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Daniel

- Oi - Ouço uma voz masculina me chamar enquanto me sacudia, vejo com mais clareza o seu rosto depois de me despertar um pouco.

- Eu te conheço de algum lugar? - Pergunto para o garoto que me parecia familiar, o mesmo ri mostrando suas covinhas.

- Estou decepcionado por você não se lembrar da gente Daniel - Afirma com uma voz mais rouca e me assusto ao recordar.

       Eu fiquei com ele em uma balada, não muito depois de conhecer Leila, não mudara muito sua aparência, seu corte estava igual, até a mesma expressão de quando me conheceu esta igual, cheio de más intenções. Me senti automaticamente desconfortável, afinal, era até estranho me lembrar de momentso que ja tive com outras pessoas, sendo que agora amo uma garota, parecia até uma traição ter respondido ele.

- A oi, não lembro do seu nome, me desculpe - Sou sincero e prezo minha educação, ja pensando em um fora educado que podia dar.

- Rafael, você foi um dos primeiros garotos que eu fiquei, se considere especial - Ri descontraido e senta do meu lado, me afasto um pouco estranhando sua aproximidade, duvido que eu tenha sido o primeiro - calma gatinho, não mordo - Fala e respiro fundo me virando pra ele.

- Olha querido, sinto muito mas, já estou comprometido, e sou fiel a ela - Esclareço e ele me olha sério por alguns segundos, parecendo processar a informação, e logo começa a rir descontraido.

- Ela? Uma garota? - Não mede sua gargalhada ao terminar a frase e ja perco um pouco da paciência.

- Sim, uma garota, acontece com pessoas que se apaixonam sabia? - Falo um pouco mais ríspido e levanta as duas mãos em redenção.

- Calma, não precisa fingir que gosta dela e nem ficar bravo, ja conheço essa historia - Fala cruzando a perna e apoiando a bochecha na sua mão.

- Você não conhece nada cara, foi apenas um lance, não fica todo emocionado não, segue em frente - Afirmo me segurando para não socar sua cara.

- Eu já disse pra você ficar calmo, eu te entendo - Fala e cruzo os braços fazendo ele olhar meus músculos por alguns segundos e logo volta a olhar nos meus olhos -  namorar uma garota para ser aceito pela sociedade é claramente mais fácil do que assumir algo com um homem, mas você não pode ignorar sua verdadeira natureza - Afirma e sorrio desacreditado com tamanha militância sobre a minha vida.

- Você não sabe qual é a minha natureza, não me conhece - Afirmo e ele coloca a mão no meu ombro, mas logo tiro ela dali, fazendo ele rir com diversão.

- Você é bixa, que nem eu, aceite - Abre os dois braços como se estivesse me convidando a "aceitar" minha gayzisse.

- Tome vergonha nesta sua cara sua bixa desviolada! - Exclamo e ele parece se chatear com o tom que usei - não é toda pessoa que vive de farsas, se eu fosse gay não usaria uma garota de fachada - Logo depois de afirmar, lembro, sim, eu usaria.

      Logo minha determinação cai, sim, fui capaz de usar uma garota em um ato covarde de ser aceito, como pude fazer isso com ela? Não pensei em Leila quando propus isso, como se apenas eu tivesse sentimentos ou um coração quebrado, fui infantil e egoísta, por incrível que pareça só percebo isso agora, depois de já ter engravidado ela, sou um ser humano horrível.

- Baixou a guarda bonitão? - Pergunta cínico e ignoro, dar atenção a ele só me fez sentir-me um lixo - se você quiser sair um pouco da prisão da sociedade, sabe a balada que eu vou - Diz indo embora sem mais dizer nada, com um ar vitorioso de me deixar desconcertado.

- Porra Daniel, o que você ta fazendo? - Me pergunto suando frio.

      Será que eu merecia Leila? Depois de tudo que fiz? Era injusto, sinto como se tivesse me aproveitando dela, querendo ou não, quando comecei a namorar com ela me senti dentro dos padrões, depois de muito tempo sentindo vergonha de me abrir, era como se fosse a única coisa que realmente precisava, me sentir acolhido, e ela me deu isso. A culpa me consumiu, amava ela ou o que me proporcionava?

    Tudo estava confuso na minha cabeça, uma confusão que ja tive antes e me deixava agoniado, cheio de frustação, meu coração parecia bater a cada momento em camera lenta, como se fosse questão de segundos para parar e dar um fim a tudo isso; a cada dia, parecia que meu amor por ela crescia, parecia sempre claro que se tornou a única pra mim, um sentimento sem fim, que mesmo vulnerável, me sentia mais forte do que nunca com ela do meu lado.

- Daniel, Leila não sabe onde ta o Marcel, de novo - Juliana fala a ultima frase com tédio, não deixo de rir.

       Desde que Leila esta em observação, não posso ficar com ela o tempo todo, então trouxe o Marcel para fazer companhia, mas o pobre gato não tinha descanso e na primeira oportunidade saia correndo e se escondia, minha namorada era gentil e completamente de outro mundo, parecia viver uma fantasia quando estava sozinha.

- Eu vou lá - Falo e ela fecha a porta atrás dela, dizendo que ia no banheiro, ela ia fugir, isso sim.

       Chegando lá, vejo uma cena digna de um filme de comédia. Leila estava com os braços estendidos, na ponta do pé, enquanto chamava Marcel que estava determinado a continuar em cima de um dos armários mais altos do quarto.

- Psspsspsspss, vem cá gatinho lindo, Marcel, psspsspsspss, vem cá garoto, psspsspsspss - Marcel responde com um miado debochado e Leila coloca as duas mãos na cintura frustrada - desça agora Marcel, bora, aqui não é a casa da mãe Joana não! - Fala balançando a cabeça de um lado para o outro como uma egípcia e gargalho, chamando a atenção do gato e dela.

- Pare de rir Daniel, esse gato é muito teimoso, não me obedece de jeito nenhum - Minha morena bate o pé no chão como uma birrenta e sorrio, não, eu claramente amava muito ela.

- Tudo bem meu amor, eu pego ele, agora va deitar que precisa descansar - Afirmo depois de bater na sua bunda a fazendo rir e se sentar na cama.

- Eu to grávida e não doente - Afirma cruzando os braços e arqueando uma das sombrancelhas.

      Na primeira tentativa chamando Marcel ele veio, deixando Leila irritada, me chingando e acusando o pobre gato de não amar ela, só conseguia observar tudo isso achando graça de como Leila parecia uma criança irritada, enquanto o gato parecia super confortável aninhado nos meus braços.

- Ta vendo? Safado sem vergonha, eu sou sua dona, não o Daniel! - Exclama indignada e Marcel olha para ela fechando os olhos lentamente e miando logo depois, como se fizesse pouco caso - O! Olha só seu gatinho metido, não sou suas negas não para me olhar com tanto deboche, cê não sabe com quem está brincando - Reclama enquanto gesticula com uma das mãos enquanto a outro esta pousada na sua cintura.

     Não tiro os olhos dela por um só segundo, não queria perder nenhum momento de seu rosto levemente vermelho e o bico que fazia no final de cada frase, era tão lindo a forma que ela se incomodava com as pequenas coisas, como seus olhos ficavam mais escuros quando estava irritada ou a incapacidade de perceber que era uma péssima dona do pobre gato.

    Ta, talvez amasse mais ela que eu mesmo, isso as vezes assustava, mas estava claro, como nunca, e nosso bebê, vai ser prova da nossa união e amor.

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