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  Daniel

- Ela sofreu algum tipo de estresse? - Pergunta o médico e a cada minuto parecia uma tortura olhar Leila ligada aqueles aparelhos e não fazer nada.

- A mãe dela morreu hoje - Digo, sentindo que abrir minha boca era acertar meu próprio coração com uma facada, doia tanto.

- Ta grávida de quantos dias? - Pergunta e ve como estou cansado - desculpa, é preciso dessas informações, depois você pode descansar - Fala e me irrito.

- Eu não quero descansar! Quero minha Leila e meu filho bem! - Exclamo e o médico confirma com a cabeça.

- Seu filho está bem, Leila que precisa descansar - Afirma e sinto uma dor enorme ser liberada do meu peito, meu filho, ele esta bem!

      Sem pensar em mais nenhum problema, me senti o cara mais feliz do mundo, eu ainda tinha minha futura familia, isso enchia meu coração de um conforto que já tinha esquecido que era possível sentir. As lágrimas de felicidade saiam como uma cura, não me importava de chorar na frente do médico, porque estava extremamente feliz, e ele como um profissional, apenas ficou satisfeito por não ter dado noticias ruins.

- Agora, fique alerta, não deixe ela saber de coisas muito impactantes, foi um grande milagre ela não ter perdido, vocês devem ter um ótimo anjo da guarda - Diz dando umas batidinhas no meu ombro antes de sair da sala.

       Eu sabia quem era esse anjo da guarda, e ela foi uma ótima sogra aqui na terra.

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- Eu não acredito que Leila transou, uau - Fala Esther depois de eu contar o que tinha acontecido.

- É, mas ninguém pode saber, Leila que quer contar pra todo mundo - Eu falo e ela confirma.

- O pai dela sabia ne? - Pergunta meio nervosa e fico surpreso com a pergunta.

- Sim, porque? - Pergunto e vejo ela ficar mais aliviada.

- Entrei em desespero e liguei para o pai dela, tive que explicar o motivo dela ta aqui, na verdade, nem era pra ele que queria ligar, era pra mãe dela, mas só dava caixa postal - Fala inocente de tudo que estava acontecendo.

- O Esther, nem sei como te contar isso - Tentei falar, mas simplismente não saia.

- O que? - Voltou a expressão preocupada.

        Mas fomos interrompidos, graças a Deus, pelo pai de Leila, que parecia estar no seu pior dia, porque estava claro.

- Obrigado por me ligar Esther e obrigado por cuidar dela Daniel, eu dou seu soco depois - Diz me abraçando e beijando o rosto de Esther.

- Eu vou comer algo na lanchonete, aproveito e ligo pro Berto avisando que estou bem - Diz saindo e provavelmente esquecendo do papo que estavamos tendo.

      Marcos olha pelo vidro a sua filha deitada, não precisava chorar para me fazer perceber sua tristeza e preocupação, o dia foi péssimo para todos nós. Principalmente pra Leila.

- Eu preciso falar com você uma coisa, ja que provavelmente não vou poder falar pra Leila, já que quase perdeu o bebê - Fala olhando pra mim e afirmo meio curioso de como ele tinha o conhecimento que Leila estava bem.

- Okay... - Afirmo sentando do seu lado em um dos bancos que tinha lá.

- Bem, como você deve ter percebido ou ouvido, eu estava meio triste esses dias e pelo jeito Leila deve ter pensado que era sobre a gravidez claro - Fala e confirmo realmente tentando entender o que tava acontecendo - e eu também não fiquei surpreso quando Rosa morreu - Disse respirando fundo e arregalo os olhos.

- Não? - Pergunto surpreso.

- Não, porque sabia que ela ia morrer hoje - Afirma e agora tudo estava uma confusão na minha cabeça.

- Como assim? Como isso é possível? - Pergunto assustado.

- Bem, Rosa sobreviveu ao câncer, como todos acham - Ele fala e quase sinto minha cabeça explodir, acham? - porque dona Rosa era uma pessoa muito teimosa e odiava tomar remédio, então entre tomar remédio pelo resto da vida ela preferiu aproveitar seus 6 meses de vida, como uma pessoa saudável - Demorei para compreender, Dona Rosa não tinha superado o câncer?

    Ficamos um tempo em silêncio para processar suas palavras e ele continuou.

- Eu no inicio achei que ninguém ia acreditar, porque era impossível alguem se recuperar de um câncer assim do nada, principalmente em uma reta final, mas por incrivel que pareça, quando Leila acreditou por estar tão esperançosa que a mãe ia sobreviver, todo mundo realmente acreditou - Disse rindo da sua falecida Rosa e sua filha inocente - ela fez eu e o médico  prometer que ia manter esse segredo até sua morte, por isso ela ficou até feliz com a gravidez de Leila, ela teria uma nova familia, teria uma distração de sua morte, me fez prometer que não ia ser um rabugento com Leila, porque depois dela, eu era seu apoio em casa, e vou cumprir isso, enquanto eu viver - Ele termina enxugando algumas lágrimas de saudade, mas não de tristeza, por incrível que pareça.

- Leila amava muito a mãe dela - Afirmo o obviu e Marcos ri.

- Sim, eu também amava, mas amei Leila muito mais - Revela e fico surpreso, Leila ficaria tão feliz de ouvir isso.

- E porque nunca falou isso pra ela? - Pergunto e ele fica pensativo.

- Acho que sempre fui muito orgulhoso pra admitir, ou medo de perder ela também - Diz e fico curioso por sua história.

- Você já teve filhos,  tirando a de consideração? - Falo me referindo a Leila e Marcos ri de tristeza.

- Sim, ja tive uma familia, mas perdi todos eles, uma das minhas filhas sumiu e outra morreu junto com minha esposa em um acidente de carro, minha filha era modelo, e aprendi muita coisa com ela, ja que ninguém tinha paciência em ouvir ela falando e falando sobre a sua paixão com fotos, ela era tão bonita e tão doce, sinto falta deles todos os dias - Fala e eu sinto a dor nas suas palavras.

- Eu sinto.muito por tocar neste assunto - Digo arrependido.

- Tudo bem, um dia teria que falar sobre o assunto, nunca tive coragem de falar sobre minha fraqueza na frente de Leila, não queria que ela tivesse tanto medo do futuro - Diz e afirmo com a cabeça.

- Ela realmente sempre foi muito curiosa com sua história, mas a última vez que tentou descobrir... - Não completo.

- Sim, fui muito grosso com ela, mas também ela nunca mais entrou neste assunto - Fala sorrindo sem humor nenhum e ficamos em silêncio.

      Olhei para Marcos por uns segundos, ele estava tão cansado quanto eu, seus cabelos bagunçados, suas rugas mostrando a tristeza e profundidade do seu olhar, ele respirava fundo tentando liberar todo aquele estresse pelo ar. Esther logo volta e sorri para a gente, nunca vi esse lado dela, tem pessoas que mudam tanto quando realmente conhecemos elas, pra mim ela era apenas menina esnobe e violenta, mas meu Deus, nunca vi uma pessoa tão determinada em ajudar alguém em cima da hora, agora com toda certeza entendo o motivo de termos ligado pra ela.


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