Um sorriso em meio ao caos

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Era sexta-feira. Fazia quatro dias que Florence evitava dormir ou só dormia umas 4 horas por dia. Fazia quatro dias que a menina havia tido um pesadelo no qual ela revivia tudo de novo. Fazia quatro dias que ela havia tomado vários remédios na tentativa de se suicidar.

A loira estava no quarto colorindo uma revista que Merida havia comprado para ela. De alguma forma, aquilo parecia desestressar momentaneamente. Mas as noites eram horríveis, visto que os flashbacks de seu tio insistiam em voltar.

Sempre que Florence ia à psicóloga, ela fazia perguntas e instigava a garota não só a desabafar, mas a refletir sobre os homens como um todo. De início, Florence se limitava a chorar, mas aos poucos foi se soltando e percebeu que conversar com a psicóloga realmente melhorava. O ponto era que Florence tinha adquirido Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), e com isso vinha: lembranças, sonhos, reações dissociativas, crenças negativas sobre si mesma e sobre os outros, estado emocional negativo persistente, comportamento irritadiço e autodestrutivo, hipervigilância, perturbação do sono e outras coisas mais. Isso explicava como Florence vinha agindo ultimamente.

Contudo, ela não queria esperar meses para que isso fosse embora. Ela só queria que acabasse! Era doloroso demais reviver aquilo quase todo dia e pensar que a realidade dela nunca mais seria a mesma. Enquanto os colegas de classe dela estavam estudando e vivendo como pessoas comuns, ela estava praticamente trancada em casa, com medo de tudo e de todos, com uma aparência deplorável, com o psicológico transtornado e lágrimas para dar e vender. A sorte foi que sua mãe a achou a tempo, a levou para o hospital e eles fizeram os devidos procedimentos para que Florence ficasse, no mínimo, estável.

Depois do ocorrido, Suzanne reconheceu que precisaria de um tempo fora do trabalho e felizmente seu chefe foi compreensível. Agora todos os dias Suzanne dormia com Florence e tentava acalmá-la sempre que algo acontecia. Além disso, logo que Merida soube da tentativa de suicídio, a ruiva fez uma lista chamada de "porquê continuar viva", comprou uma revista para colorir e foi para a casa de Florence levando um pendrive com músicas que pudessem torná-la mais forte ou pelo menos inspirassem ela, como Skyscraper da Demi Lovato e Be Alright do Justin Bieber. Suzanne era muito grata pela amizade de Merida e Florence. Ela com certeza não poderia ter amiga melhor.

Na sala, após o senhor Cavill ter dito à senhorita Hill como andavam os procedimentos para o julgamento, a mãe da garota chorava e sussurrava para Henry enquanto explicava e lamentava o que tinha acontecido dias atrás.

-É muito complicado, sabe? -ela apoiava o cotovelo direito em uma das pernas e tapava a boca na tentativa de abafar o choro. -Eu me sinto a pior mãe do mundo por não ter dado atenção suficiente a minha filha, por não ter pensado na possibilidade de o que poderia acontecer na casa do Vincent, pela minha superproteção de merda só ter prejudicado Florence a ponto de ela ter quase se suicidado!

Henry Cavill estava meio desconfortável com todo aquele choro. Ele não era nenhum conselheiro ou íntimo da família para fazer alguma coisa naquele momento. Sua função era outra, apesar de estar extremamente comovido com tudo o que aquela família estava passando.

-Florence é tudo o que eu tenho desde que meu marido se foi, e... -ela pausou para tentar formular sua fala. -Eu tive medo de vê-la crescer e ir embora.

Para não soar insensível, Henry elaborou algumas coisas rapidamente para consolá-la.

-Se culpar agora não vai adiantar, senhorita Hill. -ele lançou um olhar sereno a ela. -Se você acredita que não foi uma boa mãe, a hora de mudar é agora. Florence precisa do seu apoio e eu sei que você está disposta a fazer tudo por ela.

Ela limpou as lágrimas e assentiu com a cabeça, se controlando mais um pouco.

-Você aceita uma água? -ela perguntou forçando um sorriso.

Os lobos também amam || Henry CavillOnde histórias criam vida. Descubra agora