Dia 108 - Ainda (um mês)

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Sumi nos últimos dias, simplesmente não me senti confortável pra escrever, mas cá estou eu. Ainda viva. Infelizmente.

Sabe, não tenho sentido dor, nem sufoco, aperto no peito, nada. Penso nele com menos frequência e não fico tão apavorada com a ideia dele nunca mais voltar. Eu estou bem, sinto saudades do que tivemos, lembro das coisas boas, mas acho que ele não volta mais. E não é por isso que ainda tenho vontade de morrer. Simplesmente minha existência se tornou insignificante e eu não vejo tanta graça nas coisas. Se for pra mofar na frente do computador todos os dias e me arrastar pra fazer minhas tarefas, é melhor alcançar meu sono eterno do que continuar. Afinal, ninguém liga mais pra mim, todo mundo sumiu mesmo.


Esses dias fui ver ela, a menina do cabelo azul. Eu estava bem, feliz eu diria, senti que devia vê-la e meu instinto nunca falha. Ela estava mal, acabou se machucando no dia anterior. Pelo menos, não foi tão ruim quanto da última vez. Mas fico feliz de sempre poder fazer ela conversar comigo e pensar na própria vida dela, de refletir, organizar as ideias e, principalmente, desabafar.

Ela me mostrou as fotos dela de uns tempos atrás. Fiquei feliz por ver ela compartilhando isso comigo. Ela me mostrou o quanto o cabelo dela era grande, ela tava com trança francesa invertida, que eu sei fazer. Aí ela pediu pra que eu fizesse uma trança embutida no cabelo dela. Foi difícil porque o cabelo dela é curto e liso, aí as mechas ficavam pulando pra fora, mas foi uma coisa tão boa e divertida. Vi que ela tem uma frase de "True Friends" do Bring Me The Horizon tatuada na nuca. Me encantei por isso. Nós gostamos muito dessa banda.


Os dias tem passado e eu não consigo ver sentido nisso. Tenho sido gentil com todo mundo, sorrido bastante, mas eu não consigo sentir o calor que as pessoas tentam me dar. Também não me aqueço mais. Estou tão cansada que dormi por praticamente quatro aulas hoje, acordando pra anotar alguma coisa importante e depois dormindo de novo. Dormi enquanto estudava no estágio, dormi no trolebus, dormi no ônibus. É só isso que quero fazer. Então, pra que viver?

Aposto que ele nem lê mais isso aqui, tenho certeza. Ela me disse pra continuar escrevendo, pois uma hora ele iria ler e saber que ainda o amo. Mas ele não precisa ler pra saber disso. Ele sabe, mas não vai voltar porque não me ama mais. É simples.


Aliás, superei meu passado. Não dói nem machuca, não me faz sentir ódio. Aconteceu, um infortúnio, não posso mudar, mas posso aprender com isso e levar pra vida. Não é só porque um cara foi infeliz e me traiu que todos fariam o mesmo. Meu ex-namorado, por exemplo, não estava feliz e me deixou. Simples. Sentimentos foram respeitados e pessoas também. Tudo certo, sabe? Ele me respeitou muito, apesar de tudo, sempre fez isso, foi o melhor namorado que já tive.


Bem, acho que por hoje é isso. Ficar sozinha tem sido bom, mesmo que às vezes me deixe triste e com saudades dele, mas acho que ele deve estar melhor sem mim mesmo. Devo aprender a fazer o mesmo. Cara, o que eu tô falando? Tô planejando me matar no Natal KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK


Música do dia: Medicine - Au/Ra

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