Wiliam
Após lancharmos, voltamos ao hospital e Poncho já estava no quarto. Seu estado era caracterizado pela insensibilidade dos sentidos, fato esse, que algum remédio lhe proporcionara a fim de mantê- lo em repouso. Seus olhos estavam meio abertos, mas ele não respondia a estímulos.
Observei-o por alguns instantes, enquanto May estendia o lençol que trouxe na cama para visitas. Era uma espécie de sofá-cama e ficou em um tamanho favorável depois de armado. Após organizar os travesseiros, ela me entregou a roupa de Poncho que eu dormi na noite passada, escova de dente,
xampu e chinelos e sentou na beira da cama para desabotoar a bota que usava. Observei as peças na minha mão admirado com o fato dela sempre pensar em tudo. Sempre precavida e completa. Cuidadosa e perfeita.
—Tome banho e se apronte que estou esperando. — Ela pediu e tirou a calça lentamente, depois a blusa, ficando de calcinha e sutiã.
Fiquei parado, digitalizando-a com apreciação masculina, achando incrível seu desembaraço. Seu poder sobre mim foi uma força absoluta que atraiu meus olhos como magneto. Perdi a faculdade de me orientar, falar, mover. O fato de se expor tão naturalmente enlevou os meus sentidos, me atraiu, cativou, prendeu e desviou de toda e qualquer influência. Seria castigo não ter a possibilidade de presenciar o seu corpo.
—Wiliam, vai ficar a noite toda aí? — May disse presunçosa a centímetros de mim.
Sua respiração bateu em meu rosto e meu corpo estremeceu, atingido pelas ondas de cobiça que massacravam meus sentidos. Ela percebeu a fome dos meus olhos por seu corpo e beijou minha boca ardentemente, encostando o seu corpo ao meu.
Enquanto sentia minha boca ser atacada por sua língua, seus dedos em meus cabelos, impedi minhas mãos de tocá-la, embora eu desejasse ansiosamente isso. Os seus atos impensados me pegaram de surpresa. Essa proximidade não era tolerável, era martirizar os meus sentidos e arruinar o meu controle quando tento manter-me longe de cometer tolices.Lamentando por ser eu o indivíduo responsável pelos nossos atos, libertei-me de seus beijos ansiosos e a abracei, permitindo-me tocar suas costas nuas com as pontas dos meus dedos.
—May, por favor... Não faça isso de novo... Se você soubesse o quanto eu estou vulnerável a você. — Supliquei e me soltei do abraço, dirigindo-me seguidamente ao banho.
Estava me sentindo com menos força do que a regular. Sentia um desejo impetuoso, intenso, de modo que estava a beira de perder o controle. Necessitava atenuar essa ambição por ela, só assim não cometeria atos impróprios que impugnem os limites impostos por ela. Devia retrair-me para que os seus planos fossem seguidos, como prometi.
**
Com a auto-satisfação resolvida durante o banho, a gravidade da situação foi diminuída, assim eu poderia voltar para o quarto sem ameaçar sua virtude.
Ela já estava deitada na cama de pijama longo amarelo quando voltei de short e sem camisa. Sorriu ao encontrar os meus olhos.
—Vem... — Abriu os braços e me chamou.
Sentindo-me rico de várias maneiras ao ter seus braços ternos estendidos em minha direção, deitei-me em cima dela, segurando o meu peso nos braços e na perna que separava as suas. Sua pele quente e macia mesmo protegida pelo pijama me aqueceu, deixando-me confortável e acolhido. Abracei-a e deitei a minha cabeça entre os seus seios enquanto ela acariciava os meus cabelos com os dedos. Agora, com o desejo acalmado, tudo que eu ansiava eram sua presença, seu abraço e sua ternura.
—Sabia que essa é a primeira noite que dormimos juntos em que estamos sóbrios e bem? — May citou pensativa.
—Como assim?
—Na primeira noite na Capital estávamos brigados, e na outra noite eu estava bêbada. —Citou distraída.
Eu relutava em pensar naquela noite... Preferia que ela nunca tivesse existido.
—Espero que ainda existam muitas outras noites em que estejamos bem e sóbrios para dormirmos abraçadinhos. — Vaticinei sonhador e a abracei mais. Estar ali era como estar em um paraíso distante e sonhado. Algo que eu iria almejar incessantemente quando estivesse longe e não tivesse mais os seus braços me acolhendo.—Senti tanto a sua falta, Wiliam... —Disse triste. — Queria tanto ter ficado com você desde o dia em que você chegou. —Lamentou com olhos distantes.
A acusação nas entrelinhas me cortou como uma navalha, mas não pareceu ter sido proferida com o intuito de me atingir. Ainda assim, eu queria ter o poder de voltar no tempo e resgatar as oportunidades perdidas. Talvez ela me perdoasse se eu fundamentasse o real motivo da distância. Mas até o momento ela não deu abertura para dialogarmos sobre o assunto! Bem, talvez esse tema lhe traga feridas irreparáveis, e ela ainda não esteja preparada para conversar. Nem eu posso me perdoar pela tristeza profunda e duradoura que senti, quando a sensação de perdê-la para sempre me transformou em um decadente a beira da ruína.
—Sonhei muito com esse dia... —Continuou. — Estar bem com você... Passar uma noite todinha abraçada a você. — Sorriu carinhosamente e continuou a passar os dedos insistentemente em meus cabelos molhados, com um afeto reconfortante.
Ela não sabia, mas seus braços era o lugar que eu queria estar sempre, era o lugar que me trazia abrigo e bem estar. Eu queria ter, como ela, facilidade em falar tudo que penso e sinto, mas não tenho forças, nem coragem. Não encontro palavras para expor. Não devia, mas ainda me sinto tímido perto dela, quando ela é perfeita e resolvida, sensitiva e perspicaz. Ainda me sinto pequeno diante da sua grandeza de pessoa, e isso me retrai.
Angustiado por minha covardia, deitei ao seu lado e me inclinei ao encontro do seu rosto, beijando cada cantinho seu: queixo, mandíbula, bochecha, pálpebras, testa. Beijei cada pedaço declarando com beijos que a amo como se fosse minha vida. Ela me abraçou fortemente, colocando a perna entre as minhas e encaixou minha boca em seus lábios.
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Amor VS Poder
RomanceMay é uma das herdeiras de uma influente organização de notícias e publicidade do país. Musicista alto astral, apaixonada pelo pai e unida aos irmãos, vive num mundo em que luxo e riqueza são parte de quem ela é. Ao conhecer o filho humilde de uma...