8 - Teste final

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Nem um único movimento, bom acho que o quarto está vazio mas algo se passa, retiro o casaco atado na cintura, não acendo a luz mas sei onde está a mala de cada um e Taylor não viria sem armas, vasculho tudo e nada, que merda! Vou até à parede ao lado da porta sem fazer barulho e fico lá quieta porque sei que qualquer coisa está errada, para além disso Brandon ainda não chegou, pego no meu telemóvel, coloco no silêncio e envio uma mensagem aos dois, nenhum responde, passam cerca de quarenta minutos e porta é aberta, a fraca luz do corredor desenha as sombras de dois homens mas nenhum deles é Taylor ou Brandon, eles fazem sinais e sabem onde estou, empurro a porta, um fica lá fora e outro dentro do quarto, ele tenta apanhar me mas eu consigo acertar um soco e fazer uma rasteira nele, aproveito que o mesmo cai no chão e saio do quarto a correr, o outro homem não estava em lado nenhum, estou perto da porta da rua quando sinto uma faca no pescoço, o homem atrás de mim deve ter o dobro do meu tamanho e o outro que estava caído no quarto corre até nós e ordena que eu o siga, sempre com a faca a rapar a minha pele. Saímos para o exterior e nem sinal de viva alma, o carro de Brandon está no mesmo lugar e isso deixa-me preocupada com ele. Entramos num tipo de garagem o cheiro a óleo de carros e combustível faz a minha mente disparar flashes, grito de dor e acabo por cair de joelhos...

- Parem! O que lhe fizeram idiotas? - Saltos ecoam no chão de cimento.

- Não lhe tocámos!

- Sasha olha para mim, sou a Dr Ellie, podes dizer-me o que sentes?- A mulher baixa-te e pega no meu queixo para me analisar.

- A minha cabeça vai explodir!

- Eu não acredito, ela sofre de amnésia e vocês batem logo na cabeça dela. - Ela grita com os dois soldados e eu tapo os ouvidos.

- Nós não fizemos nada, Doutora.

- Ajudem-me a levá-la para o sofá lá em cima no meu gabinete. - Abro os olhos e vejo que sou levada ao colo por um deles, não há mais ninguém à vista.

Só agora percebo, era um exercício, porra a minha cabeça, não aguentarei...

- Saiam daqui! - Ficamos sozinhas e ela senta-se perto de mim.

- O cheiro!

- O que tem?

- O cheiro da oficina, eu conheço esse cheiro. - Ele pega numa pequena lanterna que passa na frente dos meus olhos.

- Isso é bom, que mais te lembras?

- Nada, de escuridão talvez.

- Vou tentar praticar hipnose, pode ser que consiga respostas.

- Mas as dores... - Queria acabar com aquilo, parecia que alguém estava a dar choques no meu cérebro.

- Sei que pode doer, mas, preciso deste teu estado para ter melhor resultado, agora fecha os olhos e concentra-te na minha voz.

Fiz isso, lutei contra a dor e acabei por apagar, eu não sei o que ela fez, não sei quanto passou, mas acordei com a cara molhada das lágrimas, limpo a cara, mas a dor ainda continua, então ela estende um copo de água e dois comprimidos. Brandon estava presente na sala com ar culpado, entendo de imediato, o telefonema foi uma farsa, não o culparei, talvez seja este o último teste...

- Sasha infelizmente eu não consegui muitas informações que possam ajudar. - A mulher pega numa folha e num gravador.

- Pouco é melhor que nada!

- Bom o Sr Powell como advogado esteve presente, então o que vou dizer ele sabe, você falou do cheiro e isso estava sempre ligado a escuridão, então acho que passou um bom tempo num tipo de garagem sombria, falou também de neve, mas isso é muito vago, são apenas palavras soltas entende?

- Foi só isso? - Não precisava da resposta porque olhei para Brandon e pude ver no seu olhar que havia mais.

- Não, há a questão dos olhos do seu advogado, nisso você foi específica, detalhou o seu olhar, o seu rosto e corpo, você já o analisou antes, seja pessoalmente ou de qualquer outra forma, a palavra que você usou foi estudo, você estudou o Sr Powell, mas se juntar tudo não obtenho nenhuma resposta!

- Ela deve continuar a praticar a hipnose? - Brandon pergunta para a médica que se prepara para sair.

- Talvez daqui a algum tempo quando houver desenvolvimento, mas por instante não.

- Obrigado.

Ela deixa-nos a sós e ele estende a mão para me ajudar a levantar da cadeira, ele puxa-me com demasiada força e acabo por esbarrar no seu peito...

- Estás bem? Eles magoaram-te?

- Aquele telefonema era para te avisar sobre isto? - As minhas mãos continuavam no seu peito e eu não conseguia tirá-las, na verdade, elas pareciam ter vida própria e não queriam desgrudar dele.

- Eu não concordei com esta ideia. - Ele tira uma mecha do cabelo caída e colocá-la atrás da orelha - Da próxima vez não deixarei que nada te aconteça.

- Sei defender-me!

- Sei que sim, mas... bom que tal irmos dormir? - Ele pega na minha mão e encaminha-me até a porta.

- Sim é o melhor a fazer.

Taylor já dormia, Brandon desconfio que não e eu decididamente estava com insónia, nunca dormia muitas horas e esta noite não foi exceção, ainda pensei dar uma volta ou correr um pouco, mas queria arriscar outra prova louca. Tudo o que queria era sair dali e recuperar a memória. Levantei cedo e mesmo assim o quarto já estava vazio, arrumo as minhas coisas, despacho-me e saio para comer, o refeitório estava repleto. Numa mesa, estava a médica com Taylor, Brandon e o homem que supervisionou os treinos, decidi pegar numa maçã e voltar a sair dali, não queria falar com ninguém, estava sem paciência...

- Bom dia!

- Olá! Nádia. - Ela senta-se no meu lado e entrega-me um copo com café fumegante.

- Sei que te vais embora, terei saudades tuas.

- Podemos trocar os números de telemóvel.

- Ótimo, como te sentes? Ouvi falar do que aconteceu ontem, eu não sabia...

- Já passaste por um teste assim? - Olho-lhe e vejo que parece não acreditar na minha questão?

- Ninguém passou Sasha, aliás a maioria destes exercícios feitos por ti, nós nunca fizemos antes, o coronel achou por bem testar as provas realizadas pelas diferentes forças como FBI, CIA, GOIS... Ele queria testar-te e conseguiste passar tudo com distinção, deves ter sido muito bem treinada.

Para quê? Por quem?...

Oblívio - A EscolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora