Leila
- Leila? Leila, fica calma, pense no bebê, pense no bebê! - Ouço a voz de Daniel, mas não consigo nem ao menos processar o que foi o sentido daquela frase.
- Eu sabia, eu sabia... - Repeti, so isso ouvia com clareza, só isso fazia sentido pra mim agora.
A forma que ela tava agindo, meu pai triste, minha mãe toda carinhosa, tudo fazia tanto sentido e ao mesmo tempo não, eles sabiam? Ninguém preve a própria morte, morte... Meu Deus, a morte é uma desgraça, algumas pessoas você chora muito, e outras você fica com sem rumo, que não consegue comandar o corpo para chorar, eu estava totalmente sem rumo agora.
- Filha, por favor, fale conosco - Olhei para meu pai, porque ele estava abatido mas não parecia surpreso? - Leila, meu amor, reaja pelo amor de Deus - Ele continua baixinho para não me assustar, mas não estava com este sentimento, era outro muito pior, culpa, culpa por não ter seguido ela depois que sumiu, porque não fiz isso?
- A ambulância perguntou se o senhor vai querer ir junto - Reconheci a voz de Daniel.
Agora eu já olhava pro chão, não queria olhar pra mais ninguem, parecia me fazer mais feliz do que algo a ver nos olhos dos meus amigos ou de Marcos, o olhar de pena, tristeza e curiosidade não iria me ajudar, sendo sincera comigo mesma, só minha mãe tinha o poder de me ajudar, simplismente não esta mais aqui.
- Leila, eu nunca fui muito próximo da minha mãe, então não sei como é perder uma, mas, só queria que soubesse, quando quiser conversar, eu vou estar aqui por você, eu te amo - Ele fala uma frase simples, mas tem tanto poder sobre mim, que meu coração aquece e olho para ele.
Seu olhar calmo e preocupado, me fez liberar um sentimento que estava preso desde 9 horas da manhã, tristeza! As lágrimas começaram a sair como uma ferida aberta, como se a faca que me apunhalou nas costas tivesse sido rapidamente retirada. Ele me abraçou e sussurrou palavras gentis, mas desconexas pra mim, não conseguia falar, processar ou pensar em nada que pudesse ser justificado agora, apenas chorava, olhei a ambulância ir e como uma hipnoze fiquei zonza e parei de processar por uns segundos, senti algo que não era só dor no coração, foi fisica também, apenas uma coisa me veio na cabeça, bebê.
- Daniel... - Sussurrei calmamente, mas por Deus, ele sentiu meu desespero.
Como um pesadelo que eu não conseguia acordar, vi o olhar de preocupação de Daniel, só estávamos nós dois ali, meu pai tinha ido com a ambulância, alguns enfermeiros ainda queriam que eu fosse junto ja que estava grávida, para me dar assistência caso precisasse; mas estava tão alheia a tudo que apenas neguei tudo.
- O bebê... - Sussurro sentindo a dor no corpo aumentar, coloco a mão no lugar que mais doia, na minha barriga, e senti algo molhado nas minhas partes íntimas, não!
Com um medo terrível levo meus olhos a minha mão, sangue, isso só podia ser o inferno, não posso perder meu bebê e minha mãe no mesmo dia, não posso!- Calma Leila, vamos te levar pra o hospital, vai ficar tudo bem com o bebê - Daniel fala calmo, mas seus olhos estavam assustados, preocupados e com medo do pior acontecer, assim como o meu, meu filho, meu filho!
- Meu filho Daniel, não posso perder meu filho, ele é a unica familia de sangue que tenho agora, por favor Daniel, me deixa morrer, mas salva o meu filho - Falo soluçando, vejo uma lágrima no olho dele, mas ele me abraça e me pega no colo enquanto tento lutar para salvar meu filho, mas com que forças?
- Calma meu amor, eu vou achar um carro, a gente vai perder nosso bebê - Tenta ser firme, não olho nos seus olhos, so para minha mãos, por favor Deus, não tire meu bebê de mim.
- Liga pra a Esther - Falo lembrando de uma das pessoas mais fortes que conheço.
Ele não fala nada, apenas pega o celular e liga, mas vai andando apressado, parecia que já estava adiantando o caminho caso ela não pudesse ajudar, mas eu sabia que ela ia ajudar, Esther poderia ser o que for, a gente passou por muitas coisas, mas até brigadas, a pessoa que me socorria era ela, ela e Jack claro, mas Jack ja viajou.
- Oi, Esther, a gente precisa de uma ajuda sua urgente... - Ele fica uns segundos em silêncio- é a Leila ela... - Ele para e parece escutar algo importante - a gente ta aqui na rua... Brandão, um pouco a frente da casa de Leila - Fala ao ver a placa da rua - Obrigado Esther - Encerra agoniado, sabiamos que o tempo estava passando.
Eu estava preocupada, mas já me sentia melhor em saber que Esther ia vir, ela me passava a confiança que faltava em mim, eu era toda imcompleta sem ela, mesmo depois de tudo, eu não era nada sem ela. Em tempo recorde ela chegou e parou na nossa frente, ela me olhou e ficou horrorizada, eu devia estar com um aspecto cansado e preocupado, e ainda tinha sangue no meu corpo. Ela não perguntou nada, apenas nós levou para o hospital; nem sabia que ela tinha carro, mas tinha certeza que ela dirigia, por muitas vezes sairmos escondidas em roles e quando ela roubava de um parente.
Depois de alguns minutos chegamos no hospital, no caminho Daniel estava preocupado, porque estava muito calma, sempre ficava assim do lado de Esther, sabia que ela faria o impossivel pra me salvar, e covardemente eu sempre contava com a força dela, a força e determinação que eu nunca tive.
- Eu vou chamar ajuda - Fala e corre em direção ao hospital, acho que não era o mesmo que minha mãe tava, mas estava tão preocupada com o bebê, que só queria ele bem, então permaneci calma, para ele não sair pelas minhas pernas no momento errado.
Daniel alizava meu cabelo, em momento nenhum ele me colocou no chão, provavelmente com medo de eu acabar caindo e sofrer aborto, mas rapidamente um enfermeiro chegou com uma cadeira de rodas e Daniel me colocou sentada, não sei o que aconteceu, mas tudo escureceu, enquanto eu olhava para o sangue no meu short.
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SECRET: Pregnant
Teen Fiction📖É necessário ler "Secret: Can I Trust You?"📣 Agora Leila tem uma nova situação para enfrentar, agora ela vai passar por um processo de aceitação do seu agora verdadeiro problema, será que agora estará preparada para ter um bebê? Como iram ace...