Capítulo 1 - Bem-vindos à Gallituba

86 7 0
                                    

A cidade de Gallituba já viveu dias mais pacíficos. Uma pequena cidade localizada na região sul do estado de São Paulo, que amanheceu em luto após a notícia da morte de uma jovem moradora do local, Elizabete Gomes, mais conhecida como a filha do prefeito.

Maicon acompanhava o noticiário local pela manhã, enquanto tomava seu café. Seus olhos estavam inchados, e sua cabeça latejava. Isso sem dúvida era resultado da noite em claro que o garoto havia passado.

O vapor quente do copo de café preto adentrava em suas narinas enquanto se concentrava para entender se aquela reportagem era real, ou apenas um sonho.

O corpo da jovem Elizabete Gomes foi encontrado na cachoeira das cortinas doce, boiando inerte por um dos moradores da região. Em entrevista para a repórter Magali no noticiário local, o morador que encontrou o corpo da garota, João Almeida, disse que seu cachorro havia desaparecido, e achou o mesmo latindo à beira das águas, bem próximo ao corpo dela.

- Meu Deus - disse Mari Helen. - Ela era uma menina tão boa!

Maicon deu um gole no café, como se não se importasse com a notícia.

- Não vai falar nada? - indagou sua mãe.

Certamente, Mari Helen se referia a momentos em que a jovem fazia caridade, principalmente em festas. Sempre com um sorriso no rosto, disposta a ajudar o próximo.

- Eu nem a conhecia. Uma garota rica foi encontrada morta, tá, e daí?

- Meu Deus Maicon, você não tem coração? - disse ela, espantada com o comportamento do filho.

O garoto se levantou, pegou sua mochila e saiu.

Na escola, era possível sentir a tristeza de muitos alunos ecoando pelas geladas paredes azuis do pátio. Os alunos estavam abalados com a morte de Elizabete, e muitos alunos sequer foram à aula naquele dia.

- E aí? - disse um garoto, ele era magro, branco e usava uma jaqueta de couro marrom por sobre a camisa da escola. Se sentou ao lado de Maicon no pátio, enquanto ambos esperavam o sinal bater para se dirigirem às salas de aula. - Ficou sabendo da filha do prefeito?

- E teria como não ficar sabendo? - rebateu Maicon.

- Cara, se anime, hoje é sexta-feira. Por que está tão pra baixo? - comentou Pedro a respeito de seu estado.

- Olha vocês aí. - Se aproximou uma garota de cabelos castanhos. - Achei que vocês não viriam.

A garota que usava calça jeans e uma camisa clara por cima do uniforme, comprimentou os amigos com um beijo no rosto de cada um. Em seguida, ficou em pé diante deles.

- Tá de boa - disse Maicon -, foi só a filha do prefeito que morreu, nada de mais.

- Eu soube que o colégio Antenorio ficou em luto, e os alunos não tiveram aula hoje - comentou a garota.

- E qual foi a causa da morte? - indagou Pedro.

- Ainda não se sabe se ela se afogou, ou foi assassinada. Mesmo assim, é perturbador. A filha do prefeito é encontrada morta na cachoeira das cortinas doce, três dias depois de ser comemorado o aniversário da cidade - disse Léia.

- Maicon, você tá legal? - tornou Pedro a perguntar. Enquanto olhava o amigo que continuava com seu olhar distante.

- Você pretende ir ao velório? - perguntou Léia.

- Fazer o que? - rebateu Pedro.

- Ela é a filha do prefeito. Eu soube que ela vai ser velada na casa dela, e amanhã de manhã será enterrada no Cemitério central.

GallitubaOnde histórias criam vida. Descubra agora