Capítulo 11

622 26 0
                                    

Narrado por May
Após um tempo de música, as dúvidas queriam voltar a encevar-se no meu coração, mas eu lutava para prolongar o máximo que pudesse a minha fugaz felicidade. Não pensei que ainda seria possível encontrá-lo depois do último telefonema. Não este ano. Vê-lo na porta foi como ver um sol a meia noite.
Ele quebrou várias barreiras por mim hoje. A primeira foi ter vindo a uma festa que não é do seu meio social e costume. A segunda foi ter usado o terno que eu comprei. Ultrapassou mais um limite seu, o de sua personalidade orgulhosa. Isso me traz esperanças de mudanças. A terceira, e que massageou o meu ego, foi assumir ciúme. Ciúme está relacionado a medo de perder e, se ele tem medo de me perder, é porque eu tenho algum valor.
De tudo, o que trouxe mais alegria foi o fato dele ter me escolhido. Mesmo que momentaneamente, mesmo que por dois meses, ele me escolheu. Um lado meu não queria se entregar, argumentando que ele poderia simplesmente chegar amanhã e mudar de idéia... Como já ocorreu antes. Porém, embora eu não saiba ainda o que será do nosso amanhã, as possibilidades mínimas me satisfazem. Será que é falta de orgulho consolar-se com migalhas?
Esse meu novo lado pessimismo me atormentava e não me permitia mais confiar totalmente. No entanto, não podia deixar esses pensamentos enraizarem. Não esta noite. Esta noite eu seria dele.
—Wiliam, pega um drink de morango para mim. —Pedi precisando de coragem para levar adiante minha decisão. — Acho que eu já tomei tanto champanhe hoje que meu corpo criou resistência.
—Você está com intenção de embebedar-se? — Segurou o meu queixo desconfiado. —Não, é só para relaxar enquanto o tempo passa.
Ele deixou-me encostada à mesa e foi até o bar no centro do clube. Meu pai e irmãs já tinham ido embora. Só Sebastian nos observava à distância. Wiliam voltou com uns drinks, entregou-me o copo e voltamos a dançar.
—No que está pensando, May? —Questionou preocupado. —Ficou tão apreensiva de uns minutos para cá. — Pôs a mão atrás da minha nuca para erguer meu rosto.

Eu não queria estragar o momento. Precisava ocultar minha tensão. —Como você conseguiu o convite? —Perguntei com um sorriso forçado. —Seu irmão me deu segunda-feira, lá na sua casa.
—Sério? — Ofeguei surpresa e olhei em direção a Sebastian que beijava a garota que há pouco conversava. Por que ele não me contou? Por isso ele ofereceu o convite para a irmã do Poncho e não para Wiliam! Meu irmão está realmente tentando me agradar. Mas por que aquela conversa do Wiliam não ser o melhor? Ele deve ser bipolar mesmo. Ou deve estar sendo pressionado por meu pai.
—May, como é o nosso plano? Que horas pretende sair daqui?
O plano...? Hum... Oh, senhor, não tinha planejado isso para agora... Ainda tenho dúvidas ... Talvez por causa da inexperiência. Lá fora eu estava atordoada, movida por uma paixão arrebatadora. Mas agora, o efeito do álcool se ia...
—Há algum problema? — Questionou ao ler minha indecisão.
—Wiliam, me beija. — Pedi cheia de medos. Ele beijou-me carinhosamente, muito doce e gentil.
Eu precisava levar a minha coragem à frente. Cheguei até aqui e devia seguir adiante. Vai trocar o seu corpo pela presença dele? Minha parte insegura e pessimista perguntou. Não foi anteontem que você disse que não iria mais fazer isso: tentar prendê-lo com a fome que ele tinha do seu corpo?
Tomei um gole imenso de drink. Só assim eu calava aquela voz inoportuna que me atormentava. Ele gosta de mim, argumentei mentalmente. Ficou claro isso por meio de suas atitudes. Por que desistir de ter hoje uma noite de amor?
Após dois copos de vodka com morango, eu senti novamente a animação do álcool queimar meu sangue. O gosto da fruta, misturada com os lábios doces do Wiliam eclipsaram os questionamentos. Eu queria esquecer tudo e explorar tudo que tivesse direito.
—Se continuarmos bebendo assim iremos ficar bêbado. — Wiliam avisou sorrindo bobo em meu pescoço.

—É só continuarmos dançado que o álcool evapora. —Abri um botão de sua camisa e beijei seu peito. —Relaxa, anjinho, é Ano Novo. Ainda não são três da manhã. Vamos dançar mais uma hora e podemos ir. —Abri mais um botão para beijar. —Faz assim, vai lá e pede para o garçom preparar os drinks e nos servir aqui.
—May, eu não vou fazer isso... —Negou balançando a cabeça. —Daqui a pouco não paramos em pé. Além disso, eu não vou pedir para o garçom nos servir aqui, se eu posso ir lá. —Resmungou contrariado.
Eu subi com beijos para seu pescoço, rindo compreensiva com sua falta de costuma com festas deste nível.
—É só pedir que ele vem. — Eu disse, carinhosa. —Não se preocupe, é o trabalho deles. E esses drinks têm mais açúcar e gelo que vodka. Não vamos ficar bêbados. —Garanti.
—Eu não quero pedir isso. Se você quiser, vou lá dez vezes e volto. — Relutou.
—Meu futuro embaixador dos Estados Unidos da América... —Bajulei, segurando seu rosto. — Você acha que quando tiver poder, vai buscar seus próprios drinks? Já que você gosta de viver no futuro, vamos viver de agora. Um dia você vai ser servido e tem que começar a se acostumar, embaixador.
Um brilho brotou em seus olhos, e ele sorriu, facilmente convencido. Saiu decidido, buscou mais dois drinks e conversou com o garçom.
—Você tem que aprender a se comunicar e a delegar, meu embaixador. — Continuei bajulando quando ele voltou. —Sempre vai ter pessoas trabalhando com você e para você. Não vai poder fazer tudo sozinho. A propósito, o senhor está muito elegante com esse terno. — Descontraí passando as mãos em seu peito, por baixo do terno. Ele sorriu tímido. Eu continuei. —Aliás, elegante não, irresistível, bonito, gatão mesmo! — Sorri de sua timidez, aproximei o nariz de seu pescoço e inspirei o seu perfume. —Adorei que tenha usado o relógio e o perfume. Gostou do sapato?
Ele ficou repentinamente sério. —May, eu gostei de tudo. Não tem do que não gostar, obrigado... Eu sinceramente não sei como agradecer. E fico constrangido com o fato de realmente precisar.

Amor VS PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora