Capítulo 25

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Nossa rotina se repetiu no decorrer do ano. Wiliam continuou vindo à Califórnia de quinze em quinze dias nos fins de semana, como combinamos. A grade horária dele mudou e ficou reduzida, deixando livre todos os dias à tarde e um dia pela manhã. Às quintas-feiras. Assim, ele podia vir com o senador todas às quartas.
Quarta era dia de aula de Economia Avançada, uma aula que ganhava minha concentração por eu ter facilidade. Sentei na frente para ter atenção na matéria nova. O professor desenhou um gráfico no quadro parecido com os que eu analisava com o meu pai. Colocou freqüências e escreveu algumas perguntas no quadro. Eu peguei minha calculadora científica e testei meus conhecimentos fazendo cálculos.
—Analisando este gráfico, qual a probabilidade dos lucros desta empresa atingir dois milhões? — Ele perguntou. A turma não poderia responder. Não tínhamos o assunto estudado ainda.
Apliquei a fórmula que aprendi recentemente e cheguei a uma resposta. Chamei o professor e mostrei os cálculos.
—Já fez Estatística Avançada? —Ele questionou curioso. —Não. Mas meu pai trabalha com esses tipos de gráficos. —Qual é a empresa do seu pai?
—Levy & Associados. —Jornal impresso, não é?
—Noticias, publicidade e comunicação. —Expliquei tranquila.
—Bom, você está bem adiantada. Fique aqui na frente para eu te dar mais atenção.
Satisfeita por ver respostas ao meu esforço, me apliquei em praticar. A aula se passou rápida. O sinal tocou, e Vick e July, minhas colegas de sala, me esperaram para o almoço. Acompanhei-as pelo corredor principal conversando animada rumo ao refeitório. Ao descermos as escadas, urpreendentemente avistei um homem lindo de bermuda jeans, tênis e camiseta azul, com a bolsa do notebook ao lado. Suspirei fascinada. Ele destoava com o local com sua aparência angelical.
—Quem é? — July cutucou o meu braço ao ver que ele sorria em nossa direção.

—É o meu namo-noivo. — Soltei o ar. —Tchau, gente. — Despedi e andei rápido em direção a ele. Eu queria correr e rodear seu pescoço, como aqueles filmes românticos. Já fazia uma semana que não nos víamos, porque fim de semana passado fui para Seattle, então sentia muita saudade.
—Olá, namorado! — Dei-lhe um beijo estalado.
—Namorado não, é noivo. — Corrigiu e deu-me um abraço grande, que me cobria toda. O termo noivo ainda não me era familiar. Uma menina de dezenove anos casar-se ultimamente era raro. Mesmo assim, era uma decisão que alegrava meu coração. Sim, noivo! —Saudade de você, minha noiva. — Ele sussurrou e plantou beijos no meu rosto, sem soltar do abraço aconchegante.
Ainda que tivéssemos num corredor movimentado, nada parecia incomodá-lo.
—O que vamos fazer? — Perguntei eufórica. —Vamos embora? — Sugeri animada. Queria passar a tarde todinha curtindo ele, de preferência assistindo filme e comendo pipoca na cama.
Ele fez tsc tsc, balançando a cabeça.
—Não. Vamos almoçar, depois você vai voltar para a sua sala, e eu vou estudar na biblioteca. — Sentenciou sem me dar chance de argumentar, pegou minha mão e caminhamos para o restaurante fora da Universidade.
—É sério que você veio estudar? —Censurei incrédula. —Veio essa distância para estudar?
—Em primeiro lugar, eu vim te ver e almoçar com você. —Ressaltou. —Mas nossas responsabilidades têm que ser priorizadas. Você precisa estudar, e eu também, então se era para estudar lá ou aqui, eu preferi vir estudar aqui. — Explicou e apertou minha bochecha como se explicasse para uma criança. —Mais tarde iremos juntos para o apê e podemos sair à noite, se você quiser. — Adicionou bajulador.
—E você veio de quê? Que horas resolveu vir?
—Acordei com saudade de você, coloquei uma bermuda, peguei um avião e vim. — Sorriu. —Amanhã eu volto com o senador.

—Que bom que veio. É bom saber que meu nam...noivo está agindo como um cara normal, tipo indo à universidade da namorada. — Comentei alegre. Entramos nos restaurante lotado de universitários, escolhemos um local para colocar nossos materiais e nos dirigimos para o buffet. — Tive aula de Economia Avançada e adorei. Acho que estou bem. Daqui uns dias vou conseguir investir sozinha nosso dinheiro.
—Nosso dinheiro? — Ele juntou a sobrancelha ao tempo que servia salada.
Terminamos de nos servir e sentamos à mesa.
—Sim, nosso. Também tem dinheiro meu. Eu não disse que estou guardando?
—U-hum... Não tente me enrolar, May. — Alertou e levou o garfo a boca bem humorado. —Você não confia em mim? — Pus a mão sobre a sua.
—Lógico que sim. Só estou preocupado em você fazê-lo multiplicar sem dar um fundamento lógico. Eu já conheço você. — Acusou e encaixou a mão na minha.
—Pode deixar que com isso sou bem transparente. Tenho uma planilha com tudo anotado, caso você queira ver. —Defendi afetada. — Mas eu não sei porque a sua preocupação. Tudo que é seu é meu, e assim reciprocamente.
—Nós já tivemos essa conversa. — Lembrou sem mudar o humor, pegou uma batata frita e colocou em minha boca.
—Ok. Conta alguma novidade. — Propus.
—Hmmm, só tenho uma novidade. Eu te falei de um projeto que fiz no ano passado e o senador não se interessou? — Lembrou animado. Eu assenti. —Pois é, eu o dei para Sophia, e ela mostrou ao pai dela, então ele mandou para as comissões e entra em pauta para votação esta semana. Eu fico feliz por algo que eu tenha idealizado ter chances de aprovação novamente.
—Mas como é isso? Seu nome vai estar no projeto de lei? — Perguntei curiosa, voltando minha atenção para salada.
—Não exatamente. Eu mando um projeto, se as comissões aprovam sem alterações, e estes chegam rápido às votações, meu nome fica conhecido nos bastidores. É algo simples, mas é um início para mim. Se algum dia eu precisar deixar o senador Evans, por exemplo, eu posso conseguir ser assessor de outro político.
—Por que o pai do Iam não quis?

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