Cap 12- Belos dias de Arco-Iris.

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~Yan.

   Estava quase anoitecendo, nós dois nos sentamos para descansar, foram horas correndo como duas crianças. Admito que foi um dos dias que eu menos fiquei com vontade de amarrar a Stella em uma pedra e jogar no lago. A unica coisa que eu concluí daquele dia foi que deu empate, ela não conseguiu me alcançar mas eu dei um desconto, já que ela me fez me divertir como a muito tempo eu não me divertia.
     Cansada ela foi tomar banho e eu fiquei sentado em beira ao lago pensando como ela conseguiu ficar diferente assim, de uma hora para a outra, antes eu chamaria de bipolaridade, mas acho que isso é uma característica só dela. Fiquei sorrindo feito bobo lembrando do som da risada dela, eu não estava percebendo mas, pouco a pouco, mesmo que quase me fazendo explodir, ela era uma das pessoas que mais me faz sorrir.
     Entretanto, eu tinha uma obrigação, e não era com ela que eu deveria me preocupar, eu tinha que estar tentando pegar o colar, mas eu estava regredindo muito. Eu deveria saber que isso aconteceria em certo momento. Foi naquele exato momento que Íris, aproximando-se lentamente, me fez ver sua expressão de raiva.

Íris: Eu não deveria estar aqui, mas alguns seres me disseram que a tal da Stella AINDA tem o colar.

Yan: Tenho como explicar.

Íris: Não meu amor, não se explique, pois de palavras já bastam os boatos que correm nessa floresta maldita. De você só quero ações.

Yan: O que esperava que eu fizesse Íris? Quer que eu tome o colar dela assim, sem mais nem menos?

Íris: É o minimo que pode fazer meu pequeno doce de coco. E você tem mais coisas a me dizer como... Deixa eu me lembrar.- Hesitou.- Você simplesmente ficou de brincadeirinha com ela durante toda essa tarde!- Gritou e eu me levantei.

Yan: Não fala nesse tom, ela pode ouvir.- Olhei para a porta apreensivo.

Íris: Eu não posso acreditar nisso Yan, tamanha traição, tamanho erro deve ser motivo de uma punição severa!

Yan: Íris, não acredite em tudo o que ouve, acha mesmo que eu ficaria de "brincadeira" com uma pirralha que eu nem ao menos conheço?

Íris: Ora meu amor, eu não escutei boatos que falavam disso. Eu estava aqui!

Yan: Não é possível...- Falei baixo.

Íris: Escute bem docinho,- Segurou meu rosto, se deixando próxima aos meus olhos.- continue com o seu objetivo mas se eu souber que você está sequer pensando em possibilidades de você amar essa garotinha mimada, eu arrancarei seus olhos, e depois de pegar o colar dela, vou decepa-lá com um machado. Fui clara?

Yan: Sim.- Falei com dificuldade pois ela apertou meu rosto mais forte ainda.

Íris: Fui clara?!

Yan: Sim, agora por favor me solta.- Soltou uma gargalhada.- Para com esse deboche Íris.

Íris: Você deveria entender que, sem mim, você não passa de um mero idiota. Que nasceu e cresceu num chiqueiro moral e é tão espurco quanto o meio onde vive.- Me soltou no chão.- Mas apesar de tudo, eu ainda amo você.

Yan: Chama isso de amor?- Me sentei no chão.

Íris: Ora meu querido, eu tenho meus modos de amar um ser bastardo como você, e eu lhe garanto minha criança, amar você é uma generosidade especificamente minha, ninguém amaria alguém como você e eu digo mais, meu anjo, só terá olhos para mim, a menos que queira eles dentro de potes de vidro.

Yan: As ameaças são em vão Íris, eu nunca vou amar você e nem a ninguém. O amor da minha vida infelizmente nunca mais estará comigo.

Íris: Então que fique claro meu querido.- Aproximou-se.- Se a mim nunca irá amar, então não amará mais ninguém.- Virou as costas mas antes que pudesse começar a andar me disse.- É melhor que esse colar venha até minhas mãos antes da próxima lua, ou eu irei fazer pior do que te prender nessa floresta. Boa noite meu amor.

      Enquanto Íris foi sumindo da minha vista, eu não sabia o que fazer, a pirralha e eu corríamos um grande perigo, eu preciso dizer isso a ela, mas a única coisa que ela sabe fazer é tagarelar, perguntar e resmungar... como eu farei isso? Não posso deixar nada de ruim acontecer com ela, eu não ficaria muito surpreso no fato da Íris tentar matar ela, mas se tem uma coisa que eu sei é que se a dona do colar de Safira morrer, a luz, a força e o poder dele todos morrem junto. Preciso pensar numa forma de pegar o colar mas talvez eu não queira que ela me odeie mais do que, no momento, já me odeia. Essa loucura não irá acabar enquanto eu não dar o colar para a Íris e sair dessa floresta de uma vez por todas. 
    Quando vi a pirralha saindo do banheiro e indo para a sala eu entrei em casa, mas para a minha surpresa, ela ainda não estava vestida, estava de toalha, e ficou vermelha como uma pimenta ao me ver. Não sei ao certo o motivo, mas eu comecei a rir e não consegui parar.

Yan: Você tá parecendo um tomate.- Continuei rindo.- Por que você ainda não se vestiu?

Stella: Minhas roupas estão muito sujas, eu não trouxe nada lá de casa... saí as pressas.- Notei o jeito que ela estava desconfortável e isso só me fez rir mais.- Dá para você parar com isso?

Yan: Tá eu vou tentar eu juro.- Respirei fundo.- Tem umas roupas minhas que eu uso pra dormir.- Segurei o braço dela e a levei até meu quarto.- Pode se trocar aqui.

Stella: Já pode sair.- Apontou a porta. Mas eu queria rir mais um pouco.

Yan: E por que eu faria isso? É meu quarto.

Stella: Você tá falando sério?- Me olhou ainda vermelha e sem que eu pudesse evitar eu sorri.

Yan: Eu estava brincando, como você pode ser tão ingenua?- Ri.- Você tem muito o que aprender sobre mim pirralha, e uma dessas coisas é que eu sou muito respeitoso com vocês mulheres.

Stella: Ótimo, eu adorei saber agora por favor, sai.- Falou me empurrando e eu escutei o barulho de algo caindo.- Sai daqui AGORA!

    Eu não me atrevi a olhar para trás e algo me diz que o que caiu foi a toalha... mas agora eu me pergunto: onde aquela pirralha achou minha toalha? Ou melhor, como se atreveu a usá-la? A verdade é que quando eu a vi saindo do quarto vestindo as minhas roupas eu até achei... não sei como explicar, a blusa que ela colocou era muito grande, chegava a parecer um vestido, ela colocou a calça dela, acho que é bem melhor do que colocar alguma minha. Mas por incrível que pareça ela aparentava ter gostado, e isso me agradou.

Stella: Olha caçador.- Quebrou o silêncio.- Eu queria agradecer pelo o dia, eu não me divirto assim tem uns nove anos.

Yan: Tá bom pirralha, não encare como uma brincadeira, encare como inicio do nosso acordo. Você é bem mais rápida do que eu pensei e isso já ajuda bastante no seu treinamento.

Stella: Ah... tudo bem.- Sorriu de canto.- Acho melhor eu ir dormir.

Yan: Eu ia dizer isso, é melhor que descanse, vou te levar em um lugar amanhã.

Stella: Vem Negreira.

    As duas se deitaram no meio da sala de estar, mas eu não queria deixa-la dormir no chão. Porém, quando vi que Negreira se enrolou nela, notei que estavam confortáveis e achei melhor não incomodar.
    Eu nunca pensei que diria isso, mas estou apreensivo quanto ao que Íris me disse, e se ela tentar algo? Nunca a vi com tanto ódio, eu diria que é ciúme, mas, na verdade eu acho que está mais para obsessão. E nesse momento, eu estou me vendo quase que sem saída.

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