Acho que a maior surpresa do dia foi descobrir que meu namorado também tem um diário aqui, mas ele não escreve há mais de dois meses. Mesmo com um capítulo, foi bom saber que ele se preocupava em melhorar por mim, em ser mais atencioso comigo.
Conversar com a namorada do amigo dele tem sido algo positivo. Ela me põe pra cima e apoia minha ideia de terminar de vez tudo o que tenho aqui no Brasil e apostar em um intercâmbio. Eu acho que é o que eu devia ter feito desde aquele tempo, depois da minha primeira briga com o meu namorado que fez a gente se afastar.
Eu não queria que ele amadurecesse, talvez que fosse mais corajoso e paciente comigo, mas que não mudasse. E eu também não queria crescer, envelhecer, ficar mais experiente, isso significa conhecer todas as dores e belezas do mundo, mas eu não quero a parte ruim. Eu não quero mais sofrer.
"Eu não quero mais sofrer" é a frase que digo pra todo mundo a cada uma hora de conversa, é o que tenho dito o tempo inteiro. Meu coração já foi partido milhares e milhares de vezes, tanto que tenho medo de desenvolver algum bloqueio e nunca mais conseguir amar alguém, por desconfiança, por medo de tudo acontecer outra vez. Sinto que tô bem perto disso. Antes era o contrário, eu tinha medo de magoar as pessoas. Acho que se aproveitavam disso e me apunhalavam pelas costas já que eu não tive coragem ou motivos pra fazer isso primeiro.
Esse mundo não é pra mim, nunca foi. Desde pequena sempre fui muito diferente de todos e era difícil fazer amigos, cresci com esse sentimento. Talvez eu tenha um papel importante a cumprir, talvez eu seja alguém que precisa abrir os olhos de todos e aquecer seus corações. Mesmo não acreditando, parece que sou um anjo enviado por Deus com uma missão e preciso cumpri-la a todo custo. E isso envolve foco absoluto, nada de distrações. Deve ser por isso que não dou certo com garoto algum, porque eu não vim a esse mundo pra isso. Meu propósito é outro. É isso?
Parece que meu jeito amolece as pessoas, sinto isso no olhar delas. Meus professores e os professores que trabalham comigo me tratam de um jeito completamente diferente dos outros. Todo mundo tem medo de me magoar ou me fazer chorar.Tentei recorrer ao meu passado, ao jeito que eu curava a dor, porque eu não quero mais sentir isso. Depois da minha recente tentativa de tirar minha vida, eu tenho medo de sair do controle outra vez ou me de machucar.
Eu costumava curar um amor com outro amor. Mas isso custava esquecer alguém e amar outro alguém, me envolver com alguém. Porém, acredito que isso seria impossível agora, mal quero falar com pessoas, quanto mais beijá-las ou fazer coisas além disso. Então, recorrer aos meus métodos antigos está fora de cogitação.Hoje o dia foi bem calmo e triste. Joguei lol, perdi, ganhei, peguei troll, um time com Wukong e Xin Zhao ba bot lane. Foi um dia não produtivo. Terminei minha redação em inglês sobre o Chester Bennington, pensei sobre a vida, ouvi Muse. Depois assisti O Jardim das Palavras outra vez, esse anime virou um remédio pra mim, um calmante. Aí eu dormi por uma hora e fui tomar banho.
Eu acho que só vou "viver", vagar, fazer as coisas, ir pra faculdade, pro estágio, pra onde eu precisar ir. Posso automatizar tudo, como se eu fosse uma robô. Um dia tudo se resolve, ou os remédios que certamente vou tomar vão resolver pra mim. Se importar comigo é cansativo.
Aliás, tentei fazer um tweet sobre objetivos que quero alcançar e coisas que gosto em mim. Foi bom escrever, só falta acreditar em tudo aquilo.
Eu quero desenhar. Ouvir música. Ou jogar um jogo novo. Ou ver filmes que eu queria ver com o meu namorado, mas certamente ele iria odiar. Eu só preciso me manter ocupada.
Música do dia: Kishawa Daisuke - A Rainy Morning
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Diário da Miki
RandomLugarzinho pra eu escrever tudo o que essa vida de border infernal me traz, mas eu também tenho meus momentos livre disso e esses são os mais importantes.