Cap 17- eStella.

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Descobrindo toda verdade... ou pelo menos, parte dela.

•Stella

    Ainda sentadas na frente da lareira, Fire e eu estávamos em silêncio, mas mesmo assim, ela fez algo que me surpreendeu. Sendo tomada pelas chamas, ela mostrou, naquela lareira, imagens se formaram, como se uma mulher dançasse com um homem. As chamas dançavam até que se transformaram em uma nítida imagem de minha mãe dançando com um homem, vestido com uma roupa camponesa, sorrindo feito bobo, com um cabelo desgrenhado e botas desbotadas. Já minha mãe, vestia um vestido que parecia algodão á julgar pelo o que eu estava vendo. Seus cabelos dançavam com ela, antes o que era um coque no alto de sua cabeça, se tornou longos cabelos soltos. Toda vez que ela girava e depois voltava aos seus braços, mamãe o olhava como quem diz: "Eu te amo". Depois do olhar, um sorriso seguido por um longo abraço, os dois se deitavam no chão. Conversando sobre algo que eu não poderia ouvir.
     O olhava como se não houvesse amanhã e ele apontava para o céu. Minha mãe com os pés descalços e sujos de terra.
     O homem então pôs a mão em sua barriga sorrindo e eu realmente queria entender o que diziam.

Fire: Reconhece esse quem sorri ao lado do ser que cuidou de você desde que respira e age como um ser vivo e racional?

Stella: Não...

     A conversa que antes eu não poderia ouvir, era totalmente audível. Meu corpo se arrepiou, fazem tantos anos que não ouvia sua voz, que eu não via seu sorriso... queria tanto falar com ela, minha vontade de abraça-la, de beijá-la e de dizer: "Volta pra casa mamãe..." Era tão grande, meu peito ardia como se eu estivesse sendo tomada novamente pela angústia e a alma rancorosa por sua falta. E ela disse então para ele que o amava, sua voz dizendo: "Eu te amo..." Era tão doce que me fazia lembrar das noites em que me colocava para dormir.
       Minha mãe, mesmo que não estivesse realmente ali... toda vez que dizia o quanto o amava, eu fingia que era para mim. E por mais que seja uma lembrança falsa, aquele momento será o melhor da minha vida para sempre. Porque eu queria que ela me visse, que visse o quanto eu cresci e evolui... o quando aprendi, e principalmente, gostaria que ela conhecesse os meus amigos novos. Queria que ela dissesse para as minhas irmãs o quão maravilhosas elas são, queria que ela me olhasse e dissesse que me ama, pelo menos um beijo na testa como quem ama faz.
      Foi aí que eu prestei atenção na conversa dela com o homem.

"-Me diga querida...- Disse ele ainda com a mão em sua barriga.- qual seria o nome da nossa pequenina?

-E se for pequenino?- Brincou ela com seu sorriso doce e mexendo em seus cabelos.

-Essa a sua maior vontade não é minha linda?

-Sabe...- Sorriu.- seria tão bom poder ver os olhinhos dele.

-Ou dela.

-Está ouvindo isso bebê?- Sentou-se olhando para sua barriga.- Papai é um bobinho não é?

-Você não tem jeito mesmo não é Leonor? Só quero que seja menina.- Deu ombros.

-Outra?!

-Só temos três amor!- Riram.- Quer um chá?- Disse o homem levantando-se.

-De ervas por favor."

     Fire me fitou, seus olhos estavam tomados pela cor vermelha e seus braços estavam cobertos pelas chamas como se fosse uma blusa de frio.
      Não pude mais ouvir, e em poucos instantes a imagem se desfez e Fire continuou me olhando.

Fire: Satisfeita?

Stella: Como assim?

Fire: Já está chorando como um bebê, docinho.- Sorriu.- Acho melhor o resto ser segredo.

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