–Encosta o carro e sai. – falou o homem barbudo que estava sentado no banco do passageiro da frente.
Florence fez o que ele pediu e saiu dali com um nó na garganta e a expressão totalmente fechada, marchando em direção a sua mãe que lhe esperava do lado de fora do órgão que realizava a prova de habilitação para dirigir.
Suas sobrancelhas estavam quase unidas e ela fazia um bico nos lábios. Queria chorar de tristeza e de raiva, mas se recusava e engolia o choro para não dar esse gostinho aos que tinham aplicado a prova prática da autoescola.
Sua mãe envolveu o seu rosto com as duas mãos e lançou-lhe um sorriso amarelo, abraçando a menina. Florence mal moveu os braços para por nas costas de sua mãe.
–Tá tudo bem, filha. – ela se afastou. –Da próxima você passa. Vem.
Suzanne guiou a filha até o carro, e ao entrar, a menina escorou a cabeça na janela do veículo e logo ele se pôs em movimento.
Parecia mais um motivo para comprovar sua inutilidade. Florence se sentia um lixo, não conseguia fazer nada que prestasse! Era uma tola, uma boba, uma burra. De repente, começou a questionar sua existência de novo. Odiava ter de viver consigo mesma, com suas lembranças, com seus fantasmas, com seus milhares de defeitos. Então inevitavelmente uma lágrima caiu de um dos olhos, e quando chegou perto de seus lábios, ela esfregou o rosto com raiva.
–Vou deixar você na academia e depois você vai de uber para casa, ok? Preciso voltar para o trabalho.
Flora só assentiu. Preferiu ficar calada porque se abrisse a boca, era capaz de desabar. Parecia algo tão pequeno para os outros, mas para ela qualquer coisa importava e mexia com seu psicológico. Pensou em pedir para que a mãe a deixasse em casa, porém era mais longe e ela não queria atrapalhar a vida de Suzanne mais do que já atrapalhava. A mulher ficou afastada do trabalho por um mês enquanto recebia o dinheiro das férias, mas agora se fosse negligente com relação às faltas e horários, seria demitida.
Depois do que pareceu uma longa jornada até a academia, Florence e sua mãe se despediram e a menina se dirigiu até a entrada. Fez o procedimento para entrar e foi para a sala de defesa pessoal feminina.
Sua expressão era de alguém disposto a atacar qualquer um que lhe tocasse, por isso logo gerou olhares esquisitos.
–Está bem, Florence? – a professora perguntou um tanto preocupada.
A garota assentiu e falou um "estou" com a voz mais grave que o normal.
Na hora do intervalo, Flora era sempre a última beber água, já que sabia da quantidade de pessoas no bebedouro. Olhou no relógio e ele já marcava 10:20, portanto a menina pegou sua garrafinha, se levantou do banco da sala, e saiu dali.
Seu olhar já era um pouco mais cabisbaixo do que raivoso. Estava frustrada demais e não conseguia parar de pensar que ela só falhava.
–Hey! Faz tempo que não te vejo por aqui! – uma voz masculina soou alegre atrás de Florence.
Ela se virou com uma cara de poucos amigos para confirmar que era ele. Revirou os olhos e voltou a olhar para a água enchendo sua garrafinha. Não estava com saco para falar com ninguém e preferia assim. Tinha medo de revelar o quão sensível estava.
Henry arqueou as sobrancelhas, incrédulo com o ato de Florence.
–E faz tempo que não vejo esses olhos rolarem para mim, mocinha... – ele se pôs do lado dela, também a encher sua garrafa. Olhou de relance para Flora e voltou a conversar com a garota. –O que aconteceu?
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Os lobos também amam || Henry Cavill
FanfictionUm corpo machucado pode voltar a se regenerar. Uma alma machucada, dificilmente. Era pra ser só mais um caso de estupro nas mãos de um dos advogados mais conceituados de Los Angeles, mas as coisas foram muito além do que Henry Cavill esperava. Pâni...