Capítulo 32

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May
Depois do esclarecimento, concluí que não importava a chantagem ter sido feita Ashley ou não. Ela mereceu os tapas que levou por ter induzido Koko. Não me arrependi da cena, em absoluto, embora minha ousadia tivesse me assustado. A raiva por vê-la tocando em Wiliam me cegou, fazendo-me esquecer minha situação. Fui tola, em certa parte. Tudo poderia ter dado errado. Um simples chute, ou uma cotovelada poderia machucar o meu pequeno sonho. Sorte não ter tido um efeito maior, a não ser pela vergonha e exposição.
De agora em diante, eu teria que me manter responsável.
Durante o trajeto para casa, em todo o tempo meus irmãos riam, faziam piada. Encolhi-me, envergonhada. Sebastian sorria orgulhoso de Angelique.
‒Cara, você viu como minha Angie parecia uma garota super poderosa dando o golpe na magrela? ‒ beijou Angie na cabeça ao entrarmos no hall de entrada do prédio. ‒Viu como valeu a pena ter ido para o Jiu Jitsu comigo? Você protegeu a família ‒ adulou-a. Ela sorriu lisonjeada.
Depois de um banho, Wiliam passou gel para dor em minha mão. Ela ainda estava fragilizada por causa da concussão há duas semanas no acidente, e o tapa na cara da Ashley fez doer mais. Wiliam segurava na boca um sorriso presunçoso. Parecia tão surpreso quanto eu pela minha atitude. Eu evitei comentar. Sempre me envaideci por meu extremo equilíbrio e segurança, e agora desci do salto. Seria constrangedor ter que carregar isso a vida toda: O dia que May deu na cara de uma loura que dava em cima do Wiliam.
Deitei de costas, meio aborrecida comigo. Ele se aconchegou ao meu lado, com uma perna sobre mim.
‒Por que está brava, kitten? ‒ Ele afastou o meu cabelo e deixou livre o pescoço para seus beijos.
‒Estou com raiva de mim. Fui uma barraqueira. ‒ Resmunguei.
‒Bom, não vou dizer que na hora eu não fiquei assustado, porque eu fiquei. Mas a lembrança da sua carinha... Hmmm... ‒ Ele puxou meu rosto e roçou o nariz no meu. ‒... Foi excitante... Estou aqui formulando uma maneira de te brava daquele jeito de novo. Adorei ver você furiosa ‒ sorriu malicioso e mordiscou meu queixo, rosnando.

‒ Você quer é me deixar melhor ‒ acusei desconfiada. Ele fez cócegas com a boca no pescoço.
‒Assim, você podia ter se controlado e evitado estar no Youtube amanhã ‒ zombou. Eu rolei os olhos. ‒Mas eu não tiro a sua razão. Quando seu pai me contou tudo, eu tive vontade de torcer pessoalmente o pescoço dela. Porém, a culpa da chantagem não está sobre ela. Ela não tem competência suficiente para isso. ‒ Ele torceu os lábios em um sorriso sugestivo.
‒Mas por que você afirma que foi Koko? ‒ questionei enquanto desenhava sua sobrancelha perfeita, matando a saudade que senti durante o tempo em que tudo era incerto.
‒Além de ela ter acusado, eu tenho vários motivos relevantes para deduzir isso. Ele queria ver algum lado da minha vida falir, já que em vários aspectos eu desponto, em oposição a ele que precisa ser capacho para ter algo.
‒Isso não é motivo para ele fazer o que fez. Foi um crime ‒ ressaltei indignada.
‒Bem, eu suponho também que haja algum dedo do senador querendo unir o útil ao agradável. Ele teria um sucessor, ainda agradaria a filha lhe dando um mimo ‒ concluiu tranquilo.
‒E como você está com isso? ‒ questionei insegura.
‒Eu já tinha decidido o que queria. Isso só me decepcionou mais um pouquinho ‒ lamentou e beijou minha testa.
‒E o que pretende fazer daqui para frente? ‒ fui direto ao ponto. Era primordial saber. Ele devia estar sem rumo.
‒Bom, seu pai me disse que Iam descobriu algumas provas e amanhã iremos conversar sobre isso.
‒Quê? ‒ franzi o cenho, alerta. ‒Meu pai não tinha falado sobre Iam ‒ comentei perplexa, mas agradeci mentalmente que ele não tivesse me falado. Se não, não teria sido como foi.
‒Ele teve os motivos dele ‒ justificou compreensivo. ‒No que se refere à minha vida profissional, vou confrontar o senador e Koko e depois dar baixa no registro de candidatura ‒ explicou e descansou o rosto no travesseiro. Eu bocejei. ‒Depois disso, volto para Seattle ‒ informou inexpressivo.

Eu me posicionei para dormir, encaixada de conchinha nele. Sua mão descansou em minha barriga. Fiquei tentada a falar sobre o bebê, mas reservei a revelação para um momento especial. Senti sua respiração se tranqüilizar em meu cabelo. A madrugada cobrava nosso cansaço.
‒Wiliam, você não vai mais casar comigo, não? ‒ indaguei em dúvida. Ele parecia fugir do tema. Seu silêncio nos instantes seguintes me deixou insegura.
‒Vou. Mas não tenho data. Eu não posso simplesmente casar com você sem ter uma perspectiva de vida ‒ informou sério. Meu coração doeu. Não ter uma data me machucou. Eu queria muito me casar, nem que fosse em um ano, dois. Sua falta de perspectiva e fé me magoou. Eu não queria vê-lo desiludido. Eu o apoiaria no que ele quisesse ser.
Eu sentei, posição indiana, e encarei-o.
‒Wiliam, você pode seguir em frente na política que eu vou aonde você for. Estarei com você no que você escolher. Todas as certezas que eu busquei, hoje eu tenho. Então, se você perceber que o senador não é culpado e ainda quiser ficar com
ele, pode ficar. Se você optar por ficar com o pai da Sô, pode ficar. O importante é que você esteja feliz ‒ incentivei-o calorosa.
Ele sorriu e me puxou para cima dele, abraçando-me forte, cheio de cumplicidade. ‒Ouvir isso me deixa com mais opções. Mas eu ainda vou pensar ‒ sentenciou. ‒May, me responde uma coisa... Eu já imagino o porquê, mas eu queria ouvir de sua boca o motivo de você não ter me falado sobre a chantagem.
Agora eu não precisava mais esconder esse sentimento que eu tinha. Ambos deveríamos ser abertos.

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