Prólogo

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PRÓLOGO

Minha mente ainda está com dificuldade de processar o que exatamente aconteceu. Obvio que notei que tinha algo de errado, isso é claro desde o dia um, mas isso, chegar nessa proporção de ter que vê-la ainda suja de sangue, em uma cama de hospital, com tubos, apagada, parecendo morta? Nunca!

As palavras do médico começam a fazer um ligeiro sentido em minha cabeça. Costelas quebradas, pulmão colapsado, pulso quebrado, perfuração abdominal e incontáveis outros machucados superficiais pelo corpo.

Tive que deixar meu orgulho de lado e pedir ajuda, dele, porque sinceramente não sei o que fazer, a quem recorrer. Mas um lado meu gostou de vê-lo tão desconfortável quanto eu, ao ter que engolir o orgulho e rancor igual a mim, quando o moreno chega no quarto e vai direito para o corpo na cama. Os olhos do loiro ao meu lado nem ao menos disfarçam a raiva, mas ao encarar nossa amiga na cama, apenas respira fundo e me olha.

— O que o médico disse? – sua voz é uma mistura de raiva e preocupação.

Meu estômago revira, odeio esse nervosismo que sempre sinto perto dele.

— Que teve sorte! Por pouco uma das costelas não fura o pulmão e a faca apenas machucou levemente a lateral do estômago.

Pressiona o rosto com a mão soltando um suspiro longo, não sei se é de alivio ou raiva.

— A minha...

— Não! – interrompo sabendo exatamente sua pergunta — E não vai!

— Concordo, apenas pioraria as coisas.

Escoro na parede gelada fixando meus olhos no corpo pálido na cama.

— Temos que tirar ela daqui! – é para ser apenas um pensamento, mas quando os dois olham para mim, percebo que falo alto.

— Concordo, mas ela é teimosa, não vai querer voltar.

— Talvez ela aceite ir comigo – sem soltar sua mão ele olha para nós dois. — Ficar lá em casa por um tempo, ajude.

Uma risada irônica saí do homem ao meu lado.

— Desde quando ficar perto de você ajuda alguém? – fala rispidamente — Você só traz o caos e ruina aonde toca – cospe as palavras entre dentes.

Seguro seu braço e o faço me olhar.

— Aqui não é lugar para isso! – aperto com o máximo de força que consigo.

Ainda com raiva, ele apenas escora do meu lado, enquanto o outro volta a olhar para o corpo.

— Vou pegar quem fez isso, seja quem for! – sua voz é quase um murmuro.

— Esse não é o problema aqui. Sabe muito bem o que aconteceu. A questão toda é como ajudar, porque não faço a menor ideia do que fazer.

O nó na garganta que tanto seguro desde aquele maldito telefonema, se desfaz deixando as lágrimas caírem.

Suas mãos grandes envolvem meu corpo e me puxa. Seu cheiro não mudou, o calor que emana do seu corpo ainda consegue aquecer cada pedacinho meu, mesmo depois de tanto tempo, ainda consegue fazer meu peito palpitar mais rápido, com mais intensidade.

Meu lado racional está gritando para me afastar, que aquilo não é mais certo, mas mesmo assim me permito aquele momento de fraqueza e envolvo meus braços em seu corpo deixando ser sugada pelo sentimento nostálgico e pressiono meu rosto em seu dorso e ele me aperta mais, passando a mão levemente pelos meus cabelos.

— Vai ficar tudo bem! – sua voz grossa, baixa, perto do meu ouvido arrepia todo o meu corpo, como se tudo fosse como antes, como se o buraco no meu peito que tem seu nome cravado nunca estivesse ali.




Amores Em Seul - 러브 인 서울 [Livro III]Onde histórias criam vida. Descubra agora