《 51 》

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- Para onde vamos mesmo? - Dayane pergunta enquanto coloca o cinto, depois de me cumprimentar.

- Aqui. - pego meu celular e coloco no GPS, colocando a rota.

- A&G Bistrô? - pergunta confusa quando vê a localização, eu havia colocado meu celular apoiado no painel do carro.

- Sem perguntas, só vai. - respondo.

Ela apenas dá de ombros e liga o carro, dando partida. Dayane havia pegado o carro da mãe novamente, para que a gente pudesse sair sem precisar pegar uber ou ônibus. A observo enquanto dirige, ela estava vestida com uma regata branca e uma calça moletom preta, seu cabelo estava solto em um estilo meio despojado, bagunçado. Mesmo simples, ela estava linda, para variar.

- Então... - começa a falar depois de alguns instantes calada. - sobre as mensagens...

- Ah...as mensagens?

- É, as mensagens. - concorda com a cabeça sorrindo.

- As mensagens! - murmuro. - Que mensagens? - sorrio nervosa.

- Para Carol. - passa a marcha. - Me conta, como e quando teve essa incrível ideia?

- Nem eu sei, só tive. - dou de ombros. - Acordei um dia com essa ideia, fui em uma loja, comprei um chip e te mandei mensagem, simples.

- Do nada? - concordo. - E como conseguiu meu número?

- Tenho meus contatos. - enrolo um cacho do meu cabelo nos dedos e ela me rapidamente com a sobrancelha arqueada. - Pedi para a Thaylise pedir para o Vitão. - confesso.

- Desde quando você conversa com a Thaylise?

- Não conversava, na verdade foi o Bruno que pediu, eu não teria coragem de fazer isso.

- Então tudo foi garças ao Bruno? - sorri.

- Foi, como sempre!

- E o idiota do Vitão não me disse nada. - acusa.

- Ele meio que não sabia de nada, né. Nem a Thay sabia, ela pediu meio que no escuro, sem saber para que era. - ela apenas assente com a cabeça.

- Todos foram vítimas!

Ficamos caladas novamente. O caminho da minha casa até a lanchonete/bistrô era demorado, visto que ficava do outro lado da cidade. Olho pela janela, observando a noite. Tinha poucas estrelas no céu e a lua em forma de banana brilhava, clareando as ruas. O transito de Miami hoje não estava muito congestionado comparado aos outros dias, poderia até dizer que estava calmo. Nem parece que estamos em uma terça-feira.

Hoje pela manhã, na escola, eu havia apresentado Alvaro a Dayane. Posso dizer que ambos se deram até que bem, até Bruno colocou o ciúmes de lado e virou amigo do brasileiro.

- Por que você começou a me mandar elas? - ouço Day falar novamente.

- Hum? - pergunto confusa. Não havia entendido o que ela tinha falado.

- Por que mandou as mensagens? - repete a pergunta.

- Uh, não sei se falo. - sinto meu rosto esquentar.

- Vamos lá, fale. - me olha quando para em um sinal. - Você está vermelha? Que fofa!

- Eu não estou vermelha!- viro meu rosto em direção a janela. - É a luz do farol que está batendo em meu rosto.

- Aham, a luz. - pega em meu rosto e o vira em sua direção. Seus olhos estavam com um brilho de divertimento neles. - Fala vai. - pede de novo.

- Para quê você quer saber? Já não descobriu sobre elas? Então, não precisa saber de mais nada! - encaro seu rosto.

- Descobri! - concorda. - Mas eu quero saber e ouvir sair da sua linda boca o porquê de ter feito tudo isso.

- Quer saber mesmo? - pergunto, mesmo sabendo a resposta.

- Sim!

- Okay. - respiro fundo. Por que esse sinal não abre logo? Será que quebrou? - Eu mandei as mensagens porque gosto de você! - fecho os olhos, esperando por qualquer reação negativa que ela vá ter, mas nada acontece.

Certo que ela meio que já deve saber, porque eu mesma disse isso em uma das nossas conversas pelo número anônimo, mas falar isso em voz alta é constragendor.

Abro meus olhos e ela ainda estava lá, me olhando fixamente, com aquele sorriso quadrado que acho lindo. Ouvimos um carro buzinar e percebemos que o sinal já havia aberto. Ela para de me olhar, voltando a prestar atenção na estrada.

Deito minha cabeça no banco, cruzo os braços e olho para a janela frustrada. Pensei que ela ia ao menos responder alguma coisa, mesmo que fosse algo negativo e que eu não gostasse tanto de ouvir, tipo ela me dando um fora falando que não sente nada por mim e tudo que estamos passando agora é apenas coisa do momento, se é que estamos passando por algo. Mas ela não disse nada, apenas ficou calado o resto do caminho todo, concentrada na estrada.

Anonymous (1° Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora