Os lobos também amam || Henry Cavill

Montanha-russa

POV HENRY

Deveria estar me sentido péssimo depois daquele beijo, mas a verdade era que eu não estava.

Confuso? Sim, e bota um "confere" bem grande nisso. Já tinha me decidido quanto a vê-la somente como amiga e a seguir com Cindy, mas aquela menina mais uma vez havia colocado um ponto de interrogação gigante na minha cabeça. Beijá-la parecia errado e ao mesmo tempo tão certo... Só queria fazer aquilo de novo, de novo e de novo.

A lembrança dela saindo do quarto igual um zumbi me fez dar um leve sorriso.

Eu estava na cozinha colocando as coisas na mesa quando ela apareceu com aquele rostinho inchado e os olhos só lápis de olho.

Era muito esquisito vê-la sabendo que na noite anterior tínhamos nos beijado. Eu ainda estava em fase de assimilação e ficava meio envergonhado perto dela, sem saber ao certo como reagir.

– Ahn... – ela choramingou colocando as duas mãos na cabeça. – Por que você não me disse que minha cabeça doeria tanto?

– Bom... – despejei uma quantidade de café em minha xícara. – Você não queria que eu agisse como um irmão mais velho. Beberia menos se eu tivesse te alertado?

Ela fez uma careta culpada e nós dois rimos.

– Senta aí.

Florence pegou um dos pães que eu havia esquentado e começou a comer. Diferente de mim, ela parecia super à vontade ali, como se eu nem fosse o cara de quem ela gostava. Como se na noite anterior ela não tivesse dito que estava apaixonada por mim.

– Se divertiu ontem à noite? – Ela perguntou.

Sorri para meu bow cheio de frutas e cereais, evitando contato visual.

Você nem imagina o quanto...

– Me diverti bastante.

Tinha certeza de que ela tinha estreitado os olhos de forma curiosa diante da minha afirmação, então finalmente cruzei o olhar com ela.

– Foi é?

Assenti.

– Não lembra de nada?

– Eu lembro de dançar muito e depois vir pra sua casa. Também lembro de estarmos comendo alguma coisa e de ter uma música lenta tocando...

Terminei de comer minhas frutas cortadas em cubos e depois a encarei.

– Sim, é isso aí.

– Hm... – murmurou e bebericou seu café com leite.

Não queria complicar ainda mais a situação dizendo a ela que nos beijamos. Talvez se soubesse iria querer fazer outra vez, e apesar de desejá-la, mais importante para mim no momento era colocar minha cabeça no lugar, já que Florence era expert em bagunçar tudo que eu construía aqui dentro.

Antes de ir embora com Julian, a menina se voltou a mim e me encarou com um sorrisinho nos lábios.

– Tem certeza de que está bem? – Já era a segunda vez que ela perguntava. Eu com certeza estava diferente depois daquele beijo.

– Tenho, Florence – sorri. – Só preciso de um tempo pra organizar algumas coisas na minha vida. Mas estou bem.

A loira assentiu e logo depois nos despedimos com um abraço bem forte.

E eu queria ter esquecido aquela noite. Queria ter esquecido sua dança sensual contra meu corpo, sua boca na minha e as palavras que tanto aqueceram meu coração antes de Florence cair no sono. Mas esquecer aquela noite seria a última coisa que aconteceria, pelo visto.