Trinta e dois

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November 27th, 2019

Uma semana havia se passado desde que Chaeyoung voltou para a casa de seus pais. Junto do afastamento precoce, desprevenido e frio, veio a frieza que era um efeito colateral de se sentir um peso inferior a todo ser humano que existia na face da terra.

O dia frio parecia querer congelar até sua alma, o inferno que conhecia tinha formato de flocos de neve e enquanto caminhava pelas ruas quase desertas de Myeongdong, sentia seu rosto queimar, provavelmente ficaria com marcas mas não deu a mínima. Sua vida sem Mina parecia um quadro em branco.

A moldura era pobre de todo tipo de detalhe, as inspirações para escrever sumiram, a vontade de desenhar já não aparecia e por mais que tentasse não pensar nela, mais ainda pensava. Queria arrancar tudo que viveram de sua mente de seu corpo mas era impossível.

_Chaeyoung-ah, bom dia. -Uma fã a cumprimentou alegremente, Chaeyoung retribuiu e a viu sorrir animada, parecia ter ganho seu dia. Ao menos isso ainda podia fazer.

Na mansão, Jihyo fazia exercícios com a fisioterapeuta, Sana praticava na sala com Dahyun, Tzuyu e Jeongyeon que havia voltado da casa de seus pais. Mina permanecia na sala de leitura olhando através da janela para a estradinha que dava para o portão, orava internamente para que Chaeyoung voltasse e pudessem se entender, as lágrimas desciam sem querer, a blusa cacharrel a abraçava, não tinha um pingo de forças pra sequer ir atrás de Chaeyoung.

Não percebeu quando a porta se abriu e Dahyun entrou segurando uma tigela com vários rolinhos primavera, uma pequena garrafa com suco de morango e guardanapos. Silenciosamente, Dahyun puxou uma cadeira e só seu barulho fez Mina abrir os olhos, ela viu a mais nova sorrir ao parar a cadeira perto de sua poltrona e a estender o suco. Mina pegou no automático, Dahyun estava decidida a respeitar o silêncio dela e então pegou os hashis metálicos e pegou um dos rolinhos, Mina a observava. Ela aproximou da boca dela e a japonesa a olhou nos olhos e o comeu.

Mina sentiu-se um tanto envergonhada mas gostava do cuidado de Dahyun. Quando terminou, a viu se levantar e sair da sala, minutos depois ela voltou, entrou e fechou a porta, dessa vez não ajeitou a cadeira e sim, pediu gentilmente a Mina que se levantasse brevemente e se sentou, ficando com a japonesa em seu colo. A envolveu e ficaram ali, abraçadas.

Em silêncio, Dahyun a ouvia chorar baixinho, o perfume suave encheu sua respiração, cuidadosamente colou o rosto contra ela e a apertou um pouco mais. Mina podia jurar que há dias não se sentia tão segura como naquele momento.

_Respire fundo, procure relaxar os músculos dos ombros. -A fisioterapeuta disse a Jihyo antes de finalizar a sessão.

_Eu preciso te dizer algo. -Ela falou baixo. _Minhas pernas ficam pesadas demais, sinto que mal posso andar as vezes, principalmente a noite.

_Isso tende a ser comum nos primeiros meses, você recebeu alta depois de quase três semanas, eu fiquei sabendo que não repousa corretamente -A moça fez uma expressão de repreensão e Jihyo sorriu meio sem graça. _então eu suponho que a senhorita deve saber o porque de estar sentindo suas pernas dessa forma.

Jihyo balançou a cabeça afirmativamente e deixou que a moça organizasse os equipamentos enquanto esticava suas pernas.

_Oi? -Jeongyeon disse abrindo a porta, viu Mina dormindo nos braços de Dahyun que acariciava seu rosto e a olhava como se fosse a joia mais rara e cobiçada do universo. _Eu volto depois. -Sussurrou e viu Dahyun confirmar.

Enquanto observava bem a japonesa, Dahyun sentia que sim, era realmente como uma vez elas haviam conversado há muito tempo: eram almas gêmeas. As nove se completavam, sem uma, as outras caíam e sempre seria assim, de vida em vida, poderiam vir como irmãs, amigas parentes, não importava. Estariam sempre ligadas mesmo que houvesse a pior das brigas porque eram almas ligadas.

TWICE - Sahyo feat. (Kang Daniel) - Eu, você e ele (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora