Cap 18- Arco-íris preto e branco.

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Passado é como as águas de um rio negro. Pode parecer raso mas é preciso ir mais fundo.

•Stella.

    Eu ainda estava no banheiro. Tentei me recompor, respirei fundo e me sentei no chão atrás da porta de madeira que fechava o banheiro. Encostei minha cabeça na porta ao suspirar e olhei para o teto catedral também de madeira. O que iluminava o banheiro era um pouco de luz que entrava entre as rachaduras do teto.
     Pude ouvir seus passos e suas palavras. Mas sei que não estava falando comigo, ele murmurava algo do lado de fora da casa. Como seria possível que eu estivesse escutando?
      Apoiei o ouvido na porta, mesmo que não fosse necessário para ouvir. Ele parecia estar falando com alguém mas eu não sabia quem. Ou melhor... talvez essa pessoa não exista mais.

Yan: Preciso que me perdoe, por favor Ellie. Eu não quero te deixar... eu não quero mesmo. Mas sinto que há cada momento que passa, estou mais distante de você. Me desculpe Ellie.

      Sua voz era trêmula, mas eu sentia que não estava chorando, em sim estava segurando, ele tem uma masculinidade frágil. Isso se torna até chato às vezes.
       Revirei os olhos e tirei o ouvido da porta, já que ele havia parado de falar. Não demorou muito para eu ouvir os seus passos vindo em direção á porta, seguido de um suspiro, Yan bateu. Três batidas, talvez ele tenha hesitado antes de bater na porta, afinal. Sugou o ar para falar e depois hesitou novamente.

Yan: Stella...- Bateu novamente.- a gente pode conversar?

      Eu não respondi nada, tive medo de dizer qualquer coisa. Pois minha cabeça estava solta do pescoço e eu não sabia o que falar, medo de gaguejar ou de dizer algo de errado. O que ele iria pensar de mim?

Yan: Ok.. não precisa falar nada só me escuta.- Suspirou.- Pirralha desde o dia que eu te conheci estou sentindo coisas que eu não sinto tem duzentos anos. Você me fez rir, me fez me sentir vivo de novo e eu acho que... que...- Hesitou.- você é a melhor pessoa que eu já conheci.

Stella: Yan...- Abri a porta e ele tirou a mão que estava encostada nela.- isso não tá certo.

Yan: E por que não?

Stella: A gente não se conhece Yan, nós não temos nada haver... nada em comum.

Yan: Sei que nós não temos nada haver um com o outro, mas essa história de que não nos conhecemos é mentira.

Stella: É mentira?- Ri ironicamente.- Então me diz Yan, quais as minhas razões para ter saído de casa?

Yan: Eu não sei mas...

Stella: Quem é a "mulher magnífica" da foto?- Fiz aspas com os dedos.

Yan: Pirralha...- Suspirou.- Vem comigo.

        Ele segurou meu braço, daquele mesmo jeito arrogante dele. Me puxando e andando rápido, parecia meio ansioso ou irritado. Mas eu não sabia o que dizer. Eu só queria poder entender a razão de tanta pressa e esse olhar irritadiço dele.
       Em meio a floresta, ele nem se preocupou em trazer o arco ou sua espada. Admito que também não peguei a Imperatriz por falta de oportunidade e talvez porque eu tenha esquecido. Mas o jeito de Yan estava realmente me deixando confusa, eu não sei decifrar quando a raiva dele é de mim ou dele mesmo.
        A caverna. Um lugar escuro, com apenas uma brecha na parte de cima, que iluminava uma espécie de caminho. As paredes eram tomadas por pinturas rupestres e por musgos. Impressionante como parte da floresta invadia a caverna. Pude ver também algumas teias de aranha e ouvi o eco de nossos passos.
         Foi naquele mesmo momento, andando que chegamos em uma parte em que o Sol adentrava, deixando um ar de que era importante. Eu vi pedaços grandes de pedra, todos jogados no chão. Lentamente, então, Yan se aproximou daqueles destroços e se ajoelhou, dando a mão para mim, para que eu me sentasse ao seu lado. Assim fiz e ele pegou um dos pedaços que estava jogado no chão e deu uma risada baixa, meio que tentando não chorar, como diz aquela frase: "Estou rindo para não chorar."

StellaOnde histórias criam vida. Descubra agora