Florence balançava os pés como se estivesse nadando com um pé de pato. A ansiedade fazia a garota se movimentar repetitivamente enquanto esperava sua vez para ser atendida na clínica da Dra. Abigail. Gostava de conversar com a psicóloga e sentia certo progresso desde que começou as sessões há dois meses e meio, mas a espera para Florence era torturante: sentimentos ruins começavam a tomar conta de seu corpo em virtude das lembranças. E ela lembrava de absolutamente tudo: da infância com o pai, da infância com o tio, da morte do pai, do estupro, do controle da mãe... E começou a se sentir sufocada.
A menina se levantou de onde esperava e foi em direção ao bebedouro que ficava do outro lado da sala. Pegou um copo descartável, encheu de água e bebeu dois goles, olhando para o lado e fitando de longe um homem alto, magro e loiro, segurando uma garotinha no colo.
–Puta que pariu, Henry, agora ela tá olhando pra mim.
–É só não dar mancada. Mais tarde nos falamos. –Henry desligou a ligação e Armie pôs o celular no bolso.
–Filha, só fale quando o papai mandar, tudo bem? –ele se dirigiu a loirinha que estava em seu colo.
–Tá bem, papai.
O loiro disfarçou a cara de preocupação e deu o melhor sorriso que pôde logo que percebeu que Florence o tinha reconhecido.
–Hey! – ela parecia surpresa e sorria ao caminhar até ele.
Suas roupas não estavam mais tão largas quanto da última vez que a viu, mas ela continuava vestindo roupas que cobrissem tudo. Armie, por sua vez, usava um terno preto e parecia estar pronto para trabalhar.
–Oi, Florence! Como você está?
–Estou indo. –Flora deu de ombros.
–Para onde? – o lado brincalhão de Armie logo se sobressaltou.
–Não sei... –fingiu olhar um relógio no pulso esquerdo. –Para a sala da Dra. Abigail, talvez.
Eles dois riram e Florence se concentrou na loirinha que brincava com um ursinho Pooh, desviando o olhar para Armie.
–Quem é ela?
–Essa é a Melanie, mais conhecida como Mel ou como o amor da minha vida. –Florence sorriu e fez um carinho no bracinho dela, julgou que a menina deveria ter uns 3 anos. –É filha da minha irmã que trabalha aqui na clínica. –Mel parou de brincar com o Pooh e olhou estranho para o pai, mas não desobedeceu ao comando que havia recebido minutos atrás. –A Jade ligou e pediu para que eu passasse na creche para pegá-la e deixá-la aqui. E eu, como o bom irmão que sou, fiz isso.
É só meia mentira, Armie tentou convencer a si mesmo. De fato, Jade tinha pedido para ele passar na creche e deixá-la na clínica. Mas Jade era sua esposa.
Florence parou de acariciar bebê e encarou Armie.
–Sabia que ela é muito parecida com você?
Armie sorriu orgulhoso.
–Todo mundo me fala isso. Quando eu ando com ela as pessoas acham que é minha filha.
–Ela é linda igual o tio. –Florence falou isso sem pensar muito bem e de repente sentiu um calafrio pelo seu corpo. Tio. Logo ela ficou séria e achou a menina calada demais, como se fosse um alerta instintivo. –Você não fala, bebê? Por que você não me dá um oi?
–Dá oi para ela, minha princesa. –Armie mexeu os braços como se instigasse a menina a falar. –O nome dessa menina bonita é Florence.
O elogio passou despercebido, visto que ela abominava tudo no corpo dela.
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Os lobos também amam || Henry Cavill
FanfictionUm corpo machucado pode voltar a se regenerar. Uma alma machucada, dificilmente. Era pra ser só mais um caso de estupro nas mãos de um dos advogados mais conceituados de Los Angeles, mas as coisas foram muito além do que Henry Cavill esperava. Pâni...