《 4 》

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As próximas aulas seguiram normalmente. Dayane não procurou saber quem era Caroline novamente, no caso eu. Bruno ainda ficou me irritando durante as aulas por conta do meu número de telefone, me fazendo bater nele muitas vezes.

Levanto da cadeira assim que o sinal tocar. Começo a colocar meus materiais dentro da mochila, na maior calma do mundo, como sempre. Normalmente eu sou bastante lerda para arrumar meus matérias.

- Vamos, Bruno? - falo quando termino de arrumar tudo.

Quando viro para trás, na humilde intenção de ver a figura perfeita, ou nem tanto, do melhor amigo, me deparo com uma pessoa de cabelos negros e relativamente grandes, usando uma touca vermelha. Não é Bruno, isso eu posso afirmar. Com toda certeza não é o Bruno.

Ele não é tão gostoso assim.

Eww, Bruno não é nada gostoso, não ao meu ver.

- Você que é a Caroline? - Dayane pergunta, colocando suas mãos dentro do bolso do moletom que está usando. Como a sala era fria por conta do ar-condicionado, bastante para falar a verdade, todos os que não queriam morrer de frio eram obrigados por si mesmos a usar casacos.

Minha boca fica completamente seca quando minha mente processa o quê está acontecendo agora. Dayane de Lima Nunes está na minha frente perguntando se eu sou eu. Ela falou comigo pela primeira vez em anos. O quão isso pode me fazer ser mais trouxa ainda? Eu respondo, muito! Meu coração está quase saindo pela minha boca, o quê não é muito apropriado para acontecer e eu estou tremendo. É a primeira vez que ela vem falar comigo.

Já é um passo para o nosso casamento.

Abro minha boca para responder, mas nada sai. Arregalo os olhos quando confirmo que não vou conseguir falar. Puta merda. Olho para o lado desesperada procurando por Bruno e o encontro olhando para mim sorrindo, faço uma cara de desespero e ele apenas dá de ombros em resposta. Infeliz!

Olho novamente para Dayane.

- Garota? Tem como me responder? Não tenho todo o tempo do mundo! - fala impaciente.

Já ouvi pelos corredores que ela é grossa com qualquer pessoa que não for Victor, mas não sabia se era verdade ou não. Afinal, nunca havia trocado ao menos uma palavra com a mesma e aprendi com a vida que não se deve acreditar em todo mundo.

- So-sou eu sim. - merda, eu tinha que gaguejar?

- Ok. Acho que temos um trabalho para fazer. - me olha de cima à baixo. - Como que eu nunca tinha te visto por aqui?

Talvez seja porque você vive cercada por garotas e não tem tempo para me notar e também porque eu sou super invisível e minha altura não ajuda em nada para mudar isso!

Não que eu seja baixinha, não é isso, eu não sou baixinha. Só um pouco, bem pouco...

- Não sei. - sorrio nervosa e ela sorri também, ainda me fitando.

- Pode me dar seu número? Para a gente marcar o dia de começar a fazer o trabalho. - fala pegando seu celular.

- O verdadeiro. - ouço Bruno murmurar parando ao meu lado. Dou uma cotovelada em sua barriga, o fazendo se curvar de dor.

- O quê? - ela pergunta confusa o encarando.

Lanço um olhar matante para ele, que apenas sorri. Idiota!

- Não é nada, ignora ele. - estendo minha mão. - Me dá seu celular.

- Para quê você quer ele?

- Anotar meu número. - reviro os olhos. Achava que ela era mais esperta.

《...》

- Sapatão é fogo! - ouço Bruno dizer.

- O quê?

- Você não parou de olhar para o decote dela! - me acusa.

- Dela quem? - disfarço, sabendo muito bem de quem que ele estava falando.

- Da sua mãe que não é, Caroline. - revira os olhos. - Para o da Dayane.

- Ah, puff. - enrolo uma mecha do meu cabelo em meus dedos. - Claro que não, não sou tão inconveniente assim.

- Aham, sei. Vai mentir para outro, Carol.

- Vai poder ir hoje? - mudo de assunto.

- Vou sim! Não perco a oportunidade de te ver cantar por nada!

Todas as terças, quintas e sextas eu canto em uma lanchonete no centro da cidade. Os proprietários dela são amigos dos meus pais, um dia me viram cantando em casa e me chamaram para fazer "shows" em alguns dias da semana na lanchonete deles. Eu, claro, aceitei, não tinha nada melhor para fazer mesmo e, além do mais, eu amo cantar, então não iria e nem é nenhum sacrifício para mim.

Eu amo cantar, desde pequena tenho esse amor pela música. Meus pais sempre me incentivaram muito à fazer isso, quando criança me colocaram em aulas de música, onde aprendi a tocar vários instrumentos e a melhorar ainda mais minha voz.

Lembro de quando eu era criança. Em dias de sexta à noite eu sempre fazia uma espécie de show particular para meus pais e irmãos. Eles eram minha plateia, o controle da TV meu microfone e a poltrona velha do meu pai era meu palco. Eu amava isso!

Anonymous (1° Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora