Dia 103 - Sing to me

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Meu final de semana foi meio terrível, mas isso me fez viver uma coisa bem boa.


Tive jogo domingo, quase não saí de casa. Já acordei tendo crise, mas passou logo. Aliás, acho que fiquei bem triste por não ter dormido direito, tive que dormir na sala e foi muito desconfortável. Minha amiga que mora aqui perto veio me buscar, o jogo foi em Osasco, quartas de final, não podíamos e nem perdemos. Foi um alívio ficar no banco a maior parte do tempo e jogar de ponteira. Sério, eu não queria jogar nem afundar o time. Na volta, corrigi minhas redações enquanto falava com a minha amiga sobre meus problemas psicológicos. Foi triste saber que ela também tem problemas, mas se eu não compartilhasse o que sinto, não saberia o que ela sente. Às vezes é até bom dizer como me sinto, porque encorajo as pessoas a se abrirem, e eu me sinto confortável com ela, ela me incentiva a ver meus animes pra terminar logo e ver o anime de vôlei.


Eu estava pensando sobre ir no cinema depois do jogo, sozinha e assim o fiz. Assisti "Malévola: Dona do mal". Amo demais esse contexto medieval, magia, fadas, princesas, reinos e guerras. É incrível! 

Vesti minha saia com suspensório e minhas meias de gatinho, salto e aquela blusa de manga 3/4 cinza e preta. Dessa vez, fui de cabelo preso e até passei um pouco de maquiagem. Foi bom me arrumar pra mim, só pra mim. Melhor ainda foi sair sozinha, sem ter que esperar ninguém, andar mais devagar, ter que ficar falando. Fiquei em silêncio quase o tempo todo, a parte ruim foi carregar minha pipoca, bolsa, refrigerante, carteirinha e ingresso sozinha. Os funcionários do cinema até se ofereceram pra me ajudar, mas eu não quis e consegui me virar bem, daquele meu jeitinho meio bobo porém eficiente.

Saí de lá umas 23h, não tinha ninguém na rua. A avenida estava tão vazia, nem parecia a Kennedy que tanto amo, toda iluminada e meio barulhenta. Meu pai foi me buscar. Quando ele estava na "estrada", andando a uns 95km/h, praticamente coloquei a cabeça pra fora do carro igual um cão e fiquei sentindo o vento bagunçando minha franja e batendo no meu rosto. Foi tão bom, fez eu me sentir tão bem, viva e, sei lá, livre.


 Apesar das sensações boas, não devo negar que frequentemente penso em morrer. Às vezes gosto de ouvir as músicas de Sleeping At Last que tem os nomes dos planetas do sistema solar e deitar no travesseiro, com o rosto pra cima,  meio que jogando minha cabeça pra trás, e respirar bem fundo. Faço isso quando choro. Me dá a sensação de que minha alma tá saindo do corpo, que minha vida está me deixando. Eu acho gostoso, fico imaginando se é isso que sentimos quando morremos. É maravilhosamente prazeroso e estranho, mas eu gosto.


Essa noite, os divertida mente da minha cabeça decidiram fazer um sonho fofo e ligeiramente doloroso, mas fiquei feliz.

Sonhei que eu e ele tivemos uma filha, uma menininha muito linda, mas ela precisou ficar no hospital por uns dias e meu pai foi buscá-la. Quando ela chegou em casa, um gato começou a brincar com ela. Mandei mensagem pra ele, dizendo que ela era de fato nossa garotinha porque adorava gatos. Também perguntei quando ele viria nos visitar, mas acordei enquanto ele digitava a mensagem. Não acordei triste ou com vontade de morrer, acordei feliz, com o coração quente, alegre.

Acho que nossas memórias não doem tanto quanto antes, de dão saudades, claro, mas não me dilaceram. Pelo menos, hoje não foi assim.


Hoje fiz um desenho pra minha amiga de cabelo azul. Ela não estava tão bem, senti que ela precisava de alguma coisinha que alegrasse ela. Ela é tão linda, é muito triste ver ela assim, não se sentindo bonita nem conseguindo ver o quanto ela é especial. O namorado dela tem feito tudo o que pode por ela, mesmo que eles acabem brigando de vez em quando. Mas é importante ele entender que ela tem dias e dias, alguns dias ela tá bem consigo, outros não. Igual a mim. Às vezes consigo entender os elogios, absorver. Em outros, são só mentiras e palavras ao vento. Me sinto mal por acabar fazendo as pessoas perderem a paciência comigo ou se sentirem mal por minha causa nos dias que me sinto um lixo. Não é desvalorização, eu só não consigo entender, associar isso tudo a mim, as coisas boas.


Tive que correr o mundo hoje pra resolver coisas que esqueci de fazer mais cedo, foi cansativo pegar trem umas quatro vezes quase.


Fiquei triste por saber que minha amiga estava falando mal de mim outra vez. Achei que isso fosse acabar, sabe?...

É uma droga. Não posso confiar em ninguém.


Voltei a ouvir Missio, tem algumas músicas novas, talvez não tão novas, mas que gostei bastante. Tem sido bom ouvir as músicas que sempre gostei outra vez, lembrar dos momentos que tive só comigo ou com meus amigos enquanto ouvia elas.

Tô voltando ao que eu era antes, sinto isso de vez em quando. Voltando a ser fria como antes, como a capricorniana que eu devia ser. E é bom subir as muralhas outra vez, me proteger, me fortalecer e sempre contar com o meu belo exército, já que achei pessoas que fariam tudo o que eu pedisse, ou, como disse Muse em "Psycho": Someone who kill on my command, and ask no questions". Cruel? Talvez, mas é o jeito que achei de me proteger e continuar mantendo minha mente ocupada e focada em alguma merda.


Música do dia: Missio - Sing to Me

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