Se superar dia após dia

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POV FLORENCE

Ao som da minha finada One Direction, me arrumo para voltar para a faculdade. Quinta-feira, penúltimo dia de aula da minha segunda semana desde que voltei a estudar. Achava que talvez aquilo pudesse me fazer piorar devido ao fato de agora estar rodeada de rapazes, mas felizmente não foi o que aconteceu.

Tirando o primeiro dia – em que eu quase tive uma crise –, a minha readaptação àquele ambiente estava indo muito bem. O caso era que antes eu não sabia diferenciar os olhares masculinos direcionados a mim, e conforme o tempo passa, acredito que minha ingenuidade também vai junto. Claro que eu não costumo ficar sozinha com meus colegas rapazes, mas também não os trato mal.

No início fiquei um pouco acanhada, mas já consigo sorrir genuinamente para eles e dar-lhes um abraço sem me sentir esquisita. Agora sou muito observadora para perceber se há malícia ou não, e sou grata a Deus porque fora da minha sala eu pareço quase invisível naquela faculdade. As pessoas estão ocupadas demais correndo atrás de xerox, de professores para orientá-las, de atividades extracurriculares e de café para que eu possa ser notada. Fora da faculdade, entretanto, é difícil fugir de certas coisas. Mas até nisso eu estava conseguindo me superar.

Ontem mesmo, após o balé, Merida me convidou para ir à casa dela assistir filme. Como só estava com o colan, a meia calça, os shorts e chinelos nos pés, fui assim mesmo. Erik e Crystal já estavam lá, mas precisávamos comprar algumas coisas e fomos a um mercado que tem perto da casa dela. Na entrada um homem me secou com seus olhos e eu não pude fazer nada além de me encolher ao me sentir nua. Lá dentro, enquanto o pessoal escolhia o que comprar, tudo que eu pensava era nesse maldito homem que tinha me feito ficar nervosa com um olhar. Pensava em como agir numa situação daquelas, eu só queria não me sentir pequena, eu só queria me sentir capaz de revidar!

E para a minha própria surpresa, foi isso o que eu fiz na saída. Meio alheia aos meus amigos que passavam as coisas no caixa, minha mente ainda estava focada no homem lá da frente, apesar de meus olhos estarem presos no chão enquanto meu peito subia e descia. Ao sairmos de lá eu tentei ignorar o homem enquanto caminhava atrás de meus amigos, mas então eu ouvi aquela voz.

– Ô lá em casa, loirinha...

Um arrepio percorreu todo o meu corpo e eu estagnei no lugar.

Não, eu não vou deixar você fazer isso comigo...

Criei coragem e virei-me para ele olhando-o com firmeza.

– Na tua casa só se for pra te matar, seu velho nojento! – então tirei meu canivete da bolsa e comecei a andar até ele furtivamente, e pelos seus olhos esbugalhados e seus passos para trás, posso dizer que ele com certeza não esperava que eu fosse reagir. – Sabia que eu quebrei um vaso na cabeça do meu tio? Quer que eu faça pior com você?

– Calma, moça, eu só...

– CALMA O CARALHO! – gritei e me assustei comigo mesma. Parei no lugar e vi o homem virar a esquina com medo de mim. – VAI SE FODER! ISSO, CORRE MESMO, SEU... SEU FILHO DA PUTA!

Apertei o canivete em minha mão e senti meus amigos tocarem meus ombros, o que me fez tomar um susto.

– Florence?

Parecia que finalmente havia voltado ao meu estado normal. Tapei minha boca com a outra mão e mostrei com a outra o quanto eu tava tremendo. Céus, falar palavrão foi tão bom!!! Sinto que aquilo deu total credibilidade à minha fala.

Não, eu não sou uma moleca indefesa como você pensa, seu verme. Não mais!

Ainda nervosa, comecei a rir comigo mesma e logo meus amigos me acompanharam na risada. Eu estava tão feliz em ter sido corajosa o suficiente para fazer aquilo! Henry não ia acreditar, nem minha mãe. Meus amigos me guiaram pelos ombros de volta até a casa de Merida e eu não conseguia evitar o riso. Me sentia minha própria heroína.

Os lobos também amam || Henry CavillOnde histórias criam vida. Descubra agora