vai Melissa, mas você deitada no chão se contorcendo de dor não é natural. Você deveria ter me chamado. _Me pegou no colo.

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