8 anos depois
Me sentei no sofá com uma taça de suco de morango, era o meu preferido. Já era noite, meia noite agora. Eu estava sentada na sala da minha casa esperando o William. Não o vejo com tempo para conversar já faz quatro dias, mas já chega. Eu preciso conversar com ele, passei todo o dia pensando e procurando como falar isso para ele, não era algo que eu queria realmente, talvez sim, não sei. Eu tinha tomado essa decisão com o coração acelerado, afinal, eu o amo ainda. Mas, claramente entendi que só o amor não é suficiente para sustentar uma relação, talvez não a nossa, eu sei e sinto que falta algo. Falta a essência que tínhamos, falta a responsabilidade do casamento que ambos abandonaram em algum momento dessa árdua caminhada, na verdade, eu sinto falta de ter um casamento em que as duas pessoas são importantes e trabalham juntos para manter o trem nos trilhos. Eu sinto falta dele, sei que é o seu trabalho, mas, ficar semanas e semanas viajando e chegando muito tarde todo dia, pode ser um sinal que a nossa relação se desgastou. Então, pensando no melhor para ambas as partes, eu vou pedir o divórcio. Eu tentei me comunicar, mas ele não tem tempo, não esta com cabeça, ou simplesmente me ignora enquanto eu tento falar sobre o nosso casamento. Ele alega que eu me trancafiei na Marlboro, mas a verdade é que ele se tornou mais workaholic do que eu jamais pensei ser possível alguém ser.
Tomei mais um gole de suco, eu deveria estar me embriagando para ter coragem de falar isso para ele. Mas eu odeio substâncias que me fazem perder o controle ou a razão. Além disso, para expor isso a ele eu preciso estar bastante sóbria, para não haver nenhuma dúvida. Está preparada Melissa? Para oficialmente se divorciar? Talvez não, mas terei que me preparar ao longo dos dias.
A enorme porta da mansão se abriu, um vento gelado desceu pela minha coluna vertebral e eu sentir o gelo da informação que eu daria a ele. O William entrou, ele ligou a luz e me avistou no sofá.
Ele estava desgastado, sua gravata desfeita, com o terno e a pasta na mão demonstrando claramente que estava cansado, mas eu não poderia adiar. Não conseguiria dormir sossegada sem falar isso para ele. Talvez ele até aceite de bom grado, pode até ser seu desejo também.
—Oi Mel, o que está fazendo a essa hora acordada? _veio até mim e me deu um beijo na bochecha.
Me levantei e o olhei. Droga, cadê aquelas promessas que nós dois fizemos um ao outro no dia do nosso casamento?
—É que precisamos conversar e não pode ser adiado.
Ele arqueou a sobrancelha e eu fui em direção a mesa.
—A essa hora? Mel, já vai dar uma hora da manhã! Estou super cansado e com fome, pelo meus cálculos, eu vou ter apenas cinco horas para repor as minhas energias e viajar amanhã cedo.
Suspirei. Seria assim a semana toda, eu tenho certeza.
—Eu sei, sente-se por favor. Vai ser rápido, eu prometo. _Coloquei a taça cheia de suco de morango em cima da mesa.
Ele colocou a pasta e o terno em cima da mesa e se sentou. Meu coração acelerou e o meu estômago gelou, essa era a hora e não tinha como e muito menos para onde fugir. Eu fiquei 3 dias construindo os meus argumentos e repetir diversas vezes frente ao espelho, a fim de minha voz não trepidar e eu me manter firme perante ele.
—Sobre o que você quer falar? _ Deu um belo gole no meu suco e fez uma boa careta. Estava sem açúcar do jeito que eu amo.
—Sobre o nosso divórcio. _Despejei a notícia sobre ele e o vi rapidamente mudar de expressão.
Para ser rápido tinha que ser direto, sem voltas e nem enrolação. Ele gargalhou nervoso.
—Como assim Melissa, que divórcio? É algum tipo de brincadeira? Uma hora dessas e você com essas brincadeiras de péssimo gosto. _ Se levantou e eu me afastei.
—Não Grant, não é. Nós dois sabemos que o nosso relacionamento vem desandando e nós dois não fizemos nada para colocá-lo nos trilhos. E chegamos a um momento que só o amor não é suficiente para sustentar o nosso casamento. É o fim William, talvez seja até melhor.
Passou a mão pelos cabelos e suspirou. Sua cabeça deve estar martelando, a minha também estar, mas a fraqueza nunca foi um dos meus defeitos.
—Olha, nós podemos dar um jeito. Não sei, tentar recuperar.
Recuperar, recuperar o que? Ele nem se atentou que tinha terminado.
—Olha para mim Will, como vamos recuperar algo que você nem percebeu que tinha acabado? William, você nem está usando a sua aliança. No fundo você também quer isso.
Passou a mão pelos seus bolsos procurando incansavelmente o pequeno círculo de ouro. Retirou do bolso esquerdo e suspirou aliviado.
—Eu tinha ido ao banheiro e esqueci de colocar. Você nem liga para isso ou vai me dizer que passou a ligar?
—Não, a minha está aqui no mesmo lugar, não por muito tempo. Foi você que sempre ligou. Enfim, eu te falei que era rápido. Boa noite.
Ele me segurou.
—Droga Melissa, o divórcio não pode ser a solução. Eu... eu... Eu não quero me separar de você, droga! Não pode jogar uma bomba dessa no meu colo e ir ter uma noite tranquila e feliz. Você não pode e não vai fazer isso comigo, puta que pariu! _ Segurou meu braço.
—Então, me diz, o que você quer fazer? Quer mesmo continuar assim?
—Eu não sei Melissa, mas a única certeza que eu tenho é que não quero me divorciar.
Respirei fundo.
— O divórcio é o último item da lista. Não dá mais, parece que você encontrou na GP uma válvula de escape para se livrar daqui de casa e desconfio que até de mim. _Não poderia fraquejar, não agora.
Doía falar isso para ele, afinal eu o amo. Mas o que tem que ser, tem que ser e ponto.
—Não é verdade, eu não quero evitar você eu só... eu não sei o que aconteceu. _ se sentou na cadeira com a cabeça debruçada sobre as pernas.
Peguei a minha taça de suco.
—Na semana que vem, falaremos com o Lincoln, tenho certeza que ele nos guiará para que seja um processo rápido e discreto. Boa noite! _Subir as escadas para o meu quarto, eu iria chorar e não queria que fosse na frente dele.
Mas nesse momento era o certo a se fazer, estávamos infelizes, eu estava infeliz, ele com certeza estava também.
Me deitei na cama e me cobrir.
Pensaria nisso durante toda a noite, mas, por agora fingiria estar dormindo. Eu já falei o que tinha que falar e não estou pronta para ouvir a outra parte. É isso!
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O que eu amo em você
RomantizmTodo mundo quer acreditar no amor eterno. Ela mesma havia acreditado, quando tinha 18 anos. Mas sabia que o amor era difícil, assim como a vida. Sofria reviravoltas impossíveis de ser previstas ou mesmo entendidas, e deixava um longo rastro de arrep...