Capítulo 15

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Narrado por May
Na segunda semana de junho, eu estava em uma festa de aniversário de uma funcionária, a Tammy, na casa dela, com os funcionários do administrativo. Deixei meu pai conversando com Barbara e alguns funcionários, avistei a filha da dona da casa saindo de dentro um cubículo perto do jardim e franzi o cenho curiosa ao ver Brandon sair logo atrás.
—Ai está você. — Sorri. Ele limpou a boca com o dorso da mão e arrumou a calça estranhamente. —O que você fazia aí?
—Advinha. —Arqueou a sobrancelha malicioso.
—Você estava beijando aquela menina? — Apontei para dentro horrorizada pela idade dela, parecia novinha.
—Beijando é? — Sorriu cínico como se eu estivesse contado uma piada e sentamos em um banquinho do jardim. Ele tinha cheiro de bebida.
Eu entendi a indireta e abri a boca horrorizada.
—Nossa, você mal conheceu ela! — Censurei abismada em como as pessoas levam sexo na brincadeira. —Ela é filha de uma colega de serviço. Devia ter consideração pela mãe dela. — Ressaltei séria.
—May, foi ela quem me chamou para lá. Foi ela quem estava de saia. Foi ela quem quis... As meninas hoje são assim. —Defendeu-se.
Eu balancei a cabeça.
—Você não se valoriza, se fica com pessoas assim. — Espetei desgostosa.
—Sou homem. E não tenho ninguém que me prenda. — Ele aproximou-se mais. —Se eu tivesse alguém igual você, com certeza eu pararia com essa vida. — Virou-se e pegou um drink com o garçom. —Como não tenho, vou continuar curtindo. Sou de todas. Inclusive no dia que quiser um carinho, enquanto o príncipe não vem, estou disponível. — Sorriu e bebeu mais vodka.
—Eu não vou mais ficar perto de você se você começar com essas brincadeiras. Somos profissionais e nossa amizade não tem nada a ver com vida pessoal. — Cortei-o séria.
—Não estamos no trabalho, querida. E não é só amizade profissional, se não, você não teria perguntado se eu estava beijando aquela menina. — Ele lembrou divertido.

—Eu perguntei porque achei um absurdo seu desrespeito. Mas tudo bem, prometo não perguntar mais nada da sua vida. — Cruzei os braços me recriminando pela intromissão. Um silêncio incômodo nos envolveu.
—Então, já decidiu para qual faculdade ir? — Ele começou disposto a amenizar o clima.
—Estou vendo ainda... Não sei... Estou pensando em fazer Negócios e Gestão. Acho que Administração não é o que eu preciso... Talvez eu vá fazer na capital. — Respondi sem vontade. —Quer ficar perto do namoradinho, é? — Ironizou. —Eu já pedi para parar. — Me preparei para sair.
—May, espere um pouco. — Pediu. Eu esperei em pé ao seu lado. —Sente aqui um pouquinho. — Apontou para o banco com olhar amistoso, e eu sentei novamente. —Esquece o Brandon profissional agora, me veja só como pessoa. Não consigo mais esconder: sou apaixonado por você. — Expôs tranquilo. Arregalei os olhos surpresa. —Mas eu não estou pedindo nada. Só quero te deixar informada que se um dia você terminar com o seu namorado e quiser experimentar algo novo, eu estou aqui. Se acontecer de querer ficar com alguém diferente, beijar, dançar ou mesmo por só uma galha no namorado, eu vou estar te esperando. É sério. — Ele sorriu meio triste. — Lógico que enquanto você espera o príncipe encantado, eu estarei curtindo. — Ironizou de novo. —Mas é só você estalar os dedos que eu estou a sua disposição. E serei fiel. — Concluiu com olhos intensos.
Eu perdi as palavras. Ele foi tão natural e sincero que não pude censurar.
—Tudo bem. — Foi o que consegui dizer. —Er, tô indo embora. Vou só avisar ao meu pai. Até sábado. — Balbuciei embaraçada. Ele me jogou um beijo sorrindo, e eu saí balançando a cabeça.

Sábado seguinte, o dia no jornal foi produtivo. Brandon passou o dia comigo e nem tocou no assunto que conversamos na quarta. Até que eu me sentia lisonjeada em saber que tinha um homem bonito como ele interessado em mim, afinal, Wiliam também é cheio de admiradoras na faculdade e trabalho. Principalmente Sophia. Sei que desconfiar dele é duvidar de sua pessoa e de sua essência. E se não por crédito em sua palavra, estou margeando dúvidas em tudo que ele diz que é. Acreditar em fatos como: ter sido seu primeiro beijo, dele não ter ido para cama com ninguém, torna-se infundado se eu der asas a questionamentos duvidosos. Então, resta-me acreditar em tudo, independente das atitudes de qualquer mulher que o cerque. Ainda assim, como todo ser humano normal, massageia meu ego saber que Wiliam não é o único com admiradores.
Quando eu chegava em casa do jornal à tarde, encontrei Sebastian na sala com um sorriso triunfante no rosto.
—Viu o passarinho verde? — Perguntei e o abracei. Desde que ele começou a ver Angelique, vinha da Califórnia pelo menos três vezes no mês.
—May, ela aceitou namorar sério comigo! — Revelou entusiasmado, mostrando a aliança de prata.
—Puxa, até que enfim né! Mais de seis meses você na cola dela roubando beijos! — Comentei e me encostei ao corrimão da escada.
—Bom, ela só impôs horário da chegada e saída e não quer que eu fique cobrindo ela de presente, só isso. — Expôs satisfeito. —Legal!
—Eu vou casar com ela... — Declarou orgulhoso.
—Credo, Sebastian! Mal começaram a namorar. —Censurei brincalhona. — Vai casar antes dos vinte é?!
—Ela é mulher para se casar.
Abri a boca surpresa com sua convicção. As pessoas tinham que se conhecer antes de casar, não?!
—Por que quer se casar rápido?
—Responde você: por que as pessoas demoram a se casar?
—Hum... Porque esperam terminar a faculdade, comprar uma casa, ficar mais velhos, se conhecer melhor... Acho que é isso. —Enumerei com objetividade.
—Você se casaria com o seu caipira hoje? — Questionou curioso. —Sebastian! — Chamei sua atenção.
—Desculpa. Com Wiliam.
—Acho que não.
—Por quê?

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