22 - Panamá

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Acordo com um pequeno ardor na perna, abro os olhos e vejo Alex sentado na cama, ele tem uma faca na mão, o sol ainda não nasceu e está escuro mas mesmo assim consigo ver o sangue na lâmina. Ele tapa a minha boca...

- Calma eu vou explicar mas, não grites.

- Tu estás louco! - Tento falar baixo mas é quase impossível.

- Tive de fazer um pequeno golpe na tua perna, era a única forma de sujar os lençóis com o teu sangue e provar que és virgem.

- Só podes estar a brincar. - Ele limpa a lâmina no lençol tal como a minha perna.

- Acredita eles vão analisar o sangue.

- Vocês deviam se todos internados, cambada de doentes mentais...

- Para com isso, vou sair, temos um voo para daqui a poucas horas se quiseres descansa mais um pouco. - Ele fica de pé e olha para mim com um sorriso torto, para ele sorrir é porque vem aí merda.

- Outra missão?

- Não, é a nossa lua de mel Shannon.

Eu abro um sorriso enorme, só de pensar que vou sair dali já me sinto muito mais feliz. Pulo da cama e Sigo-o até ao closet...

- Qual é o destino?

- Um lugar quente podes preparar roupa fresca e fato de banho.

- Quanto tempo?

- Um mês.

- Exelente! - Dou pulinhos como uma criança, adoro viajar e claro vou sair daqui .

Preparo una mala com tudo o que acho necessário, ele faz o mesmo e não fico espantada quando vejo o jato preparado para sair rumo a Bocas del toro no Panamá, assim que saio do jato a brisa quente bate no meu corpo, sorrio ao ver que somos recebidos pelo responsável do resort, mais uma vez tínhamos uma cabana maravilhosa só para nós...

- Quanta felicidade!

- Vou ficar aqui para sempre, olha só como é lindo.

- Dá-me só um minuto! - O seu telemóvel toca.

Ele afasta-se para falar e eu aproveito para espreitar a cabana, quando volto para perto dele, Vejo-o olhar o mar ainda com o aparelho na mão...

- Tens a certeza disso? Tu confirmaste é que era apenas essa prova que nos faltava para encerrar o caso. - Ele olha para mim um pouco nervoso - Falamos depois. - Ele termina a chamada.

- Algum problema? - Pergunto enquanto me aproximo.

- Quem falou em problemas?

- A tua cara, não me perguntes como mas sei decifrar cada feição tua. Posso ajudar? - Fico do seu lado a olhar o mar tal como ele.

- Não, é algo que envolve o meu melhor soldado.

- Pensava que era eu a tua melhor soldado. - Cotovelo o seu braço mas ele não se desarma, o assunto deve ser mesmo sério.

- Já vi que o bom humor está de regresso.

- Impossível estar de mau humor no paraíso, por falar nisso vamos pedir o almoço?

- Pede o que quiseres vou ficar aqui, preciso fazer uma chamada.

Ligo para a recepção do resort, peço uma travessa de marisco, champanhe e gelado baba mousse de chocolate e de manga afinal é a minha lua de mel, subo para colocar um vestido fresco e sinto e quando desço já um empregado entrava com o carrinho do almoço, deixo-o colocar tudo na mesa e vou até ao terraço com vista para o mar, Alex passa a não na cabeça, ele não me vai contar que se passa mas é grave...

- O almoço chegou e tenho uma surpresa para ti!

- Já estou com medo. - Ele olha-me desconfiado.

- Afinal não sou só eu que estou de bom humor. - estico a mão, ele dá-se como vencido e entrelaça os dedos nos meus.

Finjo que aquele gesto não mexeu comigo, mas o meu coração dá sinal de êxtase...

- Quanto ao marisco e champanhe não sei mas, a mousse de chocolate tu não vais negar que adoras.

- E tu sabes isso porque...

- Comeste três no casamento Alex. - Ele dá uma gargalhada e eu sinto o coração acelerar ainda mais, finalmente vejo um fio de felicidade nele.

- Pensei que nem me davas por mim na festa.

- Tu pensas tantas coisas erradas.

Sentamos na mesa, brindamos a nós dois e começamos a comer...

- Conheceste a minha mãe? - Pergunto -lhe enquanto saboreio o camarão com molho cocktail.

- Não a primeira vez que ouvi falar nela foi quando Zorkin te deu o colar.

- Porque é que não sei o teu sobrenome?

- Também não sei o teu, nem de nenhum outro soldado, regras do Zorkin. Posso fazer-te uma pergunta?

- Oh meu deus, o que é que vem aí?

- Ainda pensas no Brandon? Gostas mesmo dele?

- Não claro, eu fui apenas mais uma para ele e na verdade... - Levanto-me com o copo na mão e vou até a janela - Para além disso foi apenas desejo, não era paixão nem amor.

- E como é que sabes que não é o famoso amor?

- Eu li muito sobre todos os sentimentos quando saí do hospital, com ele nunca houve o calor, o nervoso miudinho, o acelerar do coração... tudo isso e muito mais. - Exatamente o que sinto quando estou perto dele.

- E tu acreditas em tudo o que leste, na história de borboletas no estômago e coisas assim?

- Eu sei que é verdade! - Bebo tudo de uma vez e volto para perto da mesa, pouso o copo arrependida de lhe ter respondido a verdade.

- Espera aí, sabes como?

- Que tal passar-mos à sobremesa? - Tento disfarçar mesmo que saiba que ele não me vai deixar em paz.

- Não sem me responderes. - Ele agarra o meu braço e sou salva pelo toque do seu telemóvel.

Ele ezita mas acaba por atender, ele leva o aparelho ao ouvido e eu fico a fitar os seus lábios, eu queria senti-lo de novo, sonho com o nosso beijo todas as noites...

- Tenho de sair volto daqui a algumas horas.

Eu fico um pouco triste, saio de perto dele e fico de costas a espera que a porta feche, quando Alex sai mando tudo para o lixo mesmo a sobremesa que pedi para ele com carinho, pensei que podíamos curtir estes dias de férias mas parece que ele veio para trabalhar. Saio para andar um pouco na praia quase vazia e fico um bom tempo sentada na areia a ver o mar, quando regresso a cabana tenho uma senhora que espera por mim, ótimo é hora de receber uma super massagem e eu vou aproveitar ao máximo cada momento.

Oblívio - A EscolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora