Oblívio - A Escolhida

39 - E ele foi...

O jantar estava muito bom, eu consegui comer ao contrário do que pensava nas Eric continuava sério e frio como nunca vi antes, evitava olhar para todos e não abriu a boca. Assim que saímos da mesa ele desapareceu, eu fiquei um pouco na conversa com Alysson e depois passei no escritório para saber com Taylor como estava a correr o projeto. Fui para o quarto, ele estava lá sentado numa das poltronas...

- Temos um "assunto" para tratar! - Ele esfrega as mãos nervoso.

- Por favor Eric, estou enjoada e cansada.

- Eu não te conseguirei perdoar se tirares esse bebê, não é de todo uma ameaça mas, não conseguirei olhar todos os dias para ti sem pensar nele. - Acabo de receber o maior banho de água fria da minha vida, nunca em nenhuma das minhas missões tive uma dor tão grande, basicamente ele está a deixar-me sem saída.

- Obrigado por me pressionares!

- Não é nada disso.

- Pensaste que ao me dizeres isso eu iria fazer o quê, basicamente estás a dizer que se te quero comigo não posso ponderar tirar essa criança.

- Eu precisava ser sincero. - Sim ele estava a ser mas deveria ter guardado essa confissão para depois, eu nem tive hipótese de argumentar, então o assunto ficará arrumado agora mesmo.

- Vai -te embora Eric, leva a tua família que não é minha, encontra a tua casa com jardim e uma cerca branca e vive a tua vida de sonho, eu quero ficar aqui porque é a única coisa que tenho e que é garantida.

- Estás a expulsar-me?

- Estou, este castelo é frio mas é o que tenho de mais parecido com um lar, estes soldados não são do meu sangue mas são o mais próximo que tenho de uma família e tu...deverias conhecem-me melhor depois de tantos anos então agora saí daqui.

- Ótimo. - Ele bate com a porta depois de sair.

- Ótimo.

Nunca chorei tanto na minha vida, tranquei a porta e recusei falar com todos os que bateram nela, eu nunca disse que iria tirar esta criança, estou com medo e pensei que iria ter o apoio do homem que amo. Acordo bem cedo assustada e com o sentimento de que ele realmente foi embora, mesmo sendo ainda de noite eu vou correr um pouco, passo no ginásio e vejo que Taylor bate no saco de boxe com tanta raiva que certamente vai deixar marcas nas mãos...

- Coitado do saco. - sento-me no chão a vê-lo treinar, as gotas de suor caem e a sua cara está péssima.

- Não devias estar a dormir?

- Ele foi embora? - Ele para e olha para mim então eu sei a resposta mesmo antes de ele falar.

- Brigou com todos até com a pobre Alysson e partiram a algumas horas atrás, ele simplesmente aceitou tudo sem batalhar.

- Nós vamos ficar bem sem ele. - Ele senta-se ao meu lado.

- Que raiva que eu tenho dele neste momento.

- Alice era a aliada de Brandon. - Mudo de conversa e sinto ele cravar o seu olhar em mim.

- Eu apanhei o homem que ele infiltrou aqui mas quanto a ela deveria ser Eric a tratar disso.

- Ele não sabe, foi também ela que me tentou matar.

- E estás a espera de quê para acabar com ela? - Agora era comigo que ele estava com raiva?

- Eu ainda não parei desde que cheguei aqui, por vezes penso que ter ficado para sempre sem saber a minha historia seria a melhor coisa.

- Estás a baixar os braços? Onde está a guerreira que eu conheço?

- Nem eu sei.

- Eu vou ajudar-te e Jenny também.

- Que tal um banho antes de trabalhar no nosso projeto?

- Nosso?

- Claro, tu és meu sócio!

Depois do pequeno almoço reforçado fico trancada com Taylor no escritório, fico feliz porque as nossas ideias estão em sinfonia e é assim que o tempo passa, uma semana depois e nenhuma notícia de Eric, falo com Alysson todos os dias e Taylor tem uma amizade bem grande com David que veio ontem a noite para cá, precisamos da sua ajuda para elaborar a organização do campo de treinos. Daqui a dois dias tenho uma consulta médica e no dia seguinte uma reunião muito importante, grandes patentes de diferentes forças de segurança estariam reunidas tal como membros do senado e da casa branca, quero apresentar o meu projeto e se eles aprovarem estará tudo encaminhado para anunciar a novidade aos soldados e começar algumas obras. Quando aterrei em Nova York para a consulta entrei em pânico porque mesmo tendo cedido e enviado uma mensagem a Eric com local e hora da consulta não obtive resposta, pego no telemóvel e ligo a Alysson...

- Boa tarde querida. - A sua voz como sempre é doce.

- Acabei de aterrar e vou para a consulta, Eric não respondeu às minhas mensagens.

- Oh, ele partiu numa missão em trabalho, pensei que soubesses. - Não vou negar que fico desiludida com a notícia.

- Tudo bem não tem importância, ligo mais tarde.

Olho para a janela do carro conduzido por Taylor, David estava a seu lado...

- Pensei que ele te tinha contado. - David sorri mas não está confortável com a situação, afinal é o seu irmão.

- É só uma ecografia.

- Não, é mais que isso, é a primeira vez que vocês iram ver o vosso filho. - Taylor parece querer proteger-me, não preciso disso.

- Fui eu que o afastei agora não posso reclamar.

- Chegámos, queres que te acompanhe? - Taylor olha para mim e vejo que sofre, ele tem-se revelado o melhor amigo que podia ter, talvez como um irmão.

- Não senhores, sou grandinha o suficiente para ir sozinha, obrigado.

Saio do carro e entro na clínica, a rececionistapede para que eu aguarde na sala de espera, é tudo o que tenho a fazer, espera e sentada e sozinha...

- Sra Shannon Davies!

- Sou eu! - Aperto a mão da mulher que para na minha frente.

- Vamos até ao meu gabinete, está sozinha? - Engulo em seco com a sua questão.

- Não, eu estou aqui! - Eric chega nesse exato momento e também cumprimenta a médica, eu senti uma vontade louca de chorar e bater nele por ser um idiota comigo. - Não iria perder isto por nada.