Stella

Cap 36- Íris Lineal

      A pequena e fofa princesa, um fruto do amor, da fidelidade, da lealdade é a nova mente do Quinto Mundo. Uma linda menina de cabelos tão escuros e olhos de mesma cor, uma pele tão branca como algodão e uma risada contagiante.
    Orthos e sua esposa Zyra, eram felizes e amavam ver as estrelas cadentes enquanto Zyra amamentava a sua pequena filha.
    Mesmo com todos os preparos para a criança ser a próxima rainha do Quinto Mundo, Safira tentava justificar a falta de capacidade da menina, já com seus oito anos de idade, a qual era forçada a passar por diversos experimentos. Algumas vezes, trancada em um calabouço, sem comida e sem água, afim de testar sua resistência. Uma pequena princesa de apenas oito anos, precisava de bonecas de pano e lindos vestidos, não de uma tia fixada por poder e um pai que nem ao menos lhe olhava ao chegar em casa.
     Enquanto a garotinha definhava dentro de um calabouço escuro, Safira usava seus seres para procurar diversos seres mais poderosos do que sua sobrinha. Logan, o bárbaro das sombras havia perdido a esperança da sanidade de sua irmã, pois era perda de tempo. Verdade seja dita, a garotinha era apenas uma bonequinha de voodoo da sua própria tia, que afirmava ser a única esperança de seu império. Suas loucuras, fizeram Safira obrigar o próprio irmão a se deitar com uma mulher, apenas para gerar um ser poderoso, metade Bárbaro, metade Estelar. Zyra, descobrindo a traição de seu marido, jogou-se de um penhasco, tudo por seus votos de casamento, a única coisa que poderia lhes separar era a morte.
   Quando aos seus dezesseis anos, Íris, a princesa do Quinto Mundo, havia sido descartada como herdeira de seu trono. Nessa época, a princesa já sabia onde era seu lugar, numa torre do palácio, em um quarto do tamanho de uma casa, sem nem ao menos ver a luz do sol, pois não haviam janelas. Foi nessa época, que Safira criou a coberta de vinhedo, um feitiço usado para deixar seus prisioneiros sem nem ao menos um tipo de poder.
    Íris foi colocada em uma torre onde não tinha contato amoroso, seu pai nunca lhe procurou para saber se estava bem, muito pelo contrário, evitava qualquer olhar com sua filha, pela falta de sua esposa. Além disso, tentava de tudo para ser olhada como uma mulher forte, como sua tia e todas as rainhas mais poderosas dos Cinco Mundos. Mas isso, era quase impossível, afinal, nenhum ser sobrenatural, pode usar seus poderes sob a coberta de vinhedo. Entretanto, Íris, se esforçando, e quase morrendo, criou uma coroa feita de espinhos tirados da própria torre, dizendo, que uma rainha devia usar a coroa que fizesse seus súditos se curvarem perante a si. Safira se indignou, e lhe perguntou como ousava ser tão insolente, e tão mal educada, isso, aos olhos de Íris, era mais um dos testes malucos de sua tia.
     No dia em que foi solta daquela torre, as árvores do reino estavam tão grande que nem reconhecia seu próprio lar. E antes, a menina doce que era a princesa desse mundo de bárbaros, acabou se tornando uma psicótica com prazer pela dor alheia, pois sofrer sozinha era algo que ela não queria, então, com a desculpa de que estava fazendo isso para que sentissem o que ela sentiu, Íris torturava famílias de seu próprio reino, e os gritos eram escutados em vilas vizinhas, em lugares onde as pessoas temiam o lugar, nunca indo até lá. Pois as lendas eram contadas, falando do Mundo Do Desespero, lugar onde todos viviam sofrendo, e que as sombras se alimentavam do medo e a tristeza da dor mais profunda de todos. Safira, Orthos e Logan estavam sendo chamados de assassinos, e claramente isso chegaria nos ouvidos da Rainha-Mãe, Clarice, a deusa da Lua cheia e crescente.
    Sua carruagem voadora chegou no Quinto Mundo, mostrando sua riqueza, e sua classe. Clarice, com seu vestido vermelho, seguindo a moda que hoje é chamada de "A moda vitoriana", usando uma luva de mesma cor na sua mão direita, a mesma ia da ponta dos dedos até seu cotovelo. A Rainha-Mãe, filha do criador de todos os mundos, e atual Rainha do Terceiro Mundo, ou como chamam, o Mundo Celeste.
     Para mostrarem sua hospitalidade, os três bárbaros fizeram um grande baile no palácio, onde reuniram todos de seu reino e os receberam com danças e um banquete. Clarice, no entanto, sorriu com muito desprezo pelo jovem Reino dos bárbaros, fazendo com que, os bárbaros da luz e da sombra não se importassem, ao contrário de Safira, que o tempo todo enfatizava a falta de consideração dos deuses para com o reino. 
     Enquanto o baile acontecia, Íris admirava, um lindo rapaz, cujo seu nome não sabia, mas desejava dar seus votos de casamento antes mesmo de se conhecerem de fato. Violino ecoava por todo salão, enquanto Íris observava aquela criatura adorável, vestido com roupas de couro e com os cabelos bagunçados. Ela sabia que ele não era de nenhuma família real, mas era realmente o seu príncipe encantado. Foi quando ela se aproximou, com seus cabelos trançados e vestida com um longo vestido de cetim verde-escuro, o rapaz, lhe parecia familiar, pois o já teria visto algumas vezes caminhando pelo reino.
     A próxima dança seria sua, ele lhe prometeu. E por um só momento, Íris foi capaz de sentir afeto por alguém que nem ao menos conhecia, e que não a tratou como um objeto e nem como uma assassina, lhe tratou como uma jovem princesa, disposta a lhe dar o coração mesmo que isso lhe custasse a própria vida. O nome desse sentimento, Íris ainda não sabia, mas esperava que ele fosse eterno. Mas o outro lado da história nem sempre se conhece, pois, em momento algum, o rapaz olhou nos olhos da princesa, talvez porquê fossem assustadores, ou escuros de mais.
      Havia chegado a hora de finalmente Clarice lhes dizer o que havia ouvido sobre esse reino. Então retirou sua luva, e com a mão livre passou o cabelo atrás da orelha, deixando a mostra seus brincos de rubi.