7 - Bar

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Nádia tinha uma mota linda, o bar não era longe, mas posso dizer estar lotado e aposto que a maioria era militares a ver pela postura, corpo trabalhado e corte de cabelo. Ela tinha razão, provavelmente havia poucas mulheres militares, mas vejo que o bar tem outras presenças femininas daquelas que os homens mais gostam, as de engate fácil. Caminho até aos únicos homens que conheço e sentada na mesa observo um salão repleto de mesas de bilhar, olho para a Nádia e ela acena...

- Alguém quer jogar connosco, se rejeitarem, eu entendo, serão humilhados.

- Taylor acho que teremos de mostrar às senhoras o que é humilhação. - Brandon responde ao segurança que é também o seu grande amigo pelos vistos, mas o seu olhar de desafio está em mim, isso mexe comigo.

- Vou buscar cervejas para todos e pedir uma mesa para quatro.

Escolhemos uma mesa e tacos para todos, Taylor vem ter connosco e traz quatro canecas de cerveja, eu não beberei aquilo tudo, desde que sai do hospital que não bebo e nem sei se alguma vez o fiz, mas estou ciente dos efeitos do álcool no sangue. Brandon coloca as bolas na mesa e Nádia abre o jogo, gostaria de dizer que domino o jogo, mas, na verdade, sou um zero á esquerda. Isso alegra os outros jogadores, já para não falar na cerveja que eu apenas bebi um quarto do líquido e já me sinto agitada ao contrário do resto que vão na segunda caneca. Dois jogos depois atiro com o taco correndo o risco de o partir e saio do bar irritada, não gosto de perder, sou uma péssima perdedora, acabo de descobrir isso. Na rua haviam alguns grupos de copo na mão a conversar animadamente, a noite está quente, mas mesmo assim o ar circula bem melhor que no bar...

- É só um jogo!

- Que perdi duas vezes. - Porra.

- Não podemos ser bons em tudo!

- Eu quero ser, preciso disso, faz parte de mim. - Ele acena e cruza os braços, parado na minha frente.

- Já deu para perceber Sasha, que tal entrarmos e deixarmos o jogo de lado.

Ele vira costas pronto a volta e ao bar e eu pego no seu braço, o contacto físico foi algo que sempre fugi e dele ainda mais, a sua pele é quente e os músculos tonificados que os seus fatos cobrem. Ele olha para a minha mão e depois para mim, dou um passo para trás, não devia ter feito isto...

- Brandon, nós já nos cruzamos antes?

- Estás a tentar engatar-me? - Bom, não  foi a melhor maneira de formular a pergunta e ele parece divertir-se com esse facto.

- Não, claro que não!

- Estava a brincar contigo, mas não me lembro de nos termos cruzado, porquê?

- Nada, esquece.

- Tu lembras-te de alguma coisa? - Ele deixa de sorrir e espera pela minha resposta.

- Óbvio que não! - Vou dizer o quê? Que o seu olhar é familiar?

Voltamos para o bar, Taylor está no balcão a falar com uma mulher e Nádia continua a jogar agora com outros, sentamos na mesma mesa e ele continua a sua cerveja, a mulher sentada ao lado de Taylor passa a mão  no seu braço e sorri...

- Por que as mulheres descem tão baixo? - A mulher baba pelo segurança de olhos azuis.

- Isso é ciúmes? - Ele está a sondar-me?

- Oh não, Taylor é bonito e charmoso, mas não é o meu tipo.

- Falas do fato dela quase estar sentada no seu colo? - Ele acena para a mulher que agora pousa a mão na perna do amigo.

- Não entendo, ela é bonita, corpo bem-feito, o porquê andar atrás de todos estes homens?

- Há muitas razões, nenhuma verdadeiramente forte para justificar o seu comportamento, mas agradeço a existência destas beldades.

- Claro! - Fui avisada que ele é mulherengo, então essa resposta não é uma surpresa.

- O que foi?

- O Sr Powell alertou-me sobre os teus problemas com as anteriores empregadas.

- Ele fez isso? - Ele abre um sorriso lindo - Eu não tenho culpa, elas praticamente atiram-se para cima de mim.

- Vocês podem ser machistas o quanto quiserem, mas são bem mais fáceis do que nós mulheres. Acredito que grandes golpes da história da humanidade foram dados por mulheres que enganaram os idiotas que só pensam com a cabeça de baixo.

- É verdade! - Ele termina a sua cerveja e continua o raciocínio - Como advogado já vi centenas de casos com essa problemática. Achas que já fizeste isso a um homem? - Ele pousa os cotovelos na mesa e olha intensamente para mim.

- Espero que não, também não acho que precise com todos os meus dotes para lutar.

- Falta apenas um exame e vamos embora, preciso somente que assines um documento para nos autorizares a pesquisar tudo sobre ti.

- Qual é o último teste? - Devia estar a descansar e não num bar.

- Amanhã saberás, mas fica tranquila, as provas físicas acabaram.

- Quero ir embora! - Estava cansada de ficar sentada no meio daquela confusão.

- Vamos, eu levo-te!

Ele avisa Taylor e saímos do bar, entro no seu carro e seguimos o caminho de volta à base militar, estava tudo silencioso, a maioria ainda estava no bar porque a única a ter uma prova amanhã sou eu. Ainda no parque de estacionamento o telemóvel de Brando toca, ele passa de descontraído a preocupado, faz  sinal para que eu vá para o quarto enquanto ele fica a atender a chamada. Será que é alguma coisa relacionada com trabalho? Ou talvez a família, espero que ninguém tenha tentado nada contra algum deles. Mesmo distraída com os meus pensamentos senti o ambiente estranho, a luz do corredor era fraca e eu sentia a presença de alguém, olho para trás e, no fundo, a porta da rua em vidro deixa-me confirmar que Brandon continua lá fora. Estou a ser observada, não tenho nenhuma arma comigo, decido pegar o elástico do bolso e prender o cabelo, retiro também o casaco e enrolo na cintura, a adrenalina montava e isso fazia-me sentir bem, uma espécie de felicidade, eu era um ser estranho. Respiro fundo e coloco a mão na maçaneta da porta do meu quarto, entro, fecho a porta e automaticamente abaixo o corpo, se tem alguém à minha espera vai tentar agarrar-me...

Oblívio - A EscolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora