Comportamento

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–O processo judicial vai durar cerca de 4 meses. –Henry dirigiu a palavra à Suzanne.

Quatro dias depois, ali Henry estava novamente, na sala de sua mais nova cliente e que já estava lhe trazendo certa dor de cabeça.

A mãe de Florence parecia chocada, e bom... não era para menos.

–O quê? –indagou com indignação na voz. –Isso é um absurdo!

Florence ouvia tudo por trás de sua porta e abraçava seus joelhos enquanto lagrimava. Ela não acreditava que aquele pesadelo duraria por 4 meses. Ao ouvir isso, a garota se levantou do chão e se deitou na cama, encarando a sua coleção de caixinhas de música na prateleira. Seria tudo diferente se o papai estivesse vivo, pensou.

–Eu concordo, senhorita Hill, mas o tribunal não tem como fazer a audiência nos próximos dois meses e o advogado do réu conseguiu estender o prazo por mais um tempo para preparar a defesa.

Suzanne apoiou os cotovelos nas coxas e uniu as mãos, olhando incrédula para a parede.

–Pense pelo lado bom: nós também teremos tempo para preparar a acusação, Suzanne. Está tudo sob controle.

A mulher de pele esbranquiçada encarou Henry e depois voltou à posição ereta de seu corpo.

–Senhor Cavill, eu não estou preocupada somente em preparar a acusação. –ela tentava ignorar o nó na garganta. –A minha filha está trancada naquele quarto. –Suzanne apontou e olhou para a porta rapidamente. –Ela não sai mais de casa porque tem medo. Medo do seu tio, medo dos homens...

Ela mordeu o lábio inferior e involuntariamente uma lágrima escorreu de um de seus olhos.

–É essencial que você leve Florence a uma psicóloga. Esse trauma só vai ser superado com tratamento, eu entendo perfeitamente que ela não queira sair daqui. –ele lançou um olhar confiante a ela. –Tranque a faculdade da Florence por um semestre.

–UM SEMESTRE? –a mulher arqueou as sobrancelhas.

–Sua filha precisa de saúde mental antes de enfrentar o mundo novamente, ela não pode simplesmente fazer malabarismos com a própria vida.

Pensativa, Suzanne suspirou pesadamente. Henry estava certo.

–Chame Florence aqui. Quero conversar com ela.

De prontidão, a senhora de 45 anos se levantou e caminhou até a porta de Florence, batendo algumas vezes nessa. Após alguns segundos, a garota apareceu vestindo uma blusa de mangas e uma calça de moletom. Seu rosto estava um pouco inchado e avermelhado, mas aquilo tinha se tornado até comum para Suzanne, o que era triste.

–O senhor Cavill quer conversar com você, minha filha. –ela sorriu fraco e pôs as mãos no rosto da menina, beijando sua testa.

Florence não demonstrou sentimento algum. A garota estava séria e sentia que era obrigada a obedecer a tudo o que a mãe dizia, portanto seguiu de cabeça baixa até o sofá e se sentou em frente a Henry Cavill. Enquanto isso, Suzanne fingia fazer alguma coisa na cozinha. Queria que Henry ficasse à vontade com Florence e a menina se acostumasse com sua presença.

O homem a encarava com um sorriso torto, mais uma vez tentando ser simpático.

–Boa tarde, Florence. –ele se inclinou um pouquinho para baixo para força-la a vê-lo.

Então quando ela o viu, desviou o olhar.

Henry suspirou e desistiu.

Ela era uma pessoa muito difícil de lidar e isso dificultava seu trabalho. Henry precisava do máximo de informações possíveis para traçar o perfil da garota e exercer seu papel de forma efetiva. Henry nunca havia perdido num julgamento, mas também nunca havia pegado um cliente que não colaborava. Esse era o caso de Flora.

Os lobos também amam || Henry CavillOnde histórias criam vida. Descubra agora