Capítulo 8

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Sorridente, desci, e encontrei assistindo TV Sebastian , Poncho e Anny. Joguei-me no sofá para assistir com eles e esperar o tempo passar.
—May, por que você deixou a gente tocando sozinho e nem avisou que vinha embora? — Sebastian perguntou, aparentemente chateado.
—Porque Wiliam passava mal. — Expliquei despreocupada. —E você é médica? — Zombou mal humorado.
Sacudi a cabeça com incredulidade e sorri. Incrível, Sebastian dava um passo para frente e dois para trás! Só podia ser bipolar. Ontem mesmo foi cortês com Wiliam e hoje vem me criticar! Vai entender!
—Dá um tempo, Sebastian . Por que essa implicância com Wiliam ? — Perguntei tranquila. Eu não queria brigar. Tinha muitos motivos para estar feliz essa manhã e não ia deixá-lo mudar isso.
—Não é implicância, May, é que pra mim nada mudou. Eu continuo não achando esse lance de vocês o melhor para você. — Resmungou. Até que eu entendia Sebastian , em partes. Em seu lugar, eu também ficaria desconfiada se tivesse uma irmã na mesma situação turbulenta que eu.
—E quem é o melhor para mim? — Questionei tranquila e olhei para Poncho , que não teceu nenhum comentário sobre a discussão e fingia não ouvir.
Sinceramente eu queria ouvir os argumentos de Sebastian . Como ele não respondeu, eu me levantei e fui à cozinha.
—May, e o que você fez com ele? — Sebastian apareceu minutos depois quando eu batia uma vitamina de morando. Ele devia estar preocupado com a nossa amizade de irmãos, isso eu podia entender, mas ele me ofendia quando criticava minhas escolhas.
—Eu o trouxe aqui para casa. Está lá em cima. — Respondi naturalmente e derramei o suco no meu copo, depois sentei-me à mesa.
—O quê?! Ele está aqui?— Perguntou alarmado. — E meu pai sabe disso?
—Sim, foi ele quem falou com a mãe dos meninos avisando que eles iriam dormir aqui.
Sebastian ficou me olhando minutos, depois deu um suspiro vencido.
—Sabe que está me devendo uma, né? Odeio tocar sem base. — Mudou de assunto e fez uma cobrança que soou carinhosa.
—Foi uma emergência, você sabe que eu não costumo te deixar na mão. — devolvi o carinho na voz.

—Sabe, May, tocar com vocês não é só um compromisso. Quando toco, eu mato a saudade que sinto de vocês por morar na Califórnia. Eu adoro tocar com vocês. Eu poderia tocar para qualquer banda grande e famosa, em qualquer lugar, como tenho tocado às vezes na Califórnia. Mas eu gosto de tocar é com vocês. Mesmo que seja só nas férias, mesmo que seja em festinhas de fundo de quintal, mas é o momento em que eu sinto a nossa família unida, e isso é importante pra mim. Não tem nada mais importância pra mim do que ver minha família sincronizada e feliz. — Explicou.
Suas palavras soaram como cobrança. —Sebastian, foi a primeira vez. — Argumentei novamente.
—É isso! A primeira vez... —Jogou as mãos no ar. — A questão, May, é que você fica muito diferente quando está com ele. Deixamos de ser prioridade na sua vida.
Eu não consegui me conter e sorri de sua cobrança bizarra. —Você está com ciúmes? — Abri a boca cética.
—Não é ciúmes, é preocupação. Com esse cara você tem extremos de irresponsabilidade, de chatice, às vezes de tristeza e depois de felicidade. Eu acho o seu comportamento estranho. Isso que você sente é esquisito. — Concluiu chateado.
—Isso é gostar, Sebastian. Você nunca gostou de ninguém e não sabe o que é isso. Gostar é uma falta, uma saudade antiga quando se está longe. É algo que eu não consigo controlar. — Ponderei como expôr algo tão intenso somente com palavras para uma pessoa que não conhece o amor. —A nossa ligação não é só atração. Encaro a gente como duas partes de uma maçã, uma espécie de almas gêmeas, que quando se juntam se completam. É um sentimento único e verdadeiro. Mesmo que tenhamos problemas que nos põe em extremos, somos felizes quando estamos pertos. — Disse pausadamente, tentando solidificar a nossa amizade de irmãos.
Ele me olhava com descrença.
—Bom, May, como você disse, eu não sei o que é isso. Na verdade, nem me interesso em saber, porque se for para ficar louco assim, ao ponto de forçar a presença dele aqui quando é óbvio que ele não é bem-vindo, eu prefiro não saber, ou... Prefiro escolher melhor.

Amor VS PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora