Capítulo 34

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Perto de três anos de casados Wiliam
Deitado no bote, de olhos fechados, sentia falta de casa. A noite fria e maré calma proporcionariam uma pescaria com êxito, mas uma ansiedade inexplicável me agitava por dentro. As mulheres foram dissuadidas a não nos acompanhar na pesca em alto mar, mas hoje eu preferia estar com May. Se eu estivesse em casa, dormiria com persianas abertas para visualizar a lua de vários ângulos por meio da parede em L de vidro, o corpo de May colado como extensão do meu após termos nos amado.
Suspirei nostálgico, pensando nela e no futuro... Desejava que ela tivesse vindo para que eu não perdesse momentos dela, uma vez que nosso futuro estaria irresoluto daqui em diante. Sentei e puxei brevemente a linha girando a carretilha. No meu bote, Carlos cochilava e Poncho ouvia músicas em fones de ouvido. Sebastian, Christopher e Sam, pescavam em outro bote.
Desviei o olhar para Sam no outro bote e desejei que Carlos Neto pudesse ter vindo, embora soubesse que May não permitiria com menos de dez anos de idade. Alias, com sua superproteção, era provável que ele não pudesse antes dos 21. Sorri sozinho. E daí que ela mandasse e desmandasse lá?
‒Pai, tenho uma pergunta para te fazer. ‒ Poncho rompeu o sossego absoluto.
‒Se começar a conversar, vou te mandar para o outro bote, ou então vai ficar lá no iate ‒ ralhei sério. Ninguém o faria calar se não o limitasse. O barulho afastaria os peixes.
‒Deixe-o, Wiliam . Nós temos a noite toda ‒ Carlos intercedeu complacente.
Por isso Poncho não crescia, mesmo com 21 anos. Por mimos e concessões da mãe e agora do pai!
‒Sempre fazem o que ele quer desde criança ‒ resmunguei contrariado.
‒Inclusive você ‒ Poncho acentuou. Rolei os olhos. Ele começou. ‒Se eu casar com Anny, como vai ser? Eu tenho seu nome como pai na nova certidão, e ela também ‒ comentou sério. Atitude inusitada.
‒Vocês não tem ligação sanguínea. Vai ser fácil. Você está pretendendo casar? ‒ Carlos indagou divertido.
‒Não sei... Ainda tenho uma dúvida. Wiliam...
‒Hmmm ‒ murmurei sonolento e deitei novamente.

‒Eu não perguntei para o meu pai porque eu sei que ele, mesmo gostando da minha mãe, teve outras mulheres. Agora você pode responder.
‒Desenrola.
‒Tipo assim, eu amo Anny, mas às vezes eu olho para outras mulheres... Isso é normal?
Juntei a sobrancelha surpreso com a pergunta direta. Carlos olhou-me parecendo curioso com a resposta.
‒Por que eu tenho que responder isso? Seu pai deveria responder. Ele é mais experiente que eu ‒ tentei evadir, apontando-o.
‒Você é o ideal porque gosta da May desde que virou homem. Ela te resgatou do mundo das futuras bichas ‒ zombou. Eu fiz tsc tsc. Ele era impossível. Eu sentei vencido por sua insistência e fixei o olhar adiante. Pequenas ondas acertavam o bote, balançando de um lado para o outro. Eu organizei mentalmente respostas que não os faria me julgar obsessivo.
‒Bom, mulheres são seres admiráveis. A estrutura corporal é bem feita, desenhada, agradável aos olhos. Acho normal que você as ache bonitas ‒ponderei neutro.
‒Então você acha outras mulheres bonitas? ‒ questionou interessado e acusador.
Rolei os olhos.
‒É lógico que acho ‒ assegurei sincero.
‒Então mata uma curiosidade aqui, você achava aquela gostosa da noiva do
Brandon bonita? ‒ quis saber com ar conspirador.
‒Sim. E é aí que está a diferença. Eu a achava bonita, mas era como se ela fosse
uma boneca inflável. Ela era vazia para mim. ‒ Dei de ombros, torcendo os lábios em uma careta de descaso. ‒Amar é muito mais que beleza e afinidade. Não importa se a garota é a mais bonita do mundo. Lógico que May é linda para mim, porém, só isso não importa. Um dia iremos envelhecer e a beleza se vai. O que vai ficar é o que construímos juntos, que é o amor, cumplicidade, companheirismo, família. Diz para mim: quando você fecha os olhos e pensa em futuro, em qual mulher você pensa? Com qual mulher você pensa em passar o resto dos seus dias?
Ele sorriu sonhador. ‒Anny, claro ‒assegurou sem dúvida e olhou-me grato. ‒Véi, eu adorei conversar com você. Tu é o cara!
Notei o bote de Sebastian se aproximar, ficando ao nosso lado.

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