Vazios e Ressentimentos

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Antônio - Bem... eu sei que você precisa de repouso e ainda está se recuperando,mas precisamos conversar e já não posso adiar mais.

Grazi - Tá tudo Bem?

Antônio - Eu esperava que você me dissesse se está.- ela me olha. - Bem... você me entregou esse documento do relatório da auditoria e mesmo não questionando naquele momento, notei um certo desconforto em você.- a sua fisionomia muda e ela parece triste.- Minha filha,eu só quero entender o que está acontecendo porque uns dois dias depois os auditores que trabalharam com você me entregaram um outro documento. E analisando os dois, percebi diferenças grandes de valores, datas entre outras coisas e gostaria de pelo menos entender.

Grazi - Pai...- respiro fundo e mesmo sendo difícil para mim começo a contar tudo para ele. Os meus olhos estão lotados de lágrimas,mas já não aguento mais guardar isso tudo dentro de mim e esconder do meu pai,ele não merece isso.- Eu jamais quis enganar você pai, mas eu não tive alternativa. Primeiro eu não acreditei que ele estivesse falando sério,mas quando ouvi a voz da Giovanna naquele telefone eu fiquei desesperada.- explico e percebo a tristeza no olhar dele.

Antônio - Eu acredito em cada palavra que você disse minha filha,só... nunca imaginei que o Alonso poderia chegar a esse extremo. Apesar de já ter as minhas suspeitas sobre ele,eu jamais imaginaria que ele seria capaz de uma coisa dessas. 

Grazi - Me perdoa pai!- peço.

Antônio - Não tenho que te perdoar meu bem,você não fez nada. Acho que quem te deve perdão sou eu,eu quis que você participasse dessa auditoria, porque no fundo eu sabia que havia algo errado.
Eu passei semanas estudando os documentos que você me entregou e que os auditores me entregaram, tomando decisões,conversando com a sua mãe e no fim tomamos uma decisão.

Grazi - Pai... eu ainda tenho medo que o Alonso faça alguma coisa,ele sabe como me atingir e já demostrou isso. Eu realmente não sei o que ele é capaz de fazer.- me preocupo.

Antônio - Não se preocupe,ele não vai fazer nada!- afirmo.- Vou afastá-lo de vocês,ele será dono da sede de Nova York que inclusive já entreguei os documento de posse para ele que ficou todo feliz. Bem... pelo menos ele não poderá roubar a si próprio,não é?

Grazi - Isso é injusto! Você trabalhou tanto pra chegar onde está e agora dá de bandeja pra alguém que estava te roubando...- tento entender.

Antônio - Você tem razão e pode me odiar por essa minha decisão,mas ele vai ficar por lá e terá que se virar para dar certo,pois se perder o que ele tem agora não terá mais nada. Eu vendi parte da construtora para os diretores que já trabalhavam comigo,sei que seguirão realizando um trabalho excelente. Eles darão um novo nome a construtora Kenzi,mas sei que ela continuará próspera.

Grazi - E por que o senhor fez isso? O que vai fazer agora? A construtora era sua vida...

Antônio - sorrio.- Minha filha,você está certa. Mas eu já estou velho!- rimos e ela nega com a cabeça.- Quero viajar um pouco e conhecer o mundo com a sua mãe,sem ser por viagens à trabalho. Também escolhemos morar em uma cidadezinha no interior que tem os ares da Itália,bem na verdade, eu queria voltar para a Itália,mas a sua mãe não quer ficar muito longe de vocês e dos netos,então,refizemos nossos planos!- ela ri. A venda de parte da construtora me renderá uma velhice excelente. E não pense que esquecemos de você e da sua irmã...

Grazi - Pai,eu estou bem e não preciso de nada não!

Antônio - Agora já é tarde!- entrego um documento para ela.- Você e a Lariza, cada uma tem 10% das ações da nova construtora e isso renderá a vocês uma boa quantia por mês. Não adianta dizer que não precisa,é um direito seu,você trabalhou muito pela construtora também. E se não quer aceitar por você,aceite pela minha neta. A imobiliária também ficará por sua conta,você sabe levar aquilo adiante como ninguém... aliás,tudo o que você se propõe a fazer faz muito bem!- ela fica toda emocionada e me abraça.- Talvez a Lariza queira trabalhar na imobiliária com você.

Grazi - Vou obrigá-la! - brinco ainda abraçada nele que ri.