《 3 》

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Minha vida sempre foi... hum, como eu posso dizer? Estranha, isso, ela sempre foi bastante estranha. E acho que monótona também seria a palavra ideal para descreve-la.

Eu sempre fui muito fechada, bastante tímida e na maior parte da minha vida eu nunca tive muitos amigos. O único período que eu me recordo de ter mais de um amigo foi no Jardim de infância 1. Nós éramos um grupinho, sempre pitavamos juntos e ficávamos dividino nossos brinquedos. Ao todo eram quatro pessoas, contando comigo. Mas com o passar dos anos fomos nos distanciando e quando eu fui para o ensino fundamental, que foi quando mudamos todos de escola, perdemos o contato para valer.

E eu não sei como ainda lembro deles, porque costumo esquecer bem rápido as coisas. Mas acho que foi porque eles marcaram minha infância, e falam que quando algo é marcante, dificilmente a gente esquece daquilo.

Enfim, agora, no auge dos meus dezessete anos e quase terminando o terceiro ano do ensino médio, eu me encontro como sempre, sem muitos amigos. Claro, eu tenho um, o melhor que eu poderia ter conhecido, não trocaria ele por nada nesse mundo.

Converso com pouquíssimas pessoas no meu dia a dia. Normalmente é só com meus pais, com meus irmãos por telefone, já que ambos moram longe, com Bruno e com algumas pessoas que me cumprimentam na escola. Essas últimas são bem poucas, geralmente são eles são legais comigo só para eu fazer algum trabalho da escola para eles ou passar cola na hora da prova. Na maior parte do tempo eu sou invisível aos olhos de todos, e agradeço sempre por isso.

Não me incomoda nem um pouco isso. Eu nunca quis ser popular, nunca quis ser amada por todos e falar com todos. Sempre preferi ficar isolada no canto, estudando, lendo algum romace ou ouvindo a minha playlist perfeita do spotify.

- Sério que você vai continuar com isso? - Bruno me pergunta enquanto escreve algo em seu caderno.

Nós estamos, nesse exato momento, no refeitório da escola, sentados em uma mesa no canto, onde quase ninguém dava para nos ver, enquanto nós dois davamos pra ver quase, se não todas, as outras mesas. Ele está copiando algo do meu caderno e passando para o dele, é o assunto da aula de sociologia, ele acha que eu não sei que ele estava dormindo durante a aula, mas eu sei de tudo.

Estava até pensando em fazer uma tatuagem com o desenho do "olho que tudo vê", que também é o simblo do iluminismo.

- Que mal tem? - dou de ombros em resposta. - Não é nada demais, apenas mensagens. Não vai dar em nada mesmo.

Estamos conversando sobre as mensagens que eu comecei a mandar para Dayane, a "fodona" da escola. Ele acha um absurdo isso, mas mesmo assim ainda não mandou eu parar, só perguntou se eu iria mesmo continuar com isso.

São poucas as pessoas que entendem o Bruno!

Como se tivesse algum tipo de imã, meu olhar busca pelo pátio do refeitório uma única mesa, a dos populares. Mordo meu lábio e sugo um pouco do meu refrigerante pelo canudo de metal colorido.

Salvem as tartarugas!

Ela estava lá, sentada, cercada de meninas tentando ter alguma chance com ela. Não duvido nada que consigam, do jeito que Dayane é, tenho certeza que se todas aquelas meninas se oferecerem para fazer algum tipo de suruba ela aceitaria. A morena nunca dispensa uma boa tranza com mulheres gostosas.

Ao seu lado também estava seu fiel companheiro e melhor amigo, Victor. Ou como gosta de ser chamado, Vitão. Às vezes acho que eles nasceram apregados, pois não se largam nunca. Para todo lugar que Day vai, Vitão vai atrás, e vice-versa. Ele, assim como ela, está cercado por garotas.

Reviro os olhos quando vejo Day puxar uma vadia qualquer para fora da cantina. Como uma pessoa consegue tranzar na escola? E por quê eu sou tão trouxa de gostar dela?

Anonymous (1° Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora