Saio da cozinha em direção ao quarto, a minha cabeça parece que vai explodir porque me esforço para encontrar uma pista, um índice de onde conheço Brandon porque ele não me reconheceu...
- Está tudo bem Sasha?
- Apenas uma dor de cabeça, mas eu vou já.
- Não te preocupes com só saber se precisas de alguma coisa.
Passei água fresca na cara e voltei ao trabalho, a equipa de seguranças jantou na cozinha em turnos de dois e depois os outros dois e no fim fomos nós três a comer. Logo após levantar a mesa dos patrões, eu e Rosa ajudamos Betty mesmo contra a sua vontade, mas pelo menos assim ela podia assistir à sua novela no quarto e Rosa podia ligar para o namorado. Eram onze da noite e o silêncio reinava na casa, troco de roupa e bato na porta do quarto de Betty...
- Pode entrar!
- Betty será que posso usar o ginásio? - espreito o seu quarto onde ela está sentada na cama enrolada no roupão.
- Sim, os seguranças fazem turnos entre eles para o frequentar, mas não a estahora, não estás cansada?
- Não, boa noite.
Não vejo ninguém durante a minha passagem da casa ao ginásio, abro a porta e acendo a luz. Dou um sorriso de satisfação de uma forma estranha, ver todos aqueles aparelhos fazia-me feliz. Retiro o casaco e faço um aquecimento, os aparelhos são de alta tecnologia, então posso controlar desde o batimento cardíaco ao índice de gordura. Aciono o botão com funcionalidade de dar música que é um incentivo para continuar, passo por todas as máquinas de forma a trabalhar todo o corpo...
- São duas da manhã senhorita, talvez devesse ir dormir. - Taylor aparece do meu lado.
- Desculpe, não queria atrapalhar ninguém.
- Não atrapalha, mas é um pouco frustrante ver todo o seu treino quando alguns dos meus homens não aguentariam metade disso.
- Talvez lhe deva dar o meu currículo! - Paro a máquina e pego no casaco.
- Se souber mexer em armas, eu posso pensar no assunto.
- Eu não sei responder a isso, talvez um dia possa experimentar. Boa noite, Sr Taylor!
- Boa noite, Sasha!
Tomo um duche e entro na cama, durmo tranquila e acordo como sempre antes do sol se levantar. Bebi um café sozinha na cozinha e saí para ir buscar o correio, coloquei a mesa do pequeno-almoço para os Powell e na cozinha para os seguranças. Betty dá os bons-dias seguida de Rosa que não consegue disfarçar a cara de sono. As duas trocam um olhar cúmplice e voltam a encarar-me...
- Estás acordada há muito tempo?
- O suficiente para estar tudo pronto para o pequeno-almoço.
- Obrigado Sasha!
- De nada.
Eu e Rosa ficamos sentadas a ver Betty preparar o resto, o cheiro de ovos com bacon espalha-se e o estômago de Rosa ronca por isso Betty serve as duas. Deixamos o prato limpo e começamos a levar o comer para as outras mesas, Rosa tratava dos donos da casa e eu preferia assim, havia apenas a mesa dos seguranças para me ocupar. A meio da manhã venho despejar o lixo do primeiro andar e Betty chama por mim...
- Leva esta bandeja à Sra Alice, ela não se sente muito bem.
- Eu?
- Ela não morde Sasha, agora vai lá. Ela está na biblioteca.
Pego na bandeja com chá fumegante, bolachas e uma pequena caixa de comprimidos. A porta está aberta, mas mesmo assim pigarreo perto da entrada para anunciar a minha chegada, ela era uma mulher bonita, mas muito magra e extremamente pálida sentada no sofá com uma manta no colo e um livro nas mãos...
- Entra querida. - Ela tina uma voz doce.
Pouso o tabuleiro numa pequena mesa que está a seu lado...
- Precisa de alguma coisa Sra. Powell?
- Não obrigado, deves ser a Sasha.
- Sim senhora. - Aceno e espero que ela me mande sair, pelo contrário ela pousa o livro no sofá e encarar-me.
- Trata-me por Alice, Betty contou-me sobre a tua situação, como é?
- Viver sem memória?
- Sim, estou curiosa.
- É como sobreviver, manter-me à tona da água depois de um naufrágio.
- Entendo, posso ajudar em alguma coisa? - As suas palavras soavam sinceras.
- Bom as minhas impressões digitais foram analisadas e nada, ninguém reclamou o meu desaparecimento, não tenho nenhum sinal de nascença, então acho que tudo foi feito.
- Se precisares de alguma coisa conta comigo e se quiseres ler algum livro fica a vontade pode ser que te ajude, de qualquer forma sou a única que a utiliza. - Ela sorri, mas dá para ver o quanto ela é frágil, parece que vais desmontar-se a qualquer momento.
- Obrigado
Ela volta a dar atenção ao livro e eu saio, eu lembro do nome do seu medicamento e o meu instinto diz-me que ela sofre algum tipo de cancro, vou confirmar isso depois. Durante o almoço, Betty confirma que Alice sofre de Leucemia, estamos no meio de uma conversa quando Maya entra disparada e informa que tenho dez minutos para ficar pronta. Reviro os olhos, não quero ir com ela a lado nenhum, o que eu farei num 'shopping' com essa jovem se tudo o que possuo é o suficiente. Bom pelo menos uma de nós está animada, vou com as únicas calças de ganga que possuo e uma regata preta, entramos no carro que Taylor conduz, existe também outro segurança do seu lado. Maya fala sem parar, graças a deus que o seu telemóvel toca e assim posso descansar os ouvidos, olho para o espelho retrovisor, tenho necessidade de controlar tudo o que me rodeia ao contrário do idiota do segurança ao lado de Taylor que não para de mexer no telemóvel.
Entramos numa loja de telemóveis, alguns daqueles aparelhos têm o preço tão alto como o meu salário. Maya escolhe sem pedir a minha opinião e passa o seu cartão de crédito Gold como se estivesse a pagar um simples caderno, estava frustrada e era apenas a primeira loja, duas horas depois saio disparada da loja com Maya a chamar por mim e uma vinte sacos de compras...
- Sasha espera! - Ela corre atrás de mim pelos corredores do 'shopping'.
- Eu não preciso disso, menina Maya. Onde é que eu usarei esses saltos ou vestidos?
- Iremos sair juntas, óbvio. - Ela sorri convicta que isso vai acontecer.
- Claro! Por favor, devolva isso!
- Nem pensar, vamos lanchar? - Maya é tão insistente que quase me tira do sério.
- Só se for em casa.
- Que falta de humor, vamos lá.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Oblívio - A Escolhida
AkcjaQuem eu sou? Não sei! O meu corpo e a minha personalidade estão em total desacordo com a minha mente porque a minha amnésia teima em infernizar a minha vida. Eu preciso descobrir o meu passado mas para isso tenho de me manter focada no presente e tr...